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Maquinas 50

Jul 24, 2016

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Grupo Cultivar

Março 2006
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Rodando por aí

Show Rural da Coopavel 2006

Benefícios da condutividade elétrica

Engenharia virtual

O futuro dos biocombustíveis

Regulagem passo-a-passo: colhedoras

Uso dos mapas de produtividade

Colheita instrumentada eficiente

Pulverização aérea

Integração lavoura pecuária

Arrefecimento de motores

Esporte Trator

Índice Nossa Capa

Caterpillar

Destaques

Colheita de sucessoSaiba como regular corretamentecada parte da colhedora, garantindoo máximo de rendimento sem perdas

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadaspelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessadospodem solicitá-las à redação pelo e-mail: [email protected]

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos quetodos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitosirão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foramselecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemosfazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões,para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidosnos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a opor-tunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

NOSSOS TELEFONES: (53)

• GERAL3028.2000• ASSINATURAS3028.2070• REDAÇÃO3028.2060• MARKETING3028.2065

• EditorCharles Ricardo Echer

• RedaçãoVilso Júnior Santi

• RevisãoSilvia Maria Pinto

• Design Gráfico e DiagramaçãoCristiano Ceia

• MarketingPedro Batistin

Otávio Pereira• Gerente de Circulação

Cibele Costa• Assinaturas

Simone Lopes• Gerente de Assinaturas Externa

Raquel Marcos• Expedição

Edson KrauseDianferson Alves

• Impressão:Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.

www.cultivar.inf.brwww.grupocultivar.com

Cultivar MáquinasEdição Nº 50

Ano IV - Março 06ISSN - 1676-0158

[email protected]

Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 15,00

Assinatura Internacional:US$ 80,00• 70,00

Gotas no tamanho certoCalcular e regular corretamente o tamanhodas gotas em aplicações aéreas garantemenor poluição e maior eficiência

Arrefecimento de motoresSaiba porque o sistema de arrefecimentode motores deve estar sempre traba-lhando em perfeitas condições

Matéria de capa

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BaldanA tradicional fabricante deimplementos agrícolasAgri-Tillage do Brasil(Baldan) passa por ummomento de readequaçãoda empresa, para fazerfrente à nova realidade domercado. Segundo seusuperintendente executi-vo, Marco AntônioRamos, “O pior já passou.Agora a empresa está aptae com maior agilidadepara atender melhor àsnecessidades do mercado”.

John DeereO produtor Erasmo Airton Anesi recebeu no estande da John Deere, durante o Show Rural daCoopavel, um trator modelo 5403. Ele foi premiadopela participação no Programa Satisfação do Clienteda empresa. Cerca de quatro mil clientes, comprado-res de equipamentos John Deere, responderam à pes-quisa e participaram do sorteio. O diretor de marke-ting para a América do Sul da John Deere, PauloHerrmann, entregou um troféu ao produtor, e o ge-rente nacional de vendas, Rasso Von Reininghaus,fez a entrega das chaves do trator.

SemeatoConsiderando osnúmeros de 2005, aSemeato resolveuinvestir no desenvolvi-mento de produtosespecíficos parapequenas e médiaspropriedades. SegundoCarlos Dolci, gerente devendas da empresa, 45%dos negócios do anoanterior envolveramplantadoras com menosde sete linhas de soja.“Estamos providencian-do a transferência deboa parte da tecnologiaque usamos emmáquinas grandes paramáquinas menores,mais baratas, porém deigual eficiência. Umexemplo disso é o nossolançamento, a PH3,”comenta Dolci.

VipalA Borrachas Vipal desenvolveu um plano específico paraatuação no mercado agrícola de reforma de pneus. Batiza-do de Projeto Agrobusiness, o plano tem como objetivouma maior aproximação com o agricultor, através do refor-mador, proporcionando serviços técnicos com maior efici-ência, e também a divulgação tanto dos benefícios da refor-ma de pneus como dos produtos Vipal, de acordo com Gui-lherme Rizzotto, gerente nacional de vendas da empresa.

Marco Antônio Ramos

Metal BuschA Metal Busch,

primeira empresagaúcha a produzir

pulverizador automo-triz, lançado na

Expodireto de 2004,está preparando mais

uma grande novidade.Na mesma Expodireto,

fará em 2006 olançamento do Power

Jet Automotriz naversão 4x4 (mecânico),com as rodas traseirasdirecionais. Mais umaopção de pulverização

aos agricultores queprocuram simplicida-

de, eficiência eeconomia.

Massey FergusonA Massey Ferguson, através da assinatura de convênio para construção de um Centro de Treina-mento no campus da Faculdade Assis Gur-gacz (FAG), deixa claro que sua preocupaçãonão é só produzir tratores e colhedoras. Con-forme Eduardo Sousa Guimarães, do marke-ting da empresa, dar condições, na forma deparceria, para que o agricultor esteja constan-temente se atualizando é fundamental. “Já te-mos convênios nesses moldes com centros dereferência como a Esalq/USP, a UFSM, a UEM,e agora com a FAG,” esclarece.

ImasaCiente da situação atualdo agronegócio, a Imasacontinua investindo na

divulgação de sua linha deprodutos. No Show Rural

2006 foram 12 produtosapresentados. “Nossa

ênfase aqui está nasemeadora múltipla de

precisão Plantec e tambémem nossos modelos

pantográficos - os demelhor articulação e

resistência do mercado,além da plataforma de

transporte Pratice 8000”,afirma Breno Eduardo

Stelzer, diretor comercialda empresa.

Bridgestone FirestoneOito anos de garantia nos produtos da linha agrícola.No mercado de pneus, a Bridgestone Firestone é a úni-ca empresa que oferece tamanha segurança a seus cli-entes. Segundo o supervisor de vendas e serviços agrí-colas, Cláudio de Souza Morais, a empresa constante-mente investe em pesquisas: prova disso, a pista de tes-tes exclusiva para o desenvolvimento de pneus agríco-las. Essa visão também é compartilhada pelo gerente devendas para Mercosul da empresa, Ricardo Anadón.

AGRA AGR parece viver de desafios. Após ter sido uma das empresas pioneiras na comerci-alização de equipamentos para agricultura de precisão (AP) em grãos, a organização

agora pretende difundir a viabilidade da AP em ou-tros cultivos como citros, café, cana-de-açúcar e flo-restas. Para isso, está trabalhando na montagem deum circuito de testes e experimentos, em parceria comoutras empresas, instituições de pesquisa e agriculto-res. Os resultados, obtidos em rede, servirão para em-basar as ações futuras da empresa.

Carlos Dolci

Guilherme Rizzotto

Cláudio Morais e Ricardo Anadón

Paulo Roberto Busch

Breno Eduardo Stelzer

MontanaA Montana Indústria de Máquinas inaugurou sua primeirafilial fabril, uma nova fábrica de pulverizadores, na cidadede Fraiburgo (SC). Com essa operação, a empresa pretendedobrar sua participação no mercado de turbinas em três anos.Segundo Gilberto Zancopé, presidente da Montana, “a par-ceria com a prefeitura municipal de Fraiburgo permitiu estepasso, ousado, porém altamente racional, pois exigiu muitomais criatividade no aproveitamento dos recursos que a em-presa já dispunha do que grandes investimentos financei-ros, impensáveis na atual conjuntura do país.” Gilberto Zancopé

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Show Rural 2006

Omelhor das tecnologias desen-volvidas para tornar o agrone-gócio ainda mais eficiente e rentá-

vel pode ser visto nos 297 estandes da ediçãodeste ano do Show Rural. Segundo o presiden-te da Coopavel, Dilvo Grolli, o foco central con-tinua sendo aproximar o agricultor das novastecnologias e descobertas da ciência capazes depotencializar os resultados da agricultura.

As dinâmicas de máquinas continuam en-tre as atividades mais aguardadas pelos produ-tores rurais visitantes do Show Rural Coopa-vel. O espaço funciona como uma vitrine paraapresentação e teste de lançamentos em trato-res, colhedoras, pulverizadores, plantadoras,distribuidores etc. Diariamente, pela manhã etarde, os agricultores tiveram a oportunidadede acompanhar a performance das máquinas eimplementos mais sofisticados do mercado.

No Show Rural de 2006, os produtorespuderam conhecer, além de novas cultivares dediversas culturas, inúmeros lançamentos demáquinas e implementos agrícolas. As princi-pais novidades da feira apresentamos para vocêa seguir.

TEEJETA MID-TECH acaba de apresentar o Cen-

terLine 220, um sistema de guia GPS versátil esimples para todo tipo de operação de campo.

O equipamento é uma solução compacta e eco-nômica para os agricultores interessados no guiade luzes. Uma ampla tela gráfica do equipa-mento mostra claramente a direção e a distân-cia de desvio, assim como o número da faixa, avelocidade, o modo de guia selecionado e se umponto de retorno foi armazenado. Além disso,o Centerline 220 é compacto e foi desenhadopara ser transportado facilmente de um veícu-lo a outro. É fácil de usar e está pronto para seroperado desde o momento em que se conecta àuma fonte de energia. Sua instalação é feita empoucos segundos.

SERVSPRAYBuscando otimizar o uso dos pulverizado-

res autopropelidos na propriedade é que a Ser-

vspray desenvolveu e apresentou o inovador sis-tema de acoplamento de distribuidores de se-mente e adubo. O novo conjunto, opcionalmen-te, pode equipar a linha Gafanhoto. Além deevitar que a máquina fique parada por longosperíodos fora da época de aplicação de defensi-vos, o sistema permite o aproveitamento dosrastros, diminuindo o amassamento da cultu-ra e a conseqüente compactação do solo pelotrânsito de implementos. O engate, adaptado apartir do terceiro ponto dos tratores, é univer-sal, o que permite a utilização de espalhadoresde qualquer marca e modelo.

BRIDGESTONE/FIRESTONEO destaque da Firestone fica por conta do

recém lançado Firestone Destination, desen-volvido especialmente para o competitivo mer-cado de camionetes. Ele apresenta ótimo de-sempenho e é uma opção para o agricultor queprecisa de um veículo ágil na cidade, sem perdade desempenho na propriedade rural. Pneuspara carros de passeio, para transporte de cargae para tratores também puderam ser conferi-dos. A Firestone, que investe constantementeem pesquisas na busca de inovações, dispõe deuma pista de testes exclusiva para o desenvol-vimento de pneus agrícolas. Ela também é aúnica empresa que oferece oito anos de garan-tia em seus produtos para o meio rural.

O Gafanhoto pode contar com sistema deacoplamento de distribuidor de semente e adubo

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Encontro degigantesEncontro degigantes

Os 120 produtores rurais que participaram da primeira edição do Show RuralCoopavel não poderiam imaginar que o evento, nascido de um dia de campo,pudesse se transformar em um dos maiores encontros do agronegócio mundial.Na edição de 2006 a feira recebeu a visita de aproximadamente 140 mil pessoasem seus cinco dias de atividades

Os 120 produtores rurais que participaram da primeira edição do Show RuralCoopavel não poderiam imaginar que o evento, nascido de um dia de campo,pudesse se transformar em um dos maiores encontros do agronegócio mundial.Na edição de 2006 a feira recebeu a visita de aproximadamente 140 mil pessoasem seus cinco dias de atividades

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SEMEATOMáquinas de pequeno porte para agricul-

tura familiar têm merecido atenção especial daSemeato. A empresa acaba de lançar a semea-dora de grãos graúdos PH3. O implemento écapaz de realizar, com precisão, a semeadura degrãos em até três linhas de plantio com espaça-mento de 45 cm. A PH3 apresenta inúmeraspossibilidades de montagem dos sulcadores dalinha de adubo. Na máquina, o rodado é arti-culado e independente, de atuação instantâ-nea, composto por um braço unilateral quepossibilita uma transmissão contínua de movi-mento para os sistemas de distribuição de se-mente e adubo, resultando em melhor plantioe maior proteção para as correntes.

CASE IHA Case IH, fabricante de máquinas agríco-

las de alta performance, trouxe algumas dasmais avançadas colhedoras de grãos, plantadei-ras e tratores de alta potência. As máquinas sãoconhecidas pela eficiência e produtividade, prin-cipalmente em grãos – feijão - e cana-de-açú-car, as apostas da empresa. Os tratores da linhaMXM Maxxum, os MX Magnum, as planta-deiras da séria ASM1200 e a colhedora de grãosAxial-Flow Extreme se destacaram pela impo-nência e pelo nível tecnológico.

MONTANA/LANDINI/WAPOusar, esse parece ser o lema da Montana.

A tradicional fabricante de pulverizadores au-topropelidos neste ano surpreendeu novamen-te. Anunciou a aquisição dos direitos de pro-dução e comercialização dos produtos da ale-mã Wap no país. A Wap é especializada na fa-bricação de lavadores industriais de alta pres-são e de aspiradores para sólidos e líquidos. Anova linha de produção foi instalada junto à

planta industrial da Montana em São José dosPinhais (PR).

JUMILAcoplável ao trator, a colhedora de milho

JM 380, da Jumil, se diferencia das demais pelamultifuncionalidade e por operar simultanea-mente em duas linhas. Também por apresen-tar uma relação custo x benefício muito maisvantajosa, quando comparada a colhedoras au-topropelidas. A JM 380 têm plataforma que co-lhe em espaçamentos de 50 a 90 cm. Ela é auto-acoplável com sistema de engate rápido, o quefacilita a limpeza e a manutenção.

JACTOA Jacto, nos últimos tempos, tem promovi-

do uma volta às origens através do resgate e doincremento de sua linha de pulverizadores cos-tais. O PJH há mais de 45 anos demonstra for-

ça, eficiência e confiabilidade. Vieram compora linha costal da empresa o Supremo e o Versa-tili. No entanto, os gigantes ainda fazem muitosucesso. O Uniport 3000, agora com barra de28 metros, mantém-se como um pulverizadorautomotriz arrojado, que oferece bom rendi-mento operacional e rentabilidade. Já a linhade máquinas com assistência de ar, do exclusi-vo sistema Vortex, conta com os seguintes re-presentantes: Falcom Vortex 600, Advance Vor-tex 2000 e 3000 e Uniport Vortex 3000.

GOODYEAR“Nós produzimos, nós coletamos, nós re-

ciclamos, nós limpamos”. Com essa filosofia, aGoodyear também passa a transformar o queantes era sucata em arte. Parte da matéria-pri-ma para produção de pneus, a borracha e ospneus inutilizáveis serão, a partir de então, trans-formados pelas mãos do artista plástico DanielBeato em móveis e utensílios domésticos am-bientalmente corretos. Além disso, a empresaapresentou o radial agrícola DT 830, da famíliaOptitrac; mostrou uma nova versão do pneuSuperfloot, o Superfloot II; um novo modelodo Papaléguas G8, para uso em implementosagrícolas; e o Rib Tractor, pneu direcional paraserviços agrícolas em geral.

JOHN DEEREPrincipal novidade da John Deere, a Série

1100 é uma nova linha de plantadoras projeta-da para trabalhar com precisão e alto rendimen-to em condições adversas de terreno. A novalinha foi desenhada para facilitar o trabalho dosprodutores que têm que fazer a semeadura emsolos úmidos, argilosos, com grande quantida-de de palhada e também com declividade acen-tuada. Com três modelos, para sete, nove e 11linhas de plantio, a nova série tem várias carac-terísticas inovadoras que permitem fazer o plan-tio com alta qualidade e rendimento nesses ter-renos com condições difíceis de trabalho.

A Semeato apresentou a semeadora degrãos graúdos PH3

Os produtos da linha Wap puderam serconferidos no estande da Montana

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PIRELLIA Pirelli desenvolve há tempos uma gama

completa de pneus para veículos agrícolas, forade estrada (mineração, construção civil) e in-dustriais (empilhadeiras), além de câmaras eprotetores de pneus. Como exemplo temos oTM 95, que é um pneu bastante versátil, indi-cado para equipar tratores e colhedoras; o PD22,que é compatível com tratores e colhedoras quetrafegam em terrenos inconsistentes e alagadi-ços; o direcional TD 500, desenvolvido paraequipar tratores agrícolas tração 4x2; e o MB39,que completa a gama de produtos da linha agrí-cola e é indicado para rodas motrizes.

MIACA grande novidade da Miac, no momento,

é a Master Export II. A máquina é capaz decolher duas linhas de milho e/ou recolher e tri-lhar uma leira de seis a oito linhas de feijão. Elapossui sistema de trilha axial, caçamba grane-leira basculável com capacidade para 20 sacos ebarra de tração com a opção de trabalho des-centralizado. A empresa também apresentousua linha FZ e Ceiflex. A Miac é lider nacionalna colheita de feijão e amendoim.

FANKHAUSERSeguindo a filosofia de melhoria contínua,

a Fankhauser desenvolveu as plantadoras-adu-badoras 5045. São equipamentos robustos, comreservatórios de grande capacidade, que visamatender à demanda do Centro-Oeste brasilei-ro. Os modelos variam de 11 a 16 linhas deplantio. Possuem chassi reforçado, além de tubo

de engate da linha de adubo com dimensionalmaior e sistema dosador de fertilizantes do tiporosca sem-fim, com opção pelo sistema ferty-sistem. Para adubo e semente, há possibilidadede se optar entre transmissão por caixa de câm-bio ou pinheirinho.

MASSEY FERGUSONA Massey Ferguson apresentou cerca de 18

máquinas e equipamentos. Destaque para otrator MF 250 XE – Brasileirinho, lançamentoda Massey Ferguson voltado à agricultura fa-miliar, e também para os tratores MF 680HD e MF 6350. O Brasileirinho se caracterizapela versatilidade e multifuncionalidade - rea-liza todas as atividades de uma pequena pro-priedade, como preparo do solo, plantio, pulve-rizações, cultivo, tratos culturais, colheita etransporte. A Massey mostrou também na feiramáquinas e equipamentos para as principaisculturas da região, atendendo às necessidadesde todos os produtores.

KUHN METASADando prosseguimento à política de diver-

sificação de sua linha de produtos, a KuhnMetasa apresentou sua linha de pulverizadoresmontados. O Porter S e o Porter ST têm comocaracterísticas simplicidade e alta performan-ce, exigem baixo investimento e proporcionamuma aplicação ideal em diferentes condições deterreno. O Porter S é de fácil manuseio, temacionamento manual das barras (12 metros decomprimento) e tanque em polietileno com ca-pacidade de 600 litros. Possui bomba pistão-membrana que garante precisão e segurança nahora da aplicação. Já o Porter ST possui tanquecom capacidade de 600 ou 800 litros. Tem aci-onamento hidráulico de abertura e fecha-mento das barras (12 ou 15 metros) e regula-gem de altura.

VIPALA Borrachas Vipal é uma das maiores fabri-

cantes mundiais de produtos para reforma ereparos de pneus e câmaras de ar. A empresadeu ênfase aos benefícios da reforma de pneusagrícolas, além de apresentar sua variada linhade produtos para o segmento. Destaque para

A nova linha de plantadoras John Deere,série 1100, foi destaque

A Fankhauser desenvolveu asplantadoras-adubadoras 5045

O Porter S e o Porter ST têm como característicassimplicidade e alta performance

os camelbacks, manchões, remendos e as re-cém-lançadas bandas V-SET e V-SEL, testadase aprovadas no Rally dos Sertões 2005. Prolon-gar a vida útil e a performance dos pneus, au-mentar a confiabilidade no serviço de reformae colaborar para a maior produtividade dos equi-pamentos agrícolas são princípios que nortei-am o desenvolvimento de produtos da Vipal.

VALTRAA linha BM foi o destaque da Valtra. Os

modelos BM 100 e BM 110 são tratores versá-teis e apresentam baixo custo operacional. Alémdisso, eles podem ser configurados de acordocom as necessidades de cada produtor rural.Eles são fabricados sob encomenda, com as es-pecificações desejadas pelo produtor, desde op-cionais mecânicos até acessórios. Desse modo,o agricultor vai pagar apenas por aquilo queprecisa. A tecnologia NavSat que equipa os tra-tores Valtra também chama a atenção. O siste-ma de navegação por GPS permite a reduçãode perdas na lavoura, melhora a eficiência nasaplicações de defensivos e potencializa o lucronas áreas cultivadas.

NEW HOLLANDA New Holland apresentou sua linha de

tratores e colhedoras voltados para os mais di-ferentes perfis de produtores rurais. Em colhe-doras de grãos, destaque para as máquinasCS660 e linha TC, preferidas dos produtoresbrasileiros de grãos. Ao todo, a marca teve ex-postas 11 máquinas. O grande destaque foramos tratores das linhas TL e TT, de 54 a 98 cv,máquinas que vêm ganhando participação demercado no Brasil. Como novidade, teve-se ademonstração de produtos como o EZ-GuidePlus, sistema guiado por satélite que ajuda amanter o curso de máquinas no campo. Entresuas vantagens estão a aplicação em qualquerlavoura, na preparação de solo, na aplicação deagroquímicos e fertilizantes, ou no plantio comredução de custos.

Uma das novidades da Miac, nomomento, é a Master Export II M

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condutividade elétrica

Todas as atividades que giram emtorno dos conceitos da agricul-tura de precisão visam o gerenci-

amento da lavoura considerando a sua de-suniformidade e, por isso, utilizam técnicasotimizadoras de insumos, que permitem di-minuição nos custos de produção. Técnicascomo a aplicação localizada de fertilizantes,defensivos agrícolas e novas formas de mo-nitoramento de características dos solos ede outros fatores de produção fornecem in-formações que permitem um melhor geren-ciamento da lavoura e, em última instân-cia, resultam num maior rendimento eco-nômico por área cultivada.

Novas tecnologias de sensoriamentopróximo ou remoto de fatores do meio am-biente, primordiais na produção agrícola,estão constantemente sendo geradas, aper-feiçoadas e difundidas no meio rural, e oconceito de gerenciamento localizado defen-

dido pela agricultura de precisão utilizamuitas dessas tecnologias. Desta, os moni-tores de produtividade receberam a maioratenção nos primeiros anos de pesquisa ede utilização no campo. Isso constitui umbom início para a investigação da variabili-dade espacial dos fatores, a partir da variá-vel dependente das demais, a produtivida-de agrícola. Ela é o resultado final do pro-cesso produtivo, o qual se deseja otimizar,seja através da redução na quantidade deinsumos aplicados, seja através da maximi-zação da produção, enfim, maximizando oslucros.

A partir da informação da variabilidadeespacial da produtividade, a próxima etapano ciclo da agricultura de precisão é entãoinvestigar as possíveis causas dessa variabi-lidade. Uma das causas primárias tem sidoatribuída à fertilidade do solo, a qual, paraser avaliada, necessita de técnicas de amos-

tragem em grande quantidade, especialmen-te quando da prática do gerenciamento lo-calizado. No entanto, o custo de análise deuma grande quantidade de amostras em la-boratório é, em muitos casos, proibitivo. Porisso, na prática, realiza-se uma amostragem,por vezes, em número insuficiente para cap-tar com nível de precisão satisfatório o mo-delo da variabilidade espacial do solo.

Devido a essa necessidade de obtençãode grande número de amostras, uma sériede idéias de sensores para monitorar o solotem sido proposta, algumas já em caráterexperimental ou para utilização comercial.É o caso dos diferentes modelos de sensoresde condutividade elétrica.

UNIDADES DE GERENCIAMENTOComo afirmaram Myers et al. (2000),

“A resolução espacial da informação possí-vel de ser obtida com a agricultura de preci-

Aliada potencialA condutividade elétrica vem se configurando como uma grande ferramenta à

agricultura de precisão. Uma aliada importante na avaliação da variabilidadeespacial do solo e na definição das unidades de gerenciamento de uma área

Valtra

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“Informações sobre a área devem ser coletadas, com alta resolução, comrestrições de tempo para coletar os dados e de custo de aquisição dos mesmos”

são exige métodos rápidos e precisos paramapear a produtividade potencial de umaárea. Informações sobre a área devem sercoletadas, com alta resolução, com restriçõesde tempo para coletar os dados e custo deaquisição dos mesmos. A informação cole-tada deve se relacionar, de alguma forma,com a fisiologia da planta, permitindo re-torno previsível do capital e trabalho inves-tidos no gerenciamento localizado das cul-turas proposto pela agricultura de precisão”.Por esses motivos, a condutividade elétricatem, recentemente, atraído a atenção porser um método rápido e custo-efetivo deindicar a variabilidade no solo.

Discute-se largamente a estratégia deutilizar unidades de gerenciamento (“zonasde manejo”), que, no contexto da agricul-tura de precisão, são referentes a regiões ge-ográficas que possuem atributos de relevo ede solo com menor heterogeneidade e são,assim, tratadas diferencial e permanente-

mente a partir da sua demarcação. O de-senvolvimento de estratégias agronômicasespecíficas para essas áreas, sujeitas a com-binações únicas de fatores limitantes da pro-dutividade das culturas, permite um geren-ciamento mais preciso das quantidades deinsumos a serem aplicadas nelas. No entan-to, o desafio de determinar essas áreas égrande, devido aos complexos fatores queafetam a produtividade das culturas.

Com o intuito de determinar essas uni-dades de gerenciamento, vários métodos têmsido propostos, envolvendo mapeamento daprodutividade, da topografia, de imagens dodossel das culturas, das propriedades físi-co-químicas do solo e de outras. Em anosrecentes, a condutividade elétrica do solotem sido proposta como uma maneira al-ternativa de se avaliar a variabilidade espa-cial deste, e a partir dela, por exemplo, defi-nirem-se as unidades de gerenciamento emuma área.

CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DO SOLOA condutividade elétrica é a habilidade

que um material tem em transmitir (con-duzir) corrente elétrica. É uma propriedade

intrínseca do material, assim como outraspropriedades, como densidade ou porosida-de. Na opinião de Bohn et al. (1982), o solopode ser considerado como um recipientetruncado para solução eletrolítica, como umcondutor possuindo um percurso tortuoso,ou um grande número de percursos de con-dução de comprimentos e seções transver-sais variáveis.

O solo pode conduzir corrente elétricaatravés da água intersticial, que contém ele-trólitos dissolvidos, e através dos cátions tro-cáveis que residem perto da superfície departículas de solo carregadas e são eletrica-mente móveis em vários níveis (Nadler &Frenkel, 1980). Rhoades et al. (1989) apre-sentam um modelo de condutividade elé-trica que descreve a condutância através detrês vias atuando em paralelo:

• condutância através de camadas al-ternantes de partículas do solo e entre oslimites de suas soluções;

• condutância através de soluções do

O sensor mede até uma profundidade de 0,30 m nahorizontal e até 1,20 m na vertical, e um conjunto dedois sensores faz as duas leituras ao mesmo tempo

Aindução eletromagnética éum método sem contato e

pode ser preferido se o revolvimentodo solo não é desejável. Um dessesequipamentos, comercial e largamen-te utilizado na agricultura, mede atéuma profundidade de 1,20 m quandoposicionado na vertical e a uma pro-fundidade de até 0,30 m quando naposição horizontal. Para a sua utiliza-ção em campo na coleta de leiturascontínuas são necessários um coletorde dados externo e uma estrutura nãometálica que permita seu deslocamen-to sobre o solo, rebocado por um veí-culo qualquer e suficientemente dis-tante deste.

SEM REVOLVIMENTO

Protótipo de um dispositivo feito com tubos dePVC serve como veículo para o sensor de

condutividade elétrica, testado na Esalq/USP

Março 06 • 09

Fotos José Paulo Molin

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Esse método requer um perfeitocontato entre o solo e cada um

dos quatro eletrodos, o que é neces-sário para introduzir a corrente no soloe medir a voltagem resultante. Ao va-riar o espaçamento entre esses eletro-dos, o alcance de profundidade da lei-tura pode ser alterado. Quanto maioro espaçamento entre os eletrodos,maior é a profundidade da leitura. Di-ferentes horizontes do solo podem seravaliados utilizando-se mais de qua-tro eletrodos. Por ser um método quefornece valores de condutividade semnenhuma calibração, infelizmente, aresistência dos eletrodos com a super-fície do solo pode aumentar sob con-dições de solo seco, o que resulta emleituras equivocadas durante o mape-amento.

RESISTÊNCIA ELÉTRICA

solo contínuas;• condutância através ou entre superfí-

cies de partículas do solo em contato diretoentre elas.

Na ausência de sais dissolvidos na águapresente na segunda via, condutividade, tex-tura e umidade se correlacionam muito bementre si.

EQUIPAMENTOS PARA MEDIÇÃOOs dois principais métodos utilizados

para medição da condutividade elétrica di-retamente no campo são o de indução ele-tromagnética e o método por contato dire-to, cuja unidade é miliSiemmens/m2 (mS/m2).

O primeiro utiliza um sensor por indu-

ção eletromagnética, não penetrante, quemede a condutividade elétrica do solo. Essatecnologia foi desenvolvida e vem sendoutilizada nas áreas de geologia e geofísica econsiste basicamente de um eletrodo (bo-bina) de transmissão que é suspenso próxi-mo à superfície do solo, o qual é energizadocom uma corrente alternada numa freqüên-cia de áudio.

Isso estabelece um campo magnéticoque induz uma fraca corrente elétrica nosolo, que por sua vez gera um segundo cam-po magnético a uma distância específica doeletrodo transmissor. Um segundo eletro-do, receptor, suspenso, gera uma correntealternada em resposta e proporcional àque-la gerada pelo eletrodo transmissor, masmodificada pela condutividade elétrica dosolo.

O segundo método utiliza sensores quepenetram no solo medindo a sua conduti-vidade elétrica a profundidades que são fun-ção do espaçamento entre sensores em con-tato com o solo. Freeland (1989) lembra quefoi Wenner (Wenner, F. A method of measu-ring earth resistivity. Fresno: U. S. Departe-ment of Com. Bur. of Stan. Scien., 1916. Pa-pers 258) o primeiro a apresentar um mo-delo teórico desse tipo de sensor, que poste-riormente seria desenvolvido e originaria osequipamentos comerciais utilizados nos diasde hoje. Esse modelo teórico consistia dautilização de quatro terminais para medir aresistência elétrica do solo, que é o inversoda condutividade elétrica.

Um dos equipamentos comerciais queutiliza contato direto com o solo para me-dição da condutividade elétrica possui umsistema de discos metálicos lisos que trans-mitem uma corrente elétrica no solo e utili-za diferentes espaçamentos entre discos,para gerar medições da condutividade elé-trica do solo a profundidades de 0,30 m e0,90 m simultaneamente. O equipamento

grava as medidas de condutividade elétricado solo, que são georreferenciadas, utilizan-do-se um receptor de GPS. Outro equipa-mento utiliza, ao invés de discos lisos, ro-das com pontas que facilitam ainda mais apenetração em solo coberto com palhada,além de empregar três conjuntos de eletro-dos para três profundidades de leitura, maiso conjunto alimentador.

Algumas pesquisas realizadas visandocomparar as tecnologias de medição da con-dutividade elétrica do solo por indução ele-tromagnética e por contato direto demons-traram boa semelhança entre ambas.

FATORES INTERFERENTESO solo é um sistema trifásico constituí-

do de partículas sólidas, solução e ar. Quan-do partículas carregadas eletricamente, in-cluindo colóides e íons, migram sob influ-ência de um campo elétrico aplicado, váriosfatores físicos do solo, incluindo textura,estrutura e conteúdo de água, podem afe-tar a condutividade elétrica, interferindo nainter-relação entre as partículas coloidais eos íons (Li, 1997).

A condutividade elétrica do solo depen-de de vários fatores, e dentre eles podem-se

Molin e Castro mostram as vantagens dosensor de condutividade elétrica por

indução eletromagnética

Page 11: Maquinas 50

“O nível da condutividade elétrica de um solo é principalmentedevido ao seu teor de água e de sais dissolvidos”

Dois equipamentos diferentes para medição dacondutividade elétrica. Um com discos lisos, e outrocom discos pontiagudos, para aplicação em palhadas

M

Se a condutividade elétrica dosolo vai deixar de ser uma fer-

ramenta em potencial e passar a inte-grar o conjunto de práticas adotadaspela agricultura de precisão, isso vaidepender de um maior domínio da suarelação com fatores de importânciaagronômica, especialmente a textura,e de ser espacialmente estruturada eestável temporalmente. Em países comtecnologia agrícola mais desenvolvida,já é largamente utilizada por consul-tores e agricultores. No Brasil estamosapenas iniciando os estudos de reco-nhecimento dessa técnica, e na Esalq/USP já existe uma linha de trabalhocom algumas dissertações e pesqui-sas que dão indicação de um grandepotencial para a sua utilização em lar-ga escala.

GRANDE POTENCIAL

listar:• teor de água;• porcentagem de argila;• material de origem do solo;• composição química da solução do

solo e dos íons trocáveis;• interação entre os íons não trocáveis e

os trocáveis;

• porosidade, formato e tamanho dosporos;

• concentração dos eletrólitos na águados poros;

• temperatura do solo;• quantidade e composição dos colói-

des;• densidade;• conteúdo de matéria orgânica.Já foi demonstrado que, enquanto a

magnitude de medições temporais da con-dutividade elétrica varia com a temperatu-ra e a umidade do solo, o seu padrão espaci-al permanece constante. Essa constatação éessencial para a utilização do método de ma-peamento da condutividade elétrica do solocomo base para identificar unidades deamostragem e gerenciamento deste.

A condutividade elétrica do solo depen-de em larga escala da solução eletrolíticaexistente no solo. Geralmente, solos secostêm resistência muito alta. Minerais do solo

aparecem como isolantes, apesar de que emalguns solos pode existir uma pequena cor-rente sendo conduzida através da superfí-cie das partículas.

Portanto, o nível da condutividadeelétrica de um solo é principalmente de-vido ao seu teor de água e de sais dissol-vidos. Como a salinidade não é relevan-te em solos de regiões com suficiente plu-viosidade, o que se sobressai na mensu-ração é a água, que, por sua vez, é mag-nificada pela textura, a qual interessaenormemente no diagnóstico para a de-finição de unidades de gerenciamen-to, por exemplo.

José Paulo Molin,Esalq/USPCésar Nunes de Castro,Brasília (DF)

M

Março 06 • 11

Mapas de condutividade elétrica do solo obtidos com o equipamento por contato direto em outubro de 2003 (dir) e em outubro de 2004 (esq) e com osolo em diferentes condições de umidade, mostrando grande semelhança estrutural, embora com níveis deferentes de condutividade elétrica

Mapa de condutividade elétrica do solo na profundidade de 0 a 30 cm (dir) obtido com o equipamento por contato direto em uma lavoura nos CamposGerais do Paraná, com grande gradiente de textura demonstrado pelo mapa do teor de argila (esq) obtido por amostragem em grade Mapa de condutividade elétrica do solo de 0 a 30 cm (raso) obti-

do com o equipamento por contato direto em uma lavoura de193 ha no Vale do Paranapanema (SP)

Fotos José Paulo Molin

Page 12: Maquinas 50

12 • Março 06

projetos virtuais

Atarefa primordial de um enge-nheiro agrícola em uma fábricade máquinas é a de solucionar pro-

blemas alusivos ao funcionamento e ao de-sempenho destas, o que implica em buscarcompreender a realidade física, geralmentecomplexa, a partir de modelos simples quese aproximam da realidade.

A modelagem propõe o desenvolvimentode um modelo matemático ou de uma des-crição matemática, os quais com a precisãonecessária, representam as leis que regem oprocesso em estudo. O uso de modelagemmatemática no projeto de mecanismos é umaprática comum que permite o desenvolvi-mento de sistemas mecânicos, com a redu-ção de custos e tempos de projeto, e a otimi-zação das características de desempenho.

No estudo de um problema de modela-

gem, a definição apropriada dos aspectos re-levantes a serem considerados é um pontomuito importante. Assim, é necessário dis-cutir qual deve ser o modelo utilizado, levan-do-se em consideração a complexidade dese-jada e sua aproximação com o modelo real.Nessa hora, o uso de uma ferramenta com-putacional que permita uma modelagem rá-pida e completa, levando-se em considera-ção seus vários subsistemas, é fundamental.

PROJETOS VIRTUAISNo início da utilização de softwares de

CAD (Computer Aided Design), o objetivoprincipal era aumentar a produtividade naelaboração de desenhos técnicos. Foram al-cançados resultados significativos, e o CADse popularizou na medida em que os micro-computadores foram se tornando mais po-

derosos e mais baratos. A nova geração desistemas CAD desenvolvidos para a plata-forma PC/Windows está mudando radical-mente esse conceito, pois incorpora recur-sos tecnológicos antes somente encontradosnos sistemas high-end.

A tecnologia de modelagem sólido pa-ramétrico e variacional através de featuresestá hoje ao alcance de todos os usuários deCAD, com reduzidos custos de software,hardware e treinamento. O CAD, se consi-derado de forma bastante ampla, é uma

tecnologia multidisciplinar, contendoum conjunto de ferramentas utili-

zadas em todas as áreas em queexiste uma forma de interação en-tre um computador digital e a ati-vidade de projeto.

A evolução do cálculo estrutu-ral voltado para o dimensionamen-to de estruturas e componentesmecânicos é um bom exemplo daautomatização na engenharia agrí-

cola. Sem o computador, os cálculoseram executados manualmente através

de métodos analíticos, e era necessário re-duzir ao mínimo a quantidade de operações.

Diversas características do problema realnão podiam ser consideradas, poucas alter-nativas de projeto eram analisadas, e a uti-lização de altos coeficientes de segurança re-sultava em estruturas superdimensionadas.A tecnologia de CAE (Computer Aided En-gineering) mudou radicalmente esse cená-rio, pois tal ferramenta permite a realizaçãode uma grande quantidade de cálculos emtempo reduzido.

A simulação computacional de um mo-delo permite a avaliação de um maior nú-mero de variações do projeto, com custos eprazos menores, reduzindo a necessidade deconstrução de protótipos. Os softwares deCAE utilizam modelos digitais para simu-lar fenômenos reais através de métodos nu-méricos. Os sistemas CAE atualmente maisdifundidos são baseados no método dos ele-mentos finitos.

Os softwares de CAE baseados em Aná-lise por Elementos Finitos (FEA) são larga-mente utilizados para o cálculo de tensões,

Engenharia virtualEconomizar tempo e dinheiro no desenvolvimento de máquinas e implementosagrícolas é uma premissa há muito perseguida por profissionais e empresas do

setor. É isso que a engenharia virtual, via modelagem matemática, proporciona hoje

Page 13: Maquinas 50

“Além de simplesmente substituir a prancheta pelo computador, automatizando o trabalho dedesenhistas, os atuais sistemas aumentam a eficiência de todo o departamento de engenharia”

Março 06 • 13

deslocamentos, vibração, transferência decalor, escoamento de fluidos, instalações in-dustriais e outras aplicações. A eficiência daAnálise de Elementos Finitos depende dodetalhamento do modelo utilizado e do pro-cessador matemático; o modelo de elemen-tos finitos pode ser um modelo gerado a par-tir de CAD 3D, sendo dada especial aten-ção às junções dos elementos, existindo vá-rios tipos e formas de uniões.

A análise por elementos finitos para a cons-trução de modelos estruturais utiliza modelosdigitais para simular fenômenos físicos reais,através de métodos numéricos aproximados,subdividindo o desenho de CAD em muitaspequenas partes, resolvendo, então, um con-junto de equações algébricas para obter os re-sultados desejados em função do carregamentoe das condições de contorno.

A utilização do Método de ElementosFinitos (FEM) é um método computacio-nal que tem a finalidade de prever a reaçãode um objeto em função das forças, do ca-lor e das vibrações atuantes para a constru-ção de modelos estruturais e motivou o de-senvolvimento de novas metodologias decálculo para a análise dinâmica de estrutu-ras complexas. Essas metodologias levam emconta o aumento constante do tamanho dosmodelos exigidos pelos projetos de engenha-

Nestes casos, a utilização desistemas computacionais nas

diferentes áreas da engenharia é umaexigência do atual mercado altamentecompetitivo, onde as empresas neces-sitam produzir cada vez mais, melhore com custos reduzidos. Além de sim-plesmente substituir a prancheta pelocomputador, automatizando o traba-lho de desenhistas, os atuais sistemasCAD/CAE/CAM são capazes de au-mentar a eficiência de praticamentetodas as atividades realizadas por umdepartamento de engenharia. Ummaior número de alternativas de pro-jeto é analisado durante a fase de con-cepção; os defeitos de um novo proje-to são corrigidos antes mesmo de umúnico protótipo ter sido construído;os processos de fabricação são facil-mente programados e visualizados natela do computador; as diferentes eta-pas do processo de engenharia desen-volvem-se de maneira integrada e si-multânea. Esta forma de se fazer àengenharia com o uso de modelos fer-ramentas digitais pode ser chamada de“Engenharia Virtual”.

ATUAL EXIGÊNCIA

ria, buscando formas de solução eficazes,precisas e viáveis do ponto de vista de tem-po e esforço computacional exigidos.

A complexidade da análise dinâmica demáquinas encontra-se exatamente no tama-nho do modelo de elementos finitos neces-sário e na modulariedade dessas máquinas,constituídas por diferentes componentes. Autilização de técnicas de subestruturaçãopermite reduzir o tamanho dos modelos,bem como tratar os diferentes componen-tes da estrutura de forma individualizada eotimizada, considerando as característicasdinâmicas de cada componente.

A análise modal permite o cálculo dasfreqüências e modos próprios de vibraçãoda estrutura, bem como a análise espectrale a síntese de subestruturas. A aplicaçãodessas técnicas no estudo dos modelos me-cânicos permite tratar as particularidadesdos componentes, bem como a não-lineari-edade das ligações, com reduzido tempo eesforço de cálculo.

As técnicas de análise modal permitema identificação de parâmetros dissipativospresentes nos componentes e nas ligaçõesentre eles, e a utilização de subestruturaspermite a otimização do projeto com redu-zido custo computacional.

Os sistemas CAM (Computer AidedManufacturing) podem ser definidos, comoauxílio via computador da preparação damanufatura, representando todas as tecno-logias usadas no chão de fábrica que agem

Exemplo da riqueza e perfeição dos detalhesnos projetos, o que possibilita ter a noção exatado produto final ainda na tela do computador

Projeto virtual do carrinho daplantadora (dir), e carrinho já

pronto (esq)

Fotos Kuhn Metasa

Foto

s Ca

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Edua

rdo

S. V

olpa

to

Page 14: Maquinas 50

14 • Março 06

Da integração de sistemas CAD,CAE e CAM resulta a diminui-

ção de tempo total gasto desde a con-cepção do produto até a sua fabrica-ção. A partir de critérios preestabele-cidos para a otimização do projeto,uma análise de tensões por elemen-tos finitos pode modificar automati-camente o desenho da peça através deum processo interativo, por exemplo,a espessura da peça pode mudar au-tomaticamente em função das tensõescalculadas em suas proximidades, va-riando também a resistência mecâni-ca com peso aplicado.

Além de interagir com as análisesestruturais por elementos finitos, ossistemas CAD também podem ser in-tegrados com softwares para análisecinemática de mecanismos, prototipa-gem rápida, CAM e outros.

INTEGRAÇÃO

dentro de um processo produtivo, dizendonão só a respeito da automação da manufa-tura como também da tomada de decisão,plano operacional etc.

PROTOTIPAGEM RÁPIDAVisto que, em determinada fase do pro-

cesso de pesquisa e desenvolvimento de umnovo produto, o engenheiro depara-se com anecessidade de prever o comportamento realde seu projeto, uma solução tradicional seriaa construção de protótipos ou modelos re-duzidos para ensaios em laboratórios, ondeinstrumentos de medição estrategicamentedistribuídos coletariam dados de tensões,deformações, velocidades, forças etc. Entre-tanto, a metodologia de construção e ensaiode diversos protótipos costuma consumirmais tempo e recursos do que seria o desejá-vel, não sendo portanto a solução ideal.

A tecnologia de Simulação de EventosMecânicos (MES) adiciona movimento à aná-lise tradicional de elementos finitos, dispensan-do assim o conhecimento prévio das forças en-volvidas. Em outras palavras, as forças atuan-tes são calculadas internamente pelo software,de maneira transparente para o usuário.

Além de calcular as tensões e deforma-ções, as eventuais falhas do material seriamapresentadas visualmente através de anima-ções bastante intuitivas. Dessa forma simu-lar-se, com o uso de softwares, modelos ba-seados na plataforma PC/Windows situa-ções físicas reais de maneira bastante com-pleta pode resultar em verdadeiros protóti-

pos virtuais, compreendendo então o pro-cesso de prototipagem virtual.

Os protótipos virtuais simulados em com-putador a partir do modelo sólido gerado nosistema CAD 3D reduzem o número de pro-tótipos físicos a serem construídos para efei-to de visualização, testes funcionais, verifi-cação e validação do projeto. Além disso, sis-temas de prototipagem rápida permitem quecomplexos modelos de CAD sejam fabrica-dos em poucas horas, dentro da própria em-presa, ou por um prestador de serviços. Ocusto e o tempo total de desenvolvimento doproduto são drasticamente diminuídos.

Desse modo, a engenharia virtual reali-za-se de maneira mais rápida e automática,com menor interferência do usuário. Mo-dificações de desenhos, análises de engenha-ria, simulações, fabricação de protótipos,programação de máquinas e documentaçãotécnica são atividades que podem ser desen-volvidas simultaneamente por diversos de-partamentos da empresa, os quais estarãocompartilhando um único banco de dadosreferente ao projeto.

Diante desse cenário, é importante a uti-lização de um sistema de gerenciamento deinformações técnicas. Esse sistema, chama-do de PDM (product data management), ga-rante que todas as pessoas envolvidas como projeto utilizem as versões mais atualiza-das dos desenhos e documentos técnicos,além de controlar as revisões e impedir aces-sos indevidos às informações.

Volpato mostra a economia detempo e dinheiro na elaboração

de projetos agrícolas

Carlos Eduardo Silva Volpato,Ezequiel de Oliveira eWanielle Resende Carvalho,Ufla

A Tecnologia de Simulação de EventosMecânicos (MES) calcula as forças

atuantes e prevê o comportamento real

M

Análise de tensões em uma dasbarras do mecanismo –

elementos finitos

EXEMPLO INTERATIVODentro desse contexto vale ressaltar

um exemplo onde a interação desses mo-delos é mostrada com uso das ferramen-tas computacionais destinadas à mode-lagem do projeto de máquinas agrícolas.Trata-se da simulação de um sulcador deuma semeadora/adubadora de plantiodireto, onde foram analisadas as forçasatuantes e a resistência da peça com ouso de ferramentas do CAD e FEA. A in-tegração do sistema permite a visualiza-ção dos resultados através de uma ani-mação realista.

Foto

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Kuhn Metasa

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Março 06 • 15

perspectivas

Obiodiesel é um assunto em pau-ta hoje. Conquistou lugar dedestaque ainda maior após a re-

gulamentação, pelo Governo Federal, de usoe produção desse combustível. As razões quelevaram o país a voltar a pensar no biodiesel(na década de 80 houve uma tentativa depesquisas na área) são de caráter ambien-tal, econômico e social.

Ainda há muito caminho a ser trilhadopara tornar o combustível competitivo e vi-ável, dentro da matriz energética nacional.

COMBUSTÍVEIS FÓSSEISOs combustíveis fósseis, especialmente

aqueles derivados do petróleo, são ampla-mente utilizados em diversas tarefas. Sãoesses combustíveis que alimentam os meiosde transportes (caminhões, ônibus, carros),as atividades agrícolas (colhedoras, tratores,geradores etc) e tantas outras atividades.

De acordo com o Ministério de Minas eEnergia, os dois constituintes mais expres-sivos da matriz energética nacional são opetróleo (e derivados) e a biomassa. A bio-massa é composta basicamente de cana-de-

açúcar e lenha ou carvão vegetal. Na matrizdos combustíveis, o óleo diesel predomina,seguido da gasolina, álcool hidratado e gásnatural.

No ano de 2004 o Brasil importou 27,5milhões de metros cúbicos de petróleo, to-talizando US$ 6,8 bilhões. A importação deóleo diesel, no mesmo período, foi de 2,7milhões de metros cúbicos, sendo gastospara tanto, US$ 827 milhões.

Das principais fontes energéticas utili-zadas pelo setor agrícola, ou seja, lenha, óleodiesel, óleo combustível, gás de cozinha,querosene, eletricidade e carvão vegetal, oóleo diesel tem o consumo mais expressivo,representando 58% do total.

Embora muito utilizado, os derivados dopetróleo apresentam uma série de desvan-tagens. A mais significativa está relaciona-da aos centros produtores dessa matéria-prima. Grande parte está nas mãos de umpequeno número de países, que estão emmeio a constantes crises políticas e sociais,influenciando a cotação do barril, bem comoa regularidade do seu fornecimento. O Bra-sil ainda é dependente do petróleo impor-

tado e, com o crescente aumento da deman-da, fica cada vez mais atrelado às importa-ções, causando forte impactos na balançacomercial nacional.

Outro sério problema está relacionado àpoluição ambiental. A queima do óleo die-sel, por exemplo, eleva a concentração degases nocivos na atmosfera, contribuindopara o aumento do efeito estufa, contrari-ando assim os termos do Protocolo de Kyo-to. Por ser uma fonte não renovável, a ex-tração indiscriminada de petróleo levará aoseu total esgotamento. Ainda não há umaprevisão razoável sobre a duração das reser-vas mundiais, devido principalmente ao de-senvolvimento de tecnologias para a perfu-ração em águas profundas.

O QUE É BIODIESEL?O biodiesel é um combustível à base de

triglicerídio, que pode ser óleo vegetal ougordura animal. O uso de óleos vegetaispuros em motores já foi muito empregadono passado, mas verificou-se que ocorriammuitos danos, como corrosão e entupimen-tos, causados pela sua alta viscosidade.

Combustível defuturo

Combustível defuturo

Um longo caminho ainda tem de ser percorrido a fim de tornar o biodieselcompetitivo e viável dentro da matriz energética nacional, no entanto, o avançodas pesquisas e a regulamentação do uso no país são indícios significativos de umfuturo promissor para o combustível

Um longo caminho ainda tem de ser percorrido a fim de tornar o biodieselcompetitivo e viável dentro da matriz energética nacional, no entanto, o avançodas pesquisas e a regulamentação do uso no país são indícios significativos de umfuturo promissor para o combustível

Divulgação

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26 • Dezembro 05 / Janeiro 0616 • Março 06

Dentro desse contexto surge abusca por combustíveis alterna-

tivos, também conhecidos por biocom-bustíveis. Os biocombustíveis são deri-vados de biomassa renovável, com apli-cação em motores de combustão inter-na ou em outro tipo de geração de ener-gia, substituindo em parte ou totalmen-te os fósseis. O biodiesel é um exemplode biocombustível com a grande vanta-gem de não exigir qualquer tipo de mo-dificação nos motores.

ALTERNATIVA À VISTA

São várias tecnologias disponíveis paraa redução da viscosidade dos triglicerídios.A mais usada é uma reação química de nomecomplicado, porém de fácil realização: atransesterificação. Nessa reação o óleo ve-getal ou a gordura animal reagem com umálcool e um catalisador. Após a reação sãoobtidos o biodiesel e a glicerina.

Os álcoois mais comuns são o metanole etanol. No caso do Brasil, recomenda-se autilização do etanol, obtido da cana-de-açú-car. O etanol é biodegradável, apresentan-do uma série de vantagens ambientais.Como o país é um grande produtor de cana,seu custo é bem reduzido.

O catalisador é do tipo alcalino ou áci-do. Diversos estudos mostram a superiori-dade do alcalino perante o ácido: mais efici-ente, de baixo custo e menos agressivo aomotor. Os mais comuns são a soda cáustica(NaOH) e o hidróxido de potássio (KOH).

O triglicerídio mais comum nas reaçõesé o óleo vegetal. Ainda não há um padrão

mínimo regulamentado de qualidade paraesse óleo, como composição em ácidos gra-xos, índice de iodo, saponificação etc. Al-guns estudos empregam restos de óleo decozinha, outros utilizam óleos refinados,degomados e também óleos brutos. A deci-são mais importante, a princípio, do que aqualidade do óleo é a escolha do grão queoriginará o óleo vegetal.

A etapa de escolha de grãos inicia-se coma análise de oleaginosas disponíveis na re-gião onde será produzido o biodiesel. A es-colha de grãos já produzidos reduzirá cus-tos de transporte e armazenamento, contri-buindo para o crescimento e desenvolvimen-to da agricultura da região.

Tendo escolhido o grão, o próximo pas-

Agrale já lançou um tratorde pequeno porte, movido100% a biodiesel

Agrale

Case

IH

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mento da eficiência do processo e, conse-qüentemente, dos lucros.

PNPBO Governo Federal, através da Lei no

11.097, datada de 13 de janeiro de 2005,regulamentou o Programa Nacional de Pro-dução e Uso do Biodiesel (PNPB) e autori-zou a entrada do biodiesel na matriz ener-gética brasileira. O objetivo principal dessalei é possibilitar que os biocombustíveis in-crementem as bases econômicas e sociais,além das bases ambientais.

Tecnicamente, ainda existem limitaçõesquanto ao uso do biodiesel puro nos moto-res. Recomenda-se uma mistura com o óleodiesel comercial. Estudos mostram que aproporção dessa mistura não deverá ultra-passar 20%; valores maiores que este aumen-tam a chances de ocorrência de danos me-cânicos. Por essa razão, o governo autori-zou a adição de 5% (mistura conhecida porB5) do biodiesel ao diesel. Até 2008, umpercentual mínimo obrigatório de 2% po-derá ser usado.

O PNPB foi montado nos moldes dasustentabilidade, ou seja, visando benefíci-os econômicos, sociais e ambientais.

Economicamente, a redução nas impor-tações de óleo diesel trará uma significativamelhora na balança comercial. A inclusãosocial virá através do enfoque dado pelo pro-grama na agricultura familiar. Os pequenosagricultores beneficiados por financiamen-tos agirão como fornecedores de matéria-prima para a cadeia de produção. Os gasesliberados pela mistura, mesmo pela míni-ma B2, são bem menos poluentes que osliberados pelo óleo diesel puro.

FUTURO DO BIODIESELApós a consolidação da produção de bi-

odiesel no Brasil, ou seja, quando a tecno-

Anna Leticia M. Turtelli Pighinelli,Kil Jin Park eAntonio J. da Silva Maciel,UnicampRosemar Antoniassi,Embrapa Agroind. de AlimentosAna Maria Rauen,Ital

“A etapa de escolha de grãos inicia-se com a análise de oleaginosasdisponíveis na região onde será produzido o biodiesel”

Março 06 • 17

Areação de produção do biodie-sel é afetada por quatro fatores

principais: proporção entre o álcool e oóleo vegetal (o mínimo são três parte deálcool para uma de óleo), tipo e quanti-dade de catalisador e pela temperaturaque ocorre a reação. Encontrar uma con-figuração ótima desses fatores tornará areação mais eficiente.

FATORES INTERFERENTES

Qualquer novidade desperta inte-resse, e com um novo combus-

tível não é diferente. A concorrência égrande, todos querem chegar na frente econquistar seu lugar no mercado. Em meioa tanta correria, aspectos importantescomo qualidade do produto, domínio doprocesso tecnológico, solução de garga-los e otimização da cadeia de produçãosão deixados de lado, esquecidos. Umpasso maior que a perna, no presente,pode resultar em grandes tombos futu-ros, comprometendo o sucesso do pro-grama, que, embora pareça quase certo,ainda não foi plenamente alcançado.

PASSO-A-PASSOso é a escolha da variedade ou cultivar.Esta deverá apresentar algumas caracte-rísticas, como baixo custo de produção,rusticidade, resistência à intempéries eprincipalmente alto teor de óleo por hec-tare plantado.

Atualmente o biodiesel vem sendo pes-quisado principalmente por países europeuse pelos Estados Unidos. Os países desen-volvidos apresentam uma política ambien-tal já consolidada, onde os combustíveis al-ternativos já são produzidos e utilizados emgrande escala. A diferença entre esses paí-ses e o Brasil é o tipo de álcool utilizado.Como o metanol está disponível e a um cus-to menor que o etanol, é esse o álcool utili-zado nas reações. Por essa razão, toda tec-nologia pesquisada e desenvolvida por eu-ropeus e norte-americanos não é aplicávelno Brasil.

Uma tecnologia tipicamente nacional,com foco no etanol, poderia levar a um au-

A produção de combustíveis ecologicamentecorretos, como álcool e biodiesel, é uma dasgrandes promessas brasileiras no mercado externo

logia estiver totalmente dominada e houverexcedentes de produção, podemos nos tor-nar exportadores. Embora os países euro-peus tenham grande interesse no uso de bi-odiesel, a produção nesses países é limitadapela pequena área agrícola disponível, des-tinada na sua grande maioria à produçãode alimentos.

O Brasil leva vantagem no cenário mun-dial. São muitas as áreas disponíveis paraagricultura, com clima favorável e facilida-de de adaptação de inúmeras variedades deoleaginosas. Para conquistarmos lugar dedestaque na produção mundial, as políticasde exportação deverão ser analisadas cuida-dosamente, de forma a suprir a demandainternacional e também estar dentro dospadrões internacionais de qualidade do bi-odiesel.

Pesquisadores falam sobre asperspectivas dos biocombustíveis

no Brasil e no mundo

M

Divulgação

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18 • Março 06

passo-a-passo

Para alcançar o sucesso na horada colheita, você deve levar emconta alguns fatores como: umida-

de dos grãos a serem colhidos, condições da la-voura, operação da máquina e principalmentea preparação da colhedora.

Para facilitar o trabalho, algumas colhedo-ras possuem orientações de regulagens básicaspara cada tipo de cultura. Essas informaçõesforam coletadas ao longo do tempo, nas maisdiversas regiões, e servem de referência parapreparo adequado da colhedora.

Assim, tenha em mente que o ponto departida para uma correta regulagem da máqui-na é a umidade dos grãos da lavoura a ser colhi-da e o estado das plantas. Com base no resulta-do da medição de umidade, uma lista de regu-lagens básicas deve ser seguida, e o trabalho,iniciado.

PASSO-A-PASSOO mais prático para regular a colhedora é

seguir o fluxo dos grãos na máquina, assim segarante que todos os itens vão ser ajustados.

O molinete é o primeiro componente a serverificado, devem ser feitos os ajustes de altura,de distância em relação ao caracol e de inclina-ção dos dedos, função do tamanho das plantasou do acamamento destas. A outra regulagemdo molinete, que é de extrema importância, é ade velocidade, mas esta deve ser feita já com amáquina em movimento. Caso a máquina nãotenha função automática para compensar a pro-porção com a velocidade de deslocamento, deveser verificada periodicamente.

Enquanto o molinete sustenta as plantas,as navalhas fazem o corte destas. Algumas pla-taformas permitem o ajuste do ângulo da barrade corte, isso é indicado para culturas muitorasteiras como o feijão, na qual é sugerida umapequena inclinação para baixo.

Em função do volume de material na pla-taforma, a altura do caracol deve ser ajustada,assim como a distância dos dedos retráteis em

relação ao fundo da plataforma. A rotação docaracol também pode ser ajustada, normalmen-te através da troca de engrenagens.

O sistema de controle automático de altu-ra de corte e inclinação da plataforma deve sercalibrado. Nos sistemas mais modernos, comsensores eletro magnéticos, é necessária a cali-bração dos potenciômetros no início da safra.Não deve ser necessário recalibrar esses poten-ciômetros, a menos que ocorra algum choquedos apalpadores com uma pedra ou raiz ou quea plataforma seja trocada de uma colhedora paraoutra.

A esteira transportadora do canal alimen-tador deve ser verificada quanto à tensão e, além

Colher mais e m

A verificação da tensão das correiastambém é operação fundamental

A regulagem de ângulos dos dedos domolinete é um dos primeiros passos

O ajuste da altura do molinete em relação aocaracol é importante

Para as máquinas colherem mais e melhor, em qualquer condição de lavoura,com alta produtividade e mínimo de perdas, é importante que elas estejam

bem reguladas. Para conseguir esse desempenho, vamos mostrar comopreparar e regular corretamente as colhedoras

Para as máquinas colherem mais e melhor, em qualquer condição de lavoura,com alta produtividade e mínimo de perdas, é importante que elas estejam

bem reguladas. Para conseguir esse desempenho, vamos mostrar comopreparar e regular corretamente as colhedoras

AGCO

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disso, pode ter a altura do rolo-guia dianteiroelevada em função do volume de material. Nacolheita de milho, a elevação desse rolo é obri-gatória, para evitar a debulha e a quebra de es-pigas no canal alimentador.

O sistema de trilha merece uma atençãoespecial na regulagem. Antes de mais nada, énecessário conferir se a máquina está equipadacom o côncavo adequado para a cultura queserá colhida. Para soja e milho, o de aramesgrossos, e para trigo, cevada ou outras culturasde inverno, é necessário o de arames finos. Parao arroz, usa-se o conjunto de cilindro e cônca-vo de dentes. Depois, é recomendado verificaros espaçamentos nas partes frontal e traseirado côncavo, usando um calibrador de lâminasatravés das janelas de inspeção, com a alavancana posição “N”. O côncavo das colhedoras podepossuir até 14 posições de trabalho. Dependen-do do tipo de cultura, aberturas maiores ou me-nores podem ser recomendadas. É importanteverificar o paralelismo do côncavo em relaçãoao cilindro.

A rotação inicial do cilindro é, normalmen-te, recomendada no manual do operador, paracada tipo de grão e condição de umidade. Inici-ada a colheita, esse ajuste tem que ser verifica-do constantemente, para evitar dano ao grão.

Se, durante a operação, a trilha não estivereficaz, ou seja, se vagens ou cachos estiverempassando sem serem debulhados, é recomen-dado sempre diminuir o espaçamento do côn-cavo antes de aumentar a rotação do cilindro,dessa forma se aumenta a agressividade da tri-lha sem aumentar o dano mecânico. O inversotambém é válido, ou seja, se estiver sendo veri-ficado um alto índice de dano mecânico, a ro-tação do cilindro deve ser reduzida antes de abriro côncavo.

Depois do sistema de trilha, o material sedivide dentro da colhedora, a palha “grossa”

Todas as regulagens acima devemser feitas no início da colheita,

sendo que, as principais, devem ser re-vistas freqüentemente. Mudanças signi-ficativas de umidade ou de variedade vão,obrigatoriamente, exigir uma nova regu-lagem dos principais sistemas, tais comoplataforma, trilha e limpeza.

QUANDO AJUSTAR

vai para o saca-palhas, e os grãos, juntamentecom a palha fina, vão para o sistema de limpe-za.

O saca-palhas é um componente que nãoexige regulagens, a inclinação, a altura dos sal-tos e a rotação são definidas pelos fabricantesde forma a dar o melhor resultado para aqueleprojeto de colhedora. Alguns poucos modelospermitem o ajuste da altura da cortina que ficasobre o saca-palhas. Essa cortina tem a funçãode “frear” a palha, aumentando o tempo deagitação da mesma e, conseqüentemente, pro-porcionando mais separação. A cortina com al-tura regulável possibilita controlar esse efeito.

Muitas vezes, problemas de perdas associ-ados ao saca-palhas são, na realidade, falha na

regulagem do sistema de trilha. O côncavo éresponsável por 90% do trabalho de separação,portanto, se o ajuste do mesmo não estiver cor-reto, ou se a colheitadeira estiver equipada comum côncavo inadequado para cultura, fatalmen-te o saca-palhas ficará sobrecarregado, e vãoocorrer perdas.

O sistema de limpeza é, talvez, o ponto maisdelicado da regulagem da colhedora. Os ajus-

O côncavo é responsável por grande parte dotrabalho de separação dos grãos

As peneiras devem ser reguladas sempre naseguinte ordem: inferior, superior e retrilha

Ajuste do comprimento dahaste dos potenciômetros

A posição da calha no fundo do graneleiropode definir a velocidade de descarga

Fotos Paulo Verdi

elhor

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tes são bastante amplos, e pequenas variaçõespodem significar grandes mudanças nos resul-tados. As peneiras devem ser reguladas semprena seguinte ordem: inferior, superior e exten-são de retrilha, sempre com a inferior mais fe-chada, a superior, a intermediária e a extensãomais abertas.

Algumas máquinas apresentam no moni-tor da cabina sugestões de regulagem inicial daspeneiras, o que facilita o trabalho, mas na mai-oria das vezes o processo utilizado para essaregulagem é fechar totalmente a peneira inferi-or e jogar sobre a mesma um punhado de grãosretirados da lavoura que vai ser colhida. Feitoisso, a peneira deve ser aberta lentamente, en-quanto se observa o ruído dos grãos passandoatravés desta. A abertura deve ser interrompi-

Oprimeiro passo é conferir diari-amente os itens de serviço in-

dicados no manual do operador. De pos-se da lista, inspecione todos os pontossolicitados, faça as lubrificações indica-das e, só então, comece a regulagem.

A tensão correta de todas as correi-as, bem como seu estado, são fundamen-tais em uma colhedora de alto desempe-nho. Faça uma verificação geral.

Revise também as embreagens de se-gurança da colhedora e o estado da cai-xa de pedras.

PROCEDIMENTOSINICIAIS

Alguns modelos de colhedoras permitem o ajusteda altura da cortina do saca-palhas

Ajuste do direcionamento do vento naspeneiras (dir.) e em cascata (esq.)

da quando forem ouvidos os últimos grãos sedesprendendo da peneira.

Estando a inferior ajustada, a superior deveser um pouco mais aberta, algo como dois outrês milímetros. A extensão de retrilha deve fi-car ainda mais aberta que a peneira superior.

Além das peneiras, é muito importante ocontrole do vento. Devem ser ajustadas a in-tensidade e a direção do ventilador. Como con-ceito básico, deve-se levar em conta que a parteinicial das peneiras é a principal responsável pelalimpeza, portanto, na grande maioria dos ca-sos, o ar deve ser direcionado para essa parte.Além disso, a intensidade deve ser tal que opalhiço fique “flutuando” sobre as peneiras,possibilitando a passagem dos grãos pelas aber-

turas reguladas. Em certas situações, tem-se aimpressão que o excesso de vento está provo-cando perdas, e, na realidade, é exatamente ocontrário, a falta de pressão do ar faz com que opalhiço bloqueie a passagem entre as escamasdas peneiras, fazendo com que parte dos grãosnão encontre passagem e acabe sendo jogadopara fora da máquina.

No sistema de armazenamento e descar-ga, o único ajuste que pode ser feito é o dacalha no fundo do tanque graneleiro. A posi-ção dessa calha vai definir a velocidade dedescarga do produto. Em casos especiais,como no arroz, pela sua abrasividade, ou ofeijão, pela sua fragilidade, a regulagem deveproporcionar uma vazão não muito alta, sen-do que neste último caso algumas vezes serecomenda fazer a descarga com a rotaçãodo motor mais baixa para transportar os grãosmais suavemente.

A regulagem da peneira inferior deve ser sempre maisfechada do que a superior, a intermediária e a extensão

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mapas de produtividade

Tradicionalmente na agriculturae especificamente no que se re-fere à produtividade das culturas,

é muito comum a utilização de médias. Oque o produtor registra, geralmente, é de-terminado valor médio de produtividade emcada talhão, quando não em todas as áreasde sua propriedade.

A presença da variabilidade espacial ho-rizontal da produtividade, mesmo quandodetectada, geralmente não é quantificada elocalizada. Em tempos de constante reflexãosobre os aspectos ligados ao gerenciamento

da unidade produtiva, essa é uma questãorelevante quando se almejam competitivida-de e redução dos custos de produção.

A busca por eficiência tem instauradoum novo paradigma no campo, caracteriza-do como Agricultura de Precisão. Tais acon-

Grupo em treinamento, com o objetivo derepassar ao operador todos os benefícios

que as máquinas disponibilizam

PotencialprodutivoPotencialprodutivo

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Os mapas de rendimento podem fornecer importantes subsídios parapotencialização produtiva da agricultura brasileira. No entanto, emmuitos casos, onde disponíveis, eles encontram-se subutilizados

Os mapas de rendimento podem fornecer importantes subsídios parapotencialização produtiva da agricultura brasileira. No entanto, emmuitos casos, onde disponíveis, eles encontram-se subutilizados

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22 • Março 06

Consideramos aqui os resultadosobtidos em três áreas experi-

mentais com agricultura de precisão,situadas no Planalto Médio do Estadodo Rio Grande do Sul: uma área locali-zada no município de Palmeira das Mis-sões, com 57,4 ha (Coxilha Colorada),e outras duas no município de Não-Me-Toque, uma com 132,2 ha (área da La-goa) e a última com 125,5 ha (área Sch-midt). As áreas de Não-Me-Toque fa-zem parte do Projeto Aquarius, que visaconhecer e embasar cientificamente ociclo completo da agricultura de preci-são e envolve instituição de pesquisa(Universidade Federal de Santa Maria -UFSM), produtor rural (Fazenda Anna)e iniciativa privada (AGCO do Brasil,Stara Sfil e Bunge Fertilizantes – Serra-na). A outra é pertencente à famíliaSulzbach e vem sendo base de pesqui-sa ao setor de geomática e de manejodo solo (UFSM) desde 2001.

PRECISÃO A CAMPO

tecimentos contemplam objetivos diversos,como a racionalização do uso de insumos ea busca pela manutenção da qualidade dosrecursos naturais, a identificação das áreasprodutivas e suas potencialidades, como osaltos, médios e baixos rendimentos.

TECNOLOGIA EMBARCADAAs evoluções tecnológicas transcorridas

nas máquinas hoje disponíveis no mercado,como no caso das colhedoras de grãos, pro-porcionou uma ampliação na tomada deinformações, tais como o desempenho ope-racional das máquinas, a possibilidade dequantificação da produtividade e a caracte-rização de sua variabilidade - até então, emalguns casos, conhecida, mas não possívelde mensuração.

A tecnologia embarcada, em algumascolhedoras, como os monitores instaladosno interior de suas cabines, permitiu a am-pliação da interface homem/máquina ea obtenção de informações diversas, como:nível de combustível, rotação de eixos, ro-tação do motor, sistema elétrico, perdas degrãos no conjunto de peneiras e saca-palha,dentre outras informações. O desenvolvi-mento da engenharia permitiu também ainstrumentação com sensores para a quan-tificação da produtividade de grãos, cartãopara o armazenamento das informações eum Sistema de Posicionamento Global(GPS) para fornecer as coordenadas e per-mitir a espacialização das informações co-l e t a d a s .

Para o manejo do solo, esses adventostecnológicos apresentam-se como uma for-ma ágil, confiável e racional na averiguaçãodas causas da variabilidade da produção naslavouras. Em uma visão poética, é a própriaplanta expressando seus “sentimentos” emrelação ao solo, ao clima e às ações do ho-mem. O conhecimento da expressão do po-tencial produtivo pode ser a base para a to-mada de muitas decisões de manejo e ge-renciamento na propriedade, por expressaro êxito ou as limitações das ações desenvol-vidas, além de refletirem um passado recen-te, ou seja, as últimas intervenções, balizan-do novas ações para os próximos anos.

MAPAS DE RENDIMENTOEmbora seja considerado por muitos

autores como o ponto de partida, ou a maisimportante etapa do ciclo da agricultura deprecisão, os mapas de rendimento ainda nãoganharam seu devido espaço na agriculturabrasileira. Em muitas propriedades onde hádisponibilidade dessa tecnologia, geralmentetais ferramentas estão subutilizadas, ou de-ram espaço ao mapeamento de atributos dosolo (fósforo, potássio, pH, cálcio, magné-sio etc.).

Essa forma única e até certo ponto sim-plista de analisar as causas da variabilidadepode ser, inclusive, um risco no entendimen-to da variabilidade da área e no subsídio aoembasamento de ações de manejo necessá-rias. A análise de uma seqüência de mapasde produtividade, nesse caso, pode ser umaexcelente forma de definir unidades de ma-nejo em uma lavoura e o início da compre-ensão das possíveis causas e fatores que in-fluenciam a expressão do potencial produ-tivo.

Para a aplicação das técnicas da agricul-tura de precisão no manejo do solo é impor-tante quantificar a estrutura espacial da va-riabilidade. Se ela não apresenta estruturaespacial, ou seja, se não ocorre concentradaem áreas possíveis de serem manejadas, a

melhor estimativa de qualquer parâmetroobtido nessa área é o valor médio ou a medi-ana, e a melhor maneira de se manejá-la éusando os conceitos da agricultura conven-cional, por meio de manejo uniforme. Noentanto, se há comprovação dessa repetibili-dade estrutural na área, e as variabilidadesespacial e temporal remetem à definição deunidades de manejo, pela sua abrangência eespacialização, então, o mapa de rendimentopassa a ser uma ferramenta de fundamentalimportância no manejo do solo.

Em lavouras, definir as regiões de maiore menor expressão do potencial produtivopermite estabelecer estratégias de manejo,como a prescrição de taxas de aplicação defertilizantes visando repor as exportações denutrientes pelos grãos, ou a necessidade decorreção e manutenção dos teores de nutri-entes no solo, arranjo e população de plan-tas, escolha de variedades mais rústicas oude maior potencial produtivo, delimitaçãode regiões compactadas, além de opção porestratégias de melhoria ou manutenção daqualidade do solo por intermédio da imple-mentação e uso de plantas de cobertura dosolo e sistemas de rotações de culturas.

O comportamento da variabilidade es-pacial da produtividade pode assumir dis-tintas formas gráficas, por ser reflexo de umacomplexa interação de fatores ligados a as-pectos fisiológicos da cultura, condições cli-máticas e atributos referentes à qualidadedo solo.

Na Figura 1A observamos não haveruma tendência muito clara de organizaçãodas unidades de alta e baixa produção, en-quanto que nas demais áreas (Figura 1B e1C) isso se torna mais definido. Sendo as-sim, é aconselhável que as tomadas decisõesde manejo sejam baseadas em três ou maissafras, salvo os casos em que os problemassejam de fácil compreensão (presença deplantas daninhas, má drenagem, sulcos deerosão, falha no plantio etc.), ou caracteri-zados durante o próprio processo de colhei-ta através de tecnologias disponíveis nos mo-nitores das máquinas, denominados “mar-

Figura 1: Variabilidade espacial horizontal da produtividade de grãos após a sobreposição dos mapas obtidos em quatro (A), seis (B) e quatrosafras (C) para as áreas Schmidt, Coxilha Colorada e Lagoa, respectivamente. Fonte: Santi, A.L. 2005, tese de doutorado, dados não publicados

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“Para o manejo do solo, esses adventos tecnológicos apresentam-se como uma forma ágil,confiável e racional na averiguação das causas da variabilidade da produção nas lavouras”

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Não há uma “receita pronta” de como seobter os melhores resultados possíveis com a

tecnologia de agricultura de precisão

cadores”.Reportando-se à Figura 2, quando con-

sideramos o histórico dos vários mapas decolheita, observamos que as unidades debaixa e alta produtividade ocupam dimen-sões de 36% e 26%, 33% e 35%, 31% e 41%nas áreas Schmidt, Coxilha Colorada e La-goa, respectivamente. Isso demonstra quealgumas propriedades do solo devam estarse manifestando de forma diferenciada emlocais específicos, favorecendo o incremen-to na produção, quando comparados comos locais de baixa produtividade.

Os números também demonstram ha-ver possibilidade de, através do manejo,minimizarem-se as unidades de baixa pro-dutividade e, conseqüentemente, aumentara lucratividade da área. Isso é perfeitamen-te possível quando a busca do conhecimen-to do potencial produtivo do solo não se de-tém apenas a investigações acerca de atri-butos de ordem química. O atendimento derequisitos como a melhoria nas proprieda-des físicas, a agregação, densidade e a poro-sidade do solo, com efeitos conjuntos sobrea fertilidade do solo pode ser potencializa-do pelas expressões encontradas nos mapasde produtividade.

REDISCUSSÃO ESTRATÉGICASe comprovada a existência da variabi-

lidade, deve-se conduzir uma rediscussãodas estratégias de manejo adotadas até en-tão na agricultura convencional, onde setrabalha com valores uniformes de produti-vidade e de intervenção de manejo.

A análise sobre o potencial produtivopode auxiliar nas investigações das intera-ções entre os atributos físicos e químicos,orientando intervenções de manejo que con-duzam à gradual melhoria da qualidade dosolo. O teor de matéria orgânica e a infiltra-ção e armazenamento de água têm sido doisatributos de solo com comportamento dis-

tinto entre as zonas com diferente potenci-al de rendimento. Do ponto de vista econô-mico e ambiental, também se pode esperaruma racionalização dos insumos aplicados,especialmente fertilizantes.

Não há uma “receita pronta” de comose obter os melhoresresultados possíveiscom a tecnologia deagricultura de preci-são disponível, porémdestaca-se a impor-tância de procurarintegrar o maior nú-mero de informações(mapas de solo,acompanhamento delavoura, diagnose fo-liar, mapa de rendi-mento) na tomada dedecisões.

Como em tudoque é novo, na agri-cultura de precisãotambém há muitasdúvidas de como pro-ceder e sobre o que re-almente pode ser ado-tado e é aceitável den-tre as formas de seconhecer a variabili-dade e embasar aspráticas de manejo nosentido de melhorar eminimizar a variabi-lidade nas lavouras.Enquanto a pesquisaavança e os agriculto-res inovadores adqui-rem a necessária ex-periência, o racional éestar amparado emmais de uma estraté-gia na busca de res-

Qualquer erro do operador ou regulageminadequada da máquina resultará em

destruição inadequada

Antônio e Telmo falam sobre avaliaçãodo potencial produtivo do solo com base

em mapas de rendimento

postas conectadas com a realidade de cadalavoura e propriedade.

Antônio Luis Santi eTelmo J. C. Amado,UFSM

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Figura 2: Variabilidade espacial horizontal da produtividade de grãos após a sobreposição dos ma-pas obtidos em quatro (A), seis (B) e quatro safras (C) para as áreas Schmidt, Coxilha Colorada eLagoa, respectivamente. Fonte: Santi, A.L. 2005, tese de doutorado, dados não publicados

New Holland

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24 • Março 06

monitoramento

Écada vez mais comum o uso demonitores eletrônicos nas colhe-doras, permitindo ao operador a

observação instantânea de diversos pontos damáquina e dos resultados da colheita. Essesmonitores são como painéis digitais que en-globam diversos instrumentos em um só mó-dulo. Perdas, produtividade por hectare, áreacolhida e velocidade dos eixos são algumas dasinformações que dão ao operador condiçõesde tomar decisões mais facilmente e com maisacerto.

Mas quais são as decisões que o operadorrealmente pode tomar baseado nos instrumen-tos? Como as informações apresentadas nes-ses monitores eletrônicos podem fazer o ope-rador e a máquina renderem mais?

Vamos começar com uma das informações

mais comumente monitoradas nas colhedo-ras: as perdas de peneiras e saca-palhas.

MONITORANDO AS PERDASUm monitor de perdas é, na realidade, um

monitor de capacidade da máquina, ou seja,ele vai indicar quando o operador pode au-mentar a velocidade da máquina, aumentan-

do seu rendimento sem aumentar as perdas, equando deve diminuir para evitar que essasperdas se tornem excessivas.

E como funcionam os monitores de per-das? Sensores instalados nas partes finais dacaixa de peneiras e em algumas calhas do saca-palhas sentem o impacto de grãos que estãosendo perdidos e geram um sinal elétrico pro-

Verificação das perdas por metroquadrado, realizada durante

treinamento para operadores

Colheita àsclarasColheita àsclaras

O tempo da colheita “às cegas” já era, os operadores das colhedoras atuaisagora podem contar com uma série de instrumentos que lhes dão condições dedesempenhar o seu trabalho com muito mais eficiência, aproveitando tudo oque as máquinas podem oferecer

O tempo da colheita “às cegas” já era, os operadores das colhedoras atuaisagora podem contar com uma série de instrumentos que lhes dão condições dedesempenhar o seu trabalho com muito mais eficiência, aproveitando tudo oque as máquinas podem oferecer

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“Um dos desafios atuais, para os operadores, é a mudança de cultura; eles estãoacostumados com máquinas mais antigas, sem recursos de monitoração”

Março 06 • 25

As perdas na colheita são ineren-tes à mecanização, ou seja, não

existe colhedora que tenha índice de per-das igual a zero, mas uma boa regula-gem de plataforma, trilha e sistema delimpeza vai minimizar bastante esse pro-blema. Isso nos leva a um dos pontosmais importantes: o fato de ter umamáquina com monitoração de perdas nãovai dispensar o operador das regulagensmecânicas, ou seja, o monitor dá umaidéia ao operador de como está a perdaem relação a um valor de referência, masesse valor é definido pelo próprio opera-dor. É ele que deve ter o conhecimentopara identificar quando a regulagem damáquina está no seu melhor ponto, sen-do que, o valor de perdas nesse pontoservirá de referência para os sensores du-rante toda a colheita.

BOA REGULAGEM

porcional à quantidade de impactos. O moni-tor vai mostrar, então, uma indicação com aintensidade desse sinal elétrico, normalmenteatravés de um gráfico de barras. É importantenotar que nem todos os grãos perdidos tocamnos sensores, ou seja, a monitoração é feitapor amostragem.

Um dos desafios atuais, para os operado-res, é a mudança de cultura; eles estão acostu-mados com máquinas mais antigas, sem re-cursos de monitoração. A grande maioria ava-lia as perdas só visualmente e tem na cabeçareferências do tempo em que tanto as máqui-nas quanto as lavouras produziam bem me-nos. É preciso colocar um pouco mais de ci-ência na verificação das perdas, afinal, umavez identificado o melhor ajuste, ele será refe-rência para todo o trabalho. Juntar os grãos

perdidos em uma área conhecida (um metroquadrado, por exemplo), pesá-los e compararo resultado com a produtividade da lavourana mesma área é a forma mais indicada deavaliar as perdas. Valores inferiores a 1% daprodutividade da lavoura são consideradoscomo perdas baixas e são bons valores de refe-rência para calibração dos sensores.

Depois de toda regulagem da máquina, ooperador deverá ajustar o monitor de perdas,fazendo com que o que está acontecendo naprática seja corretamente apresentado no ins-trumento, o que é feito através dos controlesde sensibilidade do monitor e dos sensores.Colhendo com a regulagem otimizada e combaixas perdas, o operador ajusta a sensibilida-de do monitor para que a indicação do mes-mo também fique baixa. Feito isso, o monitorvai ter a sua referência e vai poder indicar aooperador tanto o aumento quanto a reduçãodas perdas.

Com essa monitoração calibrada e facil-mente visualizada, o operador vai poder de-cidir qual a velocidade máxima em cada pon-to, fazendo a colhedora render ao máximo.Indicações de perdas mais altas que a de re-ferência, certamente provocadas por umaárea de grande produtividade, de maior vo-lume de massa (com plantas invasoras, porexemplo) ou por inclinação excessiva do ter-reno, vão sugerir ao operador que reduza avelocidade. Por outro lado, se a indicaçãode perda diminuir, é sinal que o volume dematerial diminuiu, ou que o terreno está fa-vorável, e o operador poderá aumentar a ve-

Operador trabalhando comajuda do monitor eletrônico

Datavision

Mapa de rendimento elaborado por colheitadeira commonitor de rendimento e antena GPS

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GCO

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26 • Março 06

Obom resultado, portanto, de-pende sempre do operador, seja

para regular a máquina e calibrar corre-tamente o monitor, seja para interpretara leitura do mesmo e tomar as ações in-dicadas. Torna-se necessária, portanto,uma nova visão, para educar o operadorcom relação aos novos equipamentos, oque representa mais do que treiná-lo, épreciso fazer com que ele mude de refe-rencial e confie na indicação do monitorpara começar a usá-lo. Para isso, alémde lhe passar o conhecimento técnico dosistema, é importante quebrar a culturaexistente. Algumas vezes, o operador criauma barreira mental que não lhe permitepassar de uma determinada velocidade,impedindo-lhe de tirar o máximo da má-quina. Sem essa re-educação, os moni-tores vão ser apenas indicadores semsentido, investimentos que não estarãodando retorno.

PAPEL DO OPERADOR

locidade, rendendo mais com o mesmo equi-pamento.

CONTADOR DE ÁREAOutro exemplo de monitoração, que vai

ser útil ao operador e ao produtor, é o con-tador de área colhida. Avaliando quanto foicolhido no final de cada dia, o produtor con-segue visualizar antecipadamente se seu ma-

quinário vai dar conta ou não de toda a la-voura. A decisão de contratar ou não umamáquina de terceiro, para complementar acolheita, pode ser tomada com mais calmae com mais precisão. Até mesmo a troca damáquina por uma maior, ou a aquisição deoutra, podem ser decididas com base na in-formação de área colhida por dia.

Além dessas informações relativas aorendimento do trabalho, a monitoração dofuncionamento da própria máquina melho-ra o resultado da colheita, pois ajuda o ope-rador na programação das ações de manu-tenção, fazendo com que a máquina fiqueparada o menor tempo possível. Através damonitoração da rotação dos eixos do siste-ma industrial, por exemplo, pode-se identi-ficar se uma correia está sofrendo escorre-gamento excessivo, permitindo que as pro-vidências para esticá-la sejam tomadas como mínimo possível de prejuízo ao trabalho.Isso sem falar nas funções de proteção dos

componentes vitais da máquina, tais comopressão de óleo e temperatura da água domotor ou temperatura do óleo hidráulico.

Por todos esses benefícios, a inclusão decomponentes eletrônicos como sensores eindicadores digitais é uma tendência semvolta e que está em plena expansão. Bastalembrar da inclusão dos sistemas de corteautomatizados, controlados eletronicamen-te, que foram a principal melhoria já intro-

Outras monitorações podem afe-tar até mais profundamente a

vida do produtor, podem mudar a formacom que ele gerencia sua lavoura. Moni-tores de rendimento, associados a recep-tores GPS e a dispositivos para armaze-namento de dados, podem proporcionarao produtor uma visão completamentenova da sua lavoura, uma visão com aqual se vê claramente quais as áreas quetiveram uma boa produtividade e quaisproduziram abaixo do esperado, quais asáreas apresentaram lucro e quais sequerpagaram os custos de produção. Comessas informações na mão, o agricultorestará entrando na chamada Agriculturade Precisão e poderá tratar cada área se-paradamente, atacando os problemas es-pecíficos de cada ponto, dedicando me-nos recursos e energia diminuindo oscustos e o impacto ambiental.

NOVA VISÃO

Sensor de rotação do picador de palha;qualquer alteração de rotação é transmitida

ao monitor instantaneamente

Ajustes de sensibilidade dos sensores de perdas de saca-palhas e peneiras no monitor Datavision, além de outras informações

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“Por todos esses benefícios, a inclusão de componentes eletrônicos como sensores eindicadores digitais é uma tendência sem volta e que está em plena expansão”

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Sensor de perdas de peneirasprecisa ser calibrado pelooperador

– Paulo Verdi explica sobre a utilizaçãocorreta dos monitores e ferramentas de

precisão na colheita

duzida nas colhedoras. Antes desses siste-mas a velocidade de colheita era limitadapela velocidade da reação do operador. Asmelhorias na qualidade do trabalho e no ren-

dimento, proporcionadas por essa tecnolo-gia, comparadas ao pequeno acréscimo decusto, fazem com que esses itens estejamcada vez mais presentes no campo. O pró-

ximo desafio é educar os operadores paraque parem de confiar somente nos seus ins-tintos e sigam as “dicas” que as próprias co-lhedoras estão lhes dando.

Paulo Verdi,AGCO do Brasil

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aplicação aérea

Embora ainda não acontecendo noBrasil, mas sim em diversos paí-ses do mundo, vários defensivos

agrícolas já trazem em suas bulas uma reco-mendação sobre o tipo de pulverização quedeve ser feita, utilizando uma determinadaclassificação de espectro de gotas.

Dessa forma, os aplicadores de defensi-

vos agrícolas precisam ter conhecimento so-bre essa classificação para atender às especi-ficações dos produtos. Da mesma maneira,os aplicadores também necessitam sabercomo preparar suas aeronaves para produzira pulverização que atenda àquelas caracte-rísticas do espectro de gotas indicado nosprodutos químicos.

Assim, estarão atendendo às especifica-ções das bulas e, ao mesmo tempo, procu-rando diminuir a deriva dos produtos, redu-zindo as conseqüências da poluição do meioambiente.

O presente trabalho tem por objetivostrazer aos operadores de aviação agrícola noBrasil algumas das informações já existentesa respeito das pulverizações que podem serproduzidas pelas aeronaves agrícolas.

As tabelas e planilhas eletrônicas que se-rão apresentadas neste trabalho foram pu-blicadas pelo Departamento de Agriculturados Estados Unidos, sendo a tradução parao português devidamente autorizada peloUSDA-ARS.

FATORES INTEREFERENTESAs características do bico utilizado, a pres-

são de trabalho e a velocidade de vôo são osfatores primários que influem na pulveriza-ção aérea, portanto, definindo o espectro degotas produzido. Entende-se por caracterís-ticas do bico utilizado o seu projeto, formade jato emitido e também a sua posição emrelação ao fluxo de ar que passa por ele quan-

Espectro de gotas

O tamanho adequado das gotas nas pulverizações aéreas, recomendação jápresente na bula de diversos defensivos agrícolas fora do Brasil, além de

conferir maior eficiência à aplicação, pode diminuir a deriva dos produtos eminimizar a poluição ambiental

A aplicação aérea exige uma série de cálculos ecuidados específicos relacionados a tipos de asas,condições de vento e velocidade da aeronave

Fotos Kuhn Metasa

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“As características do bico utilizado, a pressão de trabalho e a velocidadede vôo são os fatores primários que influem na pulverização aérea”

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Tipo de Bico1 – Bico CP-032 – Bico CP-093 – Bico CP 11TT4 – Bico de Jato Leque 40° (orifícios maiores)5 – Bico de Jato Leque 40 (orifícios menores)6 – Bico de Jato Leque 807 – Bico de Jato Cônico Vazio com Difusor 46 (em cerâmica)8 – Bico de Jato Cônico Vazio com Difusor 46 (metático)9 – Bico de Jato Cônico Cheio com Difusor 56 (metálico)10 – Bico de Jato Sólido (Ponta de Orifício)

FabricanteCP Products, Inc. USACP Products, Inc. USA.CP Products, Inc. USA

Spraying Systems Co., USASpraying Systems Co., USASpraying Systems Co., USASpraying Systems Co., USASpraying Systems Co., USASpraying Systems Co., USASpraying Systems Co., USA

TABELA 1 – Bicos de Pulverização Avaliados pelo USDA-ARSdo do vôo de aplicação.

ESPECTRO DE GOTASA Associação Americana de Engenheiros

Agrícolas (ASAE) desenvolveu um critériopara padronizar a obtenção e a caracteriza-ção das pulverizações. Essa norma define ascategorias de Classificação do Espectro deGotas (CEG) como Muito Fina (MF), Fina(Fina), Média (M), Grossa (G), Muito Grossa(MG) e Extremamente Grossa (EG).

Essas categorias são definidas através deuma série de bicos de referência, operadosde acordo com a norma ASAE, e a mediçãodo tamanho de gota da pulverização é feitacom espectrômetro de raio laser.

BICOS TESTADOSNesse trabalho da USDA-ARS, foram ava-

liados, entre outros, os seguintes bicos de pul-verização (com os seus respectivos fabrican-

tes), mostrados na Tabela 1:Outros bicos também fo-

ram avaliados (Jato Sólido Du-plo Lund, Jato Sólido de Filei-ras Simples e Dupla da Accu-Flo, CP-DR Alto Volume e RDRaindrop). Alguns deles so-mente para helicópteros, e ou-tros, para os dois tipos de aero-naves: asa fixa e rotativa.

TABELAS PUBLICADASAs tabelas exibidas na pu-

blicação da USDA-ARS sãoseparadas por tipo de aeronave: asa fixa ourotativa. O aplicador deve procurar o tipo debico, a combinação de ponta de orifício e di-fusor (para jato cônico), e as diferentes com-binações de tamanho dos bicos, ângulos deinclinação e pressão de trabalho.

As tabelas mostram os valores de DV0,5

(diâmetro mediano volumétrico), a CEG(classificação do espectro de gotas) e %<100µm (porcentagem do volume pulverizado emgotas menores que 100 µm) para cada com-binação de tamanho de orifício e ângulo debico, para uma faixa de pressão de trabalho ede velocidade de vôo das aeronaves. Estima-

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30 • Março 06

Cristofoletti mostra como calcular eregular o tamanho das gotas em

aplicações de defensivos

Limites das CategoriasMF/FF/MM/G

G/MGMG/EG

Bico01F11003F11006F11080086510

Pressão (bar)4,53,02,02,52,0

Fabricante (*)Delavan Technologies, Inglaterra

Lurmark Ltd., InglaterraLechler GmbH, Alemanha

Spraying Systems Co., USASpraying Systems Co., USA

DMV (**)182µm280µm429 m531 m655µm

Tabela 2 – Bicos de referência para a classificação das Categorias de Espectro de Gotas, da Norma ASAE S-572 AUG99

(*) Womac, A.R. e outros – Measurement variation in reference sprays for nozzles classification. Transactions of the ASAE, 42(3), 1999. 609-616(**) ARS College Station PMS

tivas dos parâmetros da pulverização parapressões e velocidades intermediárias podemser feitas pela interpolação dos entrepontosidentificados nas tabelas.

A publicação traz cerca de 280 tabelaspara as diferentes situações de tipos e tama-nhos de bico, ajustes de ângulo, pressões evelocidades (ver Tabela 2).

PLANILHAS ELETRÔNICASA publicação do USDA-ARS traz anexa-

do um CD-Rom com as tabelas e com plani-lhas eletrônicas formatadas em MicrosoftExcel que facilitam a utilização. Essas plani-lhas também estão disponíveis na internet.Para melhor compreensão dos aplicadoresbrasileiros, solicitamos a autorização para tra-duzir os textos das planilhas para o idiomaportuguês, sendo que estas (para aeronavesde asa fixa) podem ser acessadas no site doSindag – Sindicato Nacional das Empresasde Aviação Agrícola.

O aplicador deve selecionar a planilha dotipo de bico a ser usado. Depois ele deve en-trar com os dados referentes ao tamanho dobico, ângulo de pulverização (ou outro parâ-metro especificado), pressão de pulverizaçãoe velocidade de vôo. Com a entrada dessesdados, a planilha mostrará vários parâmetrosda pulverização esperada para aquelas con-dições especificadas.

Na planilha aparecem os dados referen-tes ao DV0,5 (diâmetro mediano volumétrico),à Amplitude Relativa – AR (medida da faixa

de tamanho de gotas no espectro da pulveri-zação, onde números menores indicam umafaixa mais estreita de tamanho de gotas naporção mediana de 80% do volume pulveri-zado), às percentagens do volume pulveriza-do em gotas menores que 100 µm e 200 µm(indicação da quantidade potencial da pul-verização mais sujeita à deriva) e à CEG –Classificação do Espectro de Gotas da pul-verização, de acordo com a Norma ASAES572 AUG99 (ver Figura 1).

A planilha permite ao operador fazer di-ferentes simulações, como troca de tamanhodo bico, alteração da pressão, de ângulo dobico e mesmo da velocidade de vôo, para ve-rificar os diferentes resultados que podem serobtidos nas aplicações. Veja o exemplo a se-guir:

Para uma aplicação com aeronave de asafixa e para atender a uma especificação doproduto para uma pulverização com CEG(categoria de espectro de gota) Grossa, o ope-rador selecionou um disco de orifício de jatosólido com o objetivo de produzir um espec-tro de gotas relativamente grande, com bai-xo potencial de deriva. Foi selecionado o ori-fício de tamanho 12 para dar a vazão apro-

priada, em função do número de bicos exis-tentes na aeronave. Os bicos são orientadospara trás (0°) para reduzir o efeito do atritodo ar na pulverização. A velocidade de vôonormalmente é de 130 mph, e a pressão detrabalho é de 30 psi. Colocando esses valoresna planilha apropriada, a CEG aparecerácomo Média (ver Figura 2).

O operador deve então ajustar os fatoresoperacionais, para obter uma CEG Grossa, eentender que a velocidade de vôo e a pressãode trabalho são fatores primários no contro-le do tamanho de gota e da CEG para bicosde jato sólido.

As alternativas a serem consideradas pelooperador são: diminuição da velocidade devôo, ou aumento da pressão de pulverização,ou ambas. Entrando com os dados de pres-são aumentada para 60 psi e velocidade devôo reduzida para 120 mph, a planilha indi-cará uma CEG Grossa, com o orifício de ta-manho 12 (ver Figura 3).

Reduzindo a velocidade de vôo e aumen-tando a pressão de trabalho, haverá alteraçãona taxa de aplicação, de tal maneira que obico de tamanho dez será mais apropriadopara essas novas condições. Mudando para oorifício de tamanho dez e mantendo a velo-cidade de 120 mph e pressão de 60 psi, a CEGproduzida também é Grossa, atendendo àsespecificações do produto (ver Figura 4).

É importante notar que a planilha esti-ma que a porcentagem de gotas altamentederiváveis do espectro (menores que 100µm), foi reduzida de mais de 5%, com a con-figuração normal usada pelo operador, paramenos de 1% com a alternativa selecionada.

Com exceção das planilhas relativas aos

Char

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“As alternativas a serem consideradas pelo operador são: diminuição davelocidade de vôo, ou aumento da pressão de pulverização, ou ambas”

Cálculos mal feitos ou alterações de condiçõesclimáticas que passam despercebidas durante aaplicação,podem comprometer a operação

bicos CP-09, Jato Cônico com ponta e difu-sor (metálico) e Bico de Jato Cônico componta e difusor (metálico), as outras plani-lhas mostram também o gráfico da NormaASAE S-572 AUG99. Nesse gráfico apare-cem as curvas do espectro de gotas dos bicosde referência, que servem de limite entre asdiversas categorias, e a curva do bico selecio-nado, nas condições específicas daquele tra-

balho (ver Figuras 5 e 6).As curvas que limitam as categorias são os

espectros desenvolvidos por distintos tipos debicos de pulverização, chamados de referên-cia, isto é, um determinado tipo de bico, deum determinado fabricante e em uma deter-minada pressão de trabalho (ver Tabela 2).

A Figura 5 mostra a curva do espectro degotas da pulverização do bico de jato sólido,

disco de orifício D12, na pressão de 30 psi evelocidade de vôo de 130 mph (em verme-lho). O espectro começa da categoria Grossa(DV0,1), passando depois para a categoria Mé-dia (DV0,5) e (DV0,9). Nesse caso, quando a cur-va do espectro de gota passa por duas ou maiscategorias, essa pulverização é classificada nacategoria mais fina, ou seja, Média.

A Figura 6 mostra a curva do espectro degotas da pulverização do bico de jato sólido,disco de orifício D10, na pressão de 60 psi evelocidade de vôo de 120 mph (em verme-lho). O espectro começa na categoria MuitoGrossa (DV0,1), passando depois para a cate-goria Grossa (DV0,5) e (DV0,9). Nesse caso, essapulverização é classificada na categoria Gros-sa.

Para qualquer informação adicional ouesclarecimentos sobre o assunto, manter con-tato com o autor pelo endereço eletrô[email protected].

José Carlos Christofoletti,Engenheiro Agrônomo

M

Embraer

Page 32: Maquinas 50

32 • Março 06

informações técnicas

Aintegração lavoura-pecuária(ILP) é uma alternativa de ren-da para os produtores de grãos

no período de entressafra, minimizando adependência em relação às culturas de ve-rão. O sistema deve buscar a melhor com-binação no manejo e gerenciamento das ati-vidades, tanto no verão quanto no inverno,de forma que a produção animal não preju-dique a produção de grãos e vice-versa. Asduas atividades desenvolvidas de forma iso-lada podem ser sustentáveis em um deter-minado período, mas não se perpetuam,uma vez que ambas são cíclicas, sendo ora ocenário pecuarista mais favorável, ora o agrí-cola. A visão de atividades complementaresdeve ser levada em consideração na tomadade decisões.

Mesmo nesse sistema intensivo, em queas áreas são utilizadas ao longo de todo oano, é possível afirmar que a rotação pasta-gem-cultura de grãos seja uma das opçõesmais promissoras para o desenvolvimentode alternativas de produção mais sustentá-

veis no tempo.Muitos produtores ainda relutam em

adotar a integração lavoura-pecuária pelodesconhecimento dos efeitos do pisoteioanimal sobre o solo, acreditando que esse

sistema possa dificultar o estabelecimentoe desempenho da cultura subseqüente. Es-sas dúvidas estão relacionadas, principal-mente, com as propriedades físicas do solo,como a compactação, o aumento na resis-

Muitos produtores ainda acreditam que osefeitos do pisoteio dos animais dificultem o

desempenho das culturas subseqüentes

Propriedadeotimizada

Propriedadeotimizada

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O solo suporta, além dos rodados das máquinas agrícolas, o pisoteio de animaisem pastejo? Esse é o principal questionamento do produtor interessado em

otimizar sua propriedade adotando um sistema de integração lavoura-pecuária

O solo suporta, além dos rodados das máquinas agrícolas, o pisoteio de animaisem pastejo? Esse é o principal questionamento do produtor interessado em

otimizar sua propriedade adotando um sistema de integração lavoura-pecuária

Page 33: Maquinas 50

“A compactação do solo pelo pisoteio animal ocorreprincipalmente nos 10 cm superficiais”

tência à penetração das raízes, a diminui-ção da porosidade, a capacidade de infiltra-ção e o armazenamento de água no solo.

Éfato inferir que o tráfego de má-quinas e o pisoteio de animais são

as principais causas da compactação dosolo, e, conseqüentemente, do compro-metimento da capacidade produtiva dasáreas agrícolas. Considerando um siste-ma que aplique ambos os fatores cita-dos (ILP), o risco torna-se potencialmen-te maior. No entanto, em todo o Brasil,as pesquisas têm demonstrado que omanejo correto da altura de pastagem, ocontrole da carga animal imposta ao soloe um tráfego controlado não causam au-mento relevante no estado de compac-tação do solo, porém são essenciais paraum bom andamento dessa opção de in-tegração.

TRÁFEGO + PISOTEIODessa forma, além de diminuir a água dis-ponível para as culturas, aumentando o pe-ríodo de déficit hídrico, diante da ocorrên-cia de período de estiagem, afeta também adinâmica e mobilidade de nutrientes neces-sários às plantas.

COMPACTAÇÃO ADMINISTRADAO risco de agravar as perdas na lavoura,

devido à compactação excessiva, pode serplenamente administrado, basta seguir oscuidados recomendados.

A compactação do solo pelo pisoteio ani-mal ocorre principalmente nos 10 cm su-perficiais. Em profundidades maiores, nor-malmente não há evidências de alteraçõesnas propriedades físicas do solo. Já na seme-adura direta, a compactação do solo podeocorrer em maiores profundidades, isso de-vido ao tráfego de máquinas, muitas vezes,realizado com a umidade do solo inadequa-da para as operações agrícolas, o que acabacomprometendo a estrutura do solo.

A ocorrência de compactação do solo,seja por pisoteio animal ou tráfego de má-quinas, já é consenso entre pesquisadores eprodutores, o que precisamos saber na prá-tica é se essa compactação se refletirá em

Haste instrumentadapara aquisição deesforço de tração comprometimento da produtividade agríco-

la e da sustentabilidade ambiental do siste-ma, além de conseguir quantificá-la e iden-tificar níveis toleráveis de compactação, paraembasar decisões.

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34 • Março 06

Alguns dos benefícios da utiliza-ção da integração lavoura-pecu-

ária (ILP) podem ser descritos como:• possibilidade de renovação das pas-

tagens a custos menores;• ressemeadura natural de algumas

espécies forrageiras e antecipação do pe-ríodo de pastejo;

• favorecimento da pastagem devi-do ao residual de adubação das culturasde verão;

• utilização da forragem nas épocasmais críticas do ano;

• menor incidência de pragas e do-enças devido à quebra dos ciclos bioló-gicos pela rotação de pastagens e culti-vo de grãos;

• maior rentabilidade e diversificaçãono momento da comercialização de pro-dutos (grãos/carne/leite ou lã);

• aumento da liquidez pela possibi-lidade de realização financeira imediatacom a comercialização de animais;

• ciclagem de nutrientes no solo(adubo, esterco, urina e atividade bioló-gica intensificada).

BENEFÍCIOS DA ILP

As diferentes alturas residuais da pasta-gem, resultantes da pressão de pastejo, in-fluenciam as operações agrícolas. Áreas commaior quantidade de resíduos de pastagemsobre o solo tendem a aumentar a patina-gem do trator, necessitando ajustes na las-tragem dos rodados de tração. Também in-fluenciam o desempenho dos órgãos ativosde semeadoras-adubadoras.

Em estudos realizados pelo Setor deMecanização Agrícola do Departamento deSolos da Universidade Federal do Rio Gran-de do Sul (UFRGS), na Fazenda Cerro Co-roado, em Tupaciretã (RS), a força de tra-ção (kgf) medida nas hastes sulcadoras deadubo, operando a 6 ou a 12 cm de profun-didade, praticamente duplicou nos potrei-ros com intensidades de pastejo elevadas (10cm de altura de pastagem residual), quan-do comparada com a dos potreiros em que apastagem de inverno não sofreu pastejo, ou

com a dos que permaneceram com uma pas-tagem residual maior (40 cm).

Alturas residuais de pastagem iguais oumaiores que 30 cm mantiveram a qualida-de física do solo semelhante à de área ondenão ocorreu pastejo. O controle sobre aquantidade residual de pastagem foi feitopor carga animal ou por tempo de pastejo,mantendo-se animais fixos nos potreiros eoutros exercendo função de reguladores.

As avaliações de resistência do solo àpenetração, utilizando-se um penetrômetroeletrônico, foram feitas até 45 cm. Em con-sonância com a força de tração medida nashastes sulcadoras, a resistência do solo àpenetração, quando avaliada até 10 cm deprofundidade, aumentou com a elevação daintensidade de pastejo. Mesmo ocorrendoaumento nos valores dos parâmetros avali-ados, os mesmos estão aquém dos citadosna literatura técnica como restritivos ao de-

senvolvimento das culturas.

HASTES INSTRUMENTADASA Fazenda Cerro Coroado, diante da

adoção do sistema de integração lavoura-pecuária(ILP), optou pela utilização de se-meadoras equipadas com hastes sulcadoras,na semeadura direta de soja.

Quanto ao desempenho, as hastes sul-cadoras, que têm como uma das suas fun-ções reverter possíveis zonas de compacta-ção na linha de semeadura, acabam mobili-zando uma menor seção de sulco com umamesma demanda de tração. A diminuiçãoda seção de solo mobilizado ocorre tanto pelaredução na profundidade de atuação comopelo menor rompimento lateral. Essa redu-ção é conseqüência da compactação do solodevido ao pisoteio animal.

O manejo do solo e o manejo aplicadoaos animais de uma área em ILP são fatoresdeterminantes da sustentabilidade do sis-tema. A utilização do sistema de semeadu-ra direta é importante devido à proteção fí-sica do solo evitando a erosão. A semeaduradireta tem por princípios básicos o mínimo

Perfilômetro utilizadopara medição da seção do sulco

mobilizado pelas hastes sulcadoras

Osmar e Carla trabalharamno projeto, juntamente com os

professores Renato Levien e Carlos Trein

Visão da linha dasemeadora, onde a hasteinstrumentada foi instalada

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“A diminuição da seção de solo mobilizado ocorre tanto pela redução naprofundidade de atuação como pelo menor rompimento lateral”

revolvimento do solo (somente no leito desemeadura), a rotação de culturas e a co-bertura do solo durante o ano todo, seja porresíduos culturais, ou por cobertura vege-tal.

Então, se o solo deve ficar coberto o anotodo, a pastagem não pode ser “raspada” pe-los animais, que tanto podem estar em nú-mero muito superior ao que a área permitesuprir com forragem, ou mesmo em númeroreduzido, mas com grande demanda perma-necendo por muito tempo na mesma área.

Esse é o ponto mais crítico para enten-dimento dos agricultores que queiram ado-tar o sistema ILP: não exagerar na explora-ção da pastagem, consumindo toda a forra-gem, sem deixar um mínimo de vegetaçãosobre o solo, após a retirada dos animais oua rotação de potreiros.

A possibilidade de compactação do solodevido ao pisoteio, motivo de receio paraos produtores em relação ao pastejo de ani-mais em áreas agrícolas, depende de diver-sos fatores, entre eles: peso dos animais,

Grupo de Relação Solo-Máquina daPPGCS e UFRGS, que desenvolveu o

trabalho com hastes instrumentadas

método de pastejo, carga animal instantâ-nea, características do solo, teor de maté-ria orgânica, cobertura do solo, manejo dasplantas e umidade do solo no momento dopastejo.

Osmar Conte,Carla Cepik,Renato Levien eCarlos Ricardo Trein,UFRGS M

Page 36: Maquinas 50

arrefecimento

36 • Março 06

Os motores são cada vez me-nores e mais potentes. A po-tência que antigamente era

produzida por um motor de seis cilindrosatualmente é proporcionada por um mo-tor de quatro cilindros e com menor con-sumo de combustível.

Isso só foi possível com a evolução emtodos os sentidos: materiais, precisão di-mensional dos componentes, sistema deinjeção de combustível, lubrificantes etc.Com isso, o sistema de arrefecimentotambém precisou ser aperfeiçoado, pois,para obter altas potências, submete-se omotor a elevadas pressões, esforços e tem-peraturas. Como estamos falando de sis-tema de arrefecimento, vamos nos con-centrar na temperatura.

Nos motores, inclusive os agrícolas,utiliza-se o sistema de arrefecimento, quepor definição é o esfriamento de um cor-po ou fluido que se encontra em tempe-ratura elevada, para uma temperaturaigual ou superior à ambiente.

A temperatura elevada não deve servista como um problema, pois, teorica-mente, quanto mais quente o motor tra-balhar, melhor será o desempenho. Sedissiparmos uma quantidade excessiva decalor através do sistema de arrefecimen-to, haverá perda de desempenho e/ou au-

mento de consumo de combustível.Naturalmente, a temperatura preci-

sa ser limitada, pois os materiais utiliza-dos na construção dos motores, por maisque tenham evoluído, apresentam limi-tações na temperatura a que podem sersubmetidos.

Eis aí a responsabilidade do sistemade arrefecimento: permitir que o motoratinja a temperatura ideal de funciona-mento no menor tempo possível após apartida e evitar o superaquecimento, in-dependentemente das condições ambien-tais e da carga aplicada, salvo exagerosextraordinários. Em outras palavras, omotor precisa aquecer adequadamente

trabalhando na neve e não superaquecerem trabalho pesado em dia de verão tro-pical!

Consciente do tamanho da responsa-bilidade do sistema, vemos como perti-nentes as justificativas para os devidoscuidados na manutenção do conjunto.

Vamos analisar duas situações extre-mas de descontrole de temperatura e seusefeitos. Ressaltamos que, na análise abai-xo, trabalhar sob temperatura baixa ouexcessivamente alta, não tem relação coma temperatura ambiente, mas, sim, coma temperatura interna, controlada pelosistema de arrefecimento.

Motor MWMaplicado em

autopropelido da Pla

Osistema de arrefecimentomuitas vezes é denominado

de “sistema de refrigeração”. Isso nãoé correto, pois a refrigeração visa bai-xar a temperatura de um corpo ou flui-do para abaixo da temperatura ambi-ente. É o que ocorre nas geladeiras, arcondicionado etc., não nos motores.

ARREFECIMENTO OUREFRIGERAÇÃO

Sistema dearrefecimentoNas máquinas agrícolas o sistema de arrefecimento permite que o motortrabalhe sempre na temperatura ideal, evitando o superaquecimento, além deproporcionar melhor desempenho do conjunto e menor gasto de combustível

Sistema dearrefecimentoNas máquinas agrícolas o sistema de arrefecimento permite que o motortrabalhe sempre na temperatura ideal, evitando o superaquecimento, além deproporcionar melhor desempenho do conjunto e menor gasto de combustível

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“A temperatura elevada não deve ser vista como um problema, pois, teoricamente,quanto mais quente o motor trabalhar, melhor será o desempenho”

TEMPERATURAS BAIXASOs pistões possuem uma pequena folga

em relação às camisas dos cilindros. Quan-do o motor atinge a temperatura normal defuncionamento, o pistão dilata um pouco,deixando uma folga ideal, que proporcionaa correta vedação dos anéis.

Então, o que ocorre se o motor traba-lha em temperatura insuficiente? Temosum ciclo vicioso, semelhante ao que ocor-re no amaciamento mal feito, conformeedição 42 de Cultivar Máquinas:

• Pistão não corretamente dilatadotrabalha com folga excessiva em relaçãoao cilindro;

• Os anéis não são corretamente an-corados pelas canaletas, prejudicando avedação e o controle da película de óleo.Aumenta-se o consumo de combustívele perde-se rendimento;

• Além da fuga parcial da pressão(energia mecânica desperdiçada), osanéis tendem a se “torcer”;

• O contato dos anéis com os cilin-dros passa a ser com as quinas (ou can-tos), acelerando o desgaste dos próprios

anéis e das camisas, com a perda do bru-nimento (microssulcos que controlam apelícula de óleo);

• O óleo sobe para a câmara de com-bustão, sendo queimado e gerando car-vão que se incrusta na cabeça dos pis-tões, válvulas etc;

• Carvão é abrasivo, ou seja, intensi-fica o desgaste;

• A camisa passa a ser literalmente lixa-da, ficando espelhada e facilitando cada vezmais a subida do óleo. A essas alturas a si-tuação já está fora de controle.

As causas que contribuem para a tem-peratura baixa são:

• Válvula termostática emperrada,aberta ou removida (operação sem vál-vula instalada);

• Operação com cargas (esforço) mui-to baixas;

ALTAS TEMPERATURASQuando a temperatura dos compo-

nentes atinge um ponto em que a dilata-ção se torna excessiva, têm-se os proble-mas mais temidos.

A folga entre pistões e camisas fica re-duzida a ponto de os anéis ficarem presosnas canaletas, não se expandindo adequa-damente contra a parede dos cilindros. Opistão pode até ficar preso no cilindro. Diz-se, então, que o motor “fundiu”!

Basicamente, o superaquecimentoocorre quando o sistema de arrefecimen-to não consegue dissipar a quantidade decalor necessária. Em muitos casos, a águaatinge a fervura, o que pode ter comocausas:

• Nível do líquido de arrefecimentobaixo. Também, a não-utilização de adi-tivo de proteção do sistema contribuipara o descontrole da temperatura;

• Tampa do radiador defeituosa (nãomantém a pressão no sistema);

• Válvula termostática emperrada, fe-chada ou removida (operação sem válvulainstalada);

• Operação com cargas excessivamen-te altas, como uso de implementos su-perdimensionados e/ou uso de marcha erotação incorretas;

• Radiador entupido;• Bomba d’água com desgaste excessi-

vo;• Problemas internos no motor, como

junta de cabeçote queimada ou cabeçoteempenado.

É importante lembrar que a junta docabeçote tem vida útil limitada e, com opassar do tempo, pode “queimar”, em vir-tude do uso normal ou por superaqueci-mento. Uma junta queimada pode ter asseguintes conseqüências:

• Perda do líquido de arrefecimento;• O líquido pode se misturar com o

óleo do cárter, prejudicando a lubrifica-ção;

• Se o líquido penetrar nos cilindros,

Se o sistema de arrefecimento falhar, osestragos podem ser consideráveis,principalmente em épocas de pico de trabalho

Março 06 • 37

Detalhe dos pistões funcionando com motor quente e motor frio. Ao aquecer, o pistão dilata um pouco , deixando a vedando corretamente os anéis. À direita, detalhe da junta queimada

John Deere

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38 • Março 06

podem ocorrer duas situações, além dacorrosão: com motor desligado, ela cau-sará o calço hidráulico dos pistões ao dara partida - já existe um certo risco de que-bra de peças; se a água entrar nos cilin-dros com o motor em funcionamento,esta se transforma em vapor, expandin-do-se de forma violenta, podendo causara quebra do virabrequim ou das bielas,empenamento do cabeçote e até fraturaexposta do bloco.

SISTEMA DE ARREFECIMENTONos motores agrícolas, os componen-

tes do sistema de arrefecimento são osseguintes:

1) Radiador: constituído de tubos ver-ticais por onde circula a água e de aletashorizontais que aumentam a área de tro-ca, o radiador dissipa o calor necessário

1) Alguns motores possuem umelemento condicionador, que

dosa uma substância anticorrosivaadicional no líquido de arrefecimento.Esse elemento deve ser trocado con-forme freqüência indicada pelo fabri-cante;

2) Os selos do bloco e cabeçotepodem sofrer corrosão internamente,principalmente quando não é utiliza-do aditivo. Embora esse problema ten-da a se manifestar após três ou qua-tro mil horas de operação, convém ins-pecionar o motor neste sentido, evi-tando um vazamento acelerado de lí-quido e o conseqüente superaqueci-mento.

CUIDADOS ESPECIAIS

para o meio externo;2) Reservatório (ou vaso) de expansão:

cada vez mais presente nos motores agrí-colas, o reservatório possui um volumesem água, que permite a expansão daágua ao dilatar com o aquecimento.D’entre outros benefícios, evita-se a per-da de água e aditivo pelo tubo-ladrão(como ocorre nos radiadores), aumenta-se a segurança contra estouros de man-gueiras e, portanto, queimaduras, melho-ra-se o controle da pressão e, portanto,da temperatura;

3) Bomba d’água: acionada por cor-reia (mais freqüente) ou por engrena-gens, promove a circulação da água atra-vés do motor (absorvendo calor) e atra-vés do radiador, em circuito fechado, dis-sipando calor para o ambiente.

4) Ventilador: acionado geralmentepor correia, força a circulação do ar atra-vés das aletas e tubos do radiador, acele-rando a dissipação de calor. Em função

da bomba e do ventilador, tem-se umprocesso de “convecção forçada”.

5) Líquido de arrefecimento: é o fluidoresponsável pelo “transporte” das calo-rias a serem dissipadas para o meio ex-terno. Com a evolução dos motores, nãose admite mais o uso de água pura nosistema de arrefecimento. Dessa forma,o termo “água do radiador” deve ser con-siderado obsoleto.

6) Tampa do radiador (ou vaso de ex-pansão): a função principal é manter apressão necessária no circuito de arrefe-cimento. Em um circuito não correta-mente pressurizado, a água ferve em tem-peratura menor, aumentando o risco desuperaquecimento. A pressão é contro-lada pela válvula maior. Ao trocar a tam-pa, observe a pressão de calibragem ori-ginal desta, em PSI, gravada sobre a mes-ma. Utilize sempre peças originais.Quando a água esfria e contrai, a válvulamenor evita a formação de vácuo, per-mitindo a entrada de pressão atmosféri-ca. No caso de reservatório de expansão,

Visão do motor, com destaqueao radiador e ao reservatório

ou vaso de expansão

Com motor quente (acima), o fluxo passapelo radiador. Com motor frio (abaixo), o

líquido passa pela derivação

Componentes do motor,responsáveis pela passagem

de derivação

Fluxo do líquido de arrefecimento com motor frio (esq) e quente (dir). A cor clara indica que o líquido está estático

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“Os selos do bloco e cabeçote podem sofrer corrosão internamente,principalmente quando não é utilizado aditivo”

a tampa geralmente é de plástico, porém,possui internamente as mesmas válvulasde controle. O excesso de pressão, nessecaso, é eliminado na forma de vapor, exis-tente na parte superior do reservatório.

7) Válvula termostática: é um item vi-tal no controle da temperatura, pois ace-lera o aquecimento do motor ao dar a par-tida. Nessa situação, a válvula bloqueiaa circulação do líquido de arrefecimentoatravés do radiador, porém, a circulaçãoentre o bloco, o cabeçote e a bomba é li-berada através da passagem de derivação(7a). Com o motor em temperatura defuncionamento, a válvula atinge suaabertura total e, ao mesmo tempo, blo-queia a passagem pela derivação. Con-clui-se, então, que, ao operar sem a vál-vula termostática (prática ainda co-mum), têm-se dois inconvenientes: omotor demora para atingir a temperatu-ra ideal. Em caso de trabalhos muito le-ves, trabalhará “frio” o tempo todo; e, emcaso de trabalho pesado e temperaturaambiente elevada, pode ocorrer o supe-raquecimento, pois a passagem pela de-

rivação fica liberada, e o líquido quenteque deveria passar pelo radiador irá “pre-ferir” o caminho mais curto, deixando deser arrefecido no radiador. Muitos mo-tores, em especial os de maior potência,utilizam duas válvulas termostáticas;

8) Trocador de calor do óleo (se equi-pado): esse componente dissipa calor doóleo lubrificante. É utilizado principal-mente em motores turbo;

9) Sistema de monitoramento da tem-peratura: É composto basicamente de umsensor e um indicador no painel. Em al-guns casos, há também uma luz de avisoque acende em caso de superaquecimen-to. O correto funcionamento desse siste-ma é fundamental para a segurança domotor, pois, em caso de anormalidade nosistema de arrefecimento, bastam algunsminutos para causar danos irreversíveis.

Em máquinas cabinadas, em algunscasos, o líquido de arrefecimento é utili-zado também para a calefação da cabina.Com esse sistema presente na máquina,aumenta-se ainda mais a importância douso de aditivo na água.

MANUTENÇÃO DO SISTEMAAs recomendações a seguir são gené-

ricas e atendem à maioria das situações.Porém, consulte sempre o manual de ins-truções de sua máquina, pois pode haverdiferenças de um fabricante para outro.

A) Nível do líquido de arrefecimento(água + aditivo): quando a tampa fica so-bre o radiador, o nível deve atingir o gar-galo.

No caso dos reservatórios de expan-são, a regra é a seguinte (salvo orienta-ção contrária do fabricante): o nível deve

Trocador de calor do óleo lubrificante,utilizado principalmente em motores

turbo para dissipar o calor

Painel da máquina possui indicadoresde nível de temperatura e

superaquecimento do motor

A pressão máxima do motor é controlada pela válvulamaior (acima). A válvula menor evita a formação de

vácuo quando a água esfria e contrai

Detalhe da válvula termostática,vital no controle

de temperatura do motor

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ser completado a frio, na marca de Míni-mo, para não ultrapassar a marca deMáximo quando a água estiver quente.Se o reservatório for abastecido até obocal, a água causará pressão excessivano sistema, podendo romper mangueiras,radiador e causar vazamento pelo selo dabomba d’água.

Como o próprio nome diz, a funçãodeste reservatório é permitir a “expan-são” da água, o que só é possível com apresença de um certo volume de ar naparte superior.

B) Uso de aditivos: Os benefícios ge-rais do uso de aditivos são:

• Proteger o sistema contra corrosão.A água na temperatura ambiente é cor-rosiva. Sob elevadas temperaturas, esseefeito é multiplicado, formando-se in-

crustações de óxido de ferro nas galeriasinternas, que, por ser isolante, impede acorreta transferência de calor para o lí-quido de arrefecimento. Veja a experiên-cia ao lado: os frascos contém uma es-ponja de aço e água. Após vários meses,o frasco cuja água contém aditivo con-servou a esponja de aço intacta, livre deoxidação. Já no frasco da direita, semaditivo, a esponja se decompôs;

• Aumentar o ponto de ebulição daágua, ou seja, retardar o ponto de fervura;

• Evitar o congelamento da água, sobtemperatura ambiente muito baixa, o queem casos críticos pode trincar o bloco du-rante a noite, pois ao solidificar a águaaumenta de volume;

• Formar um líquido mais viscoso(mistura da água com aditivo), aumen-

tando a vida útil em especial da bomba eda válvula termostática;

C) Correias: devem trabalhar semprena tensão correta, conforme especifica-ção do fabricante da máquina. Algunsmotores possuem sistema de tensiona-mento automático, dispensando ajustes.Porém, é preciso verificar periodicamen-te o estado da correia e o funcionamentodo tensor.

D) Limpeza externa do radiador: parapermitir a plena circulação do ar atravésdas aletas e tubos, mantenha o radiadorsempre desobstruído e limpo. Não utili-ze água para a limpeza com o motorquente, para evitar o choque térmico domotor.

E) Troca do líquido de arrefecimento:normalmente se recomenda essa trocauma vez ao ano ou a cada mil horas deoperação. Pode ser conveniente fazeruma limpeza interna do circuito. Con-sulte as recomendações do fabricante damáquina ou do motor.

Cuidado: ao reabastecer, observeeventuais recomendações para eliminaro ar do circuito. Em certos casos, há pe-

Quando a tampa do reservatórioda água fica sobre o radiador, o

nível deve atingir o gargalo

Em reservatórios de expansão, osníveis de água devem ficar entre as

marcas mínima e máxima

Diferença de líquido com aditivo esem. O aditivo ajuda a proteger

contra a corrosão

Dilson chama a atenção para oscuidados necessários, que evitamsuperaquecimento dos motores

Quando equipada, a máquina utiliza o líquido de arrefecimento para a calefação da cabine

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“O vazamento de água para o cárter pode ser facilmente detectado: com o motoraquecido, veja se há formação de pequenas bolhas na ponta da vareta de nível”

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quenos registros que devem ser abertos.Feche-os quando sair água isenta de arpelos mesmos.

DIAGNÓSTICO DE FALHASA seguir apontaremos as principais

causas do superaquecimento e a conse-qüente danificação dos conjuntos mecâ-nicos:

1) Radiador obstruído, interna ou ex-ternamente;

2) Nível baixo de líquido de arrefeci-mento;

3) Não-utilização de aditivo;4) Tampa do radiador danificada: não

mantém a pressão adequada;5) Válvula termostática bloqueada ou

operando sem válvula;6) Correia do ventilador e/ou bomba

d’água solta;7) Causas não relacionadas ao siste-

ma de arrefecimento, como sobrecarga domotor, filtro de ar saturado, óleo lubrifi-cante incorreto, ou sistema de injeçãodesregulado, como ponto de injeção oupressão dos bicos e/ou junta do cabeçotedanificados.

A fuga de água do sistema, que tam-bém é corriqueira em se tratando de mo-tores agrícolas, pode ser evitada se ob-servando os seguintes pontos:

1) Mangueiras: troque as mangueirasquando estiverem com sinais de resseca-mento;

2) Bomba d’água: geralmente há umorifício atrás da polia, na carcaça do man-cal onde se alojam os selos de vedação.Havendo perda de líquido nesse ponto,deve-se revisar ou trocar a bomba;

3) Aquecedor da calefação, localiza-do geralmente no teto da cabina. Nessecaso, o vazamento de líquido representarisco à segurança do operador;

4) Junta do cabeçote: a “queima” des-sa junta pode causar vazamento de água

e/ou óleo, conforme descrito anterior-mente. O vazamento de água para o cár-ter pode ser facilmente detectado: com omotor aquecido, veja se há formação depequenas bolhas na ponta da vareta denível. Persistindo a dúvida, deixe pingarum pouco de óleo sobre uma chapa me-tálica aquecida: se houver chiado, comformação de vapor, confirma-se a presen-ça de água no óleo. A queima da juntapode ser constatada também pela presen-

Os selos do bloco de cabeçotesofrem corrosão interna quandonão é utilizado aditivo na água

Na hora da troca de líquido, deve-se tomarcuidado com os detalhes. Alguns sistemaspossuem registros para retirar o ar interno

Correias devem sempre trabalharna tensão correta, conformeespecificação do fabricante

Cada modelo possuielementos diferentes queauxiliam no arrefecimento

Dilson Scheuermann,Luedtke Assessoria Indl. Ltda.

M

ça de borbulhamento e pressão anormalno reservatório de expansão ou radiador;

5) Trocador de calor do óleo (se equi-pado): os tubos do trocador podem sercorroídos a ponto de deixar passar óleopara a água e vice-versa.

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por Arno Dallmeyer - [email protected]

Acelera...Acelera...Oronco pode até não ser muito

convencional. Afinal nesta edi-ção estamos abordando um trator nãomuito conhecido no Brasil, mas certa-mente com uma história muito curiosa:o Porsche. Um exemplar desse trator eum de seu paralelo, o Allgaier, podem servistos no Museu da Mecanização da

Agromen, em Orlândia (SP). Esse tipode material nos remete ao escopo da co-luna que é, também, publicar curiosida-des e histórias sobre tratores. Dessa for-ma, esperamos que gostem do que “ga-rimpamos” para vocês.

Os tratores de competição brasileirosestão nas oficinas, nos barracões, sendo pre-

Porsche? Trator?Porsche? Trator?Sim! A alguns leitores pode parecer

estranho, mas é a mesma marca dosfamosíssimos e desejáveis automóveis espor-tivos alemães.

O HOMEMFerdinand Porsche, nasceu em 1875 na atu-

al República Tcheca. Filho de emigrantes ale-mães, foi estudar e iniciou sua atividade profis-sional na Áustria. Depois de passar por váriasempresas como engenheiro e diretor, entre elasa Daimler-Benz e a Steyer, em 1931 montousua empresa de engenharia na Alemanha.

Em 1937 conseguiu a concessão para aconstrução de um trator popular na Alemanha,em seqüência ao automóvel popular (Volkswa-gen) também de Porsche. Já em 1938 surge oprimeiro protótipo, o 110. Com motor mono-cilíndrico à gasolina e três marchas. Em 1939,a embreagem de disco seco é substituída poruma hidráulica, e o motor refrigerado a ar setorna uma característica dos modelos. A IIGuerra Mundial não impediu que o projetoavançasse, e em 1943 surge o modelo quatromarchas.

ALLGAIEREntre 1948/49 o motor à gasolina é repro-

jetado para o uso de diesel. Nesse mesmo anoPorsche faz um acordo com a empresa Allgaier,

para a construção dos tratores, e já em 1950 éfabricado o primeiro AP 17 (Allgaier-Porsche)com 17 cv. Em 1951 é fabricado o trator denúmero 5000.

Em 1952 surge o AP 22 (22 cv) e ambos osmodelos são oferecidos com bitola estreita de79 cm. É lançada uma nova série, com as de-nominações A 111, A 122, A 133 e A 144, ondeo A vem de Allgaier, os últimos dois dígitos cor-respondem à potência em cv. Componentes sig-nificativos como pistões, cilindros, cabeçote emancais são intercambiáveis entre os modelos.

Em 1953 a Allgaier exportava cerca de 35%de sua produção, e os primeiros AP 17 S e AP22 S (estreitos) são exportados ao Brasil.

MANNESMANNEm 1956 a empresa Mannesmann assume

a fabricação dos tratores, pois a Allgaier, apósproduzir cerca de 30 mil unidades, havia en-cerrado a fabricação por problemas de quedade demanda e dificuldades de investimento.

Com a mudança deempresa, as denominaçõesdos tratores passaram a serapenas com a letra P (dePorsche): P 111, P 122, P133 e P 144.

1958 foi um ano demuitas mudanças, a fábri-ca já havia sido aumenta-da, os motores reprojeta-dos para maior rendimen-to de combustão, e os mo-delos passaram a ser desig-nados “Junior“ (um cilin-dro), “Standard“ (dois ci-

parados para mais uma temporada arrasa-dora, mas já começam a se mexer... Não es-queçam de conferir o calendário do Trekker-trek, que publicamos ao final. Dá tempo demarcar na agenda e participar de todas oude uma das três provas previstas inicialmen-te no calendário.

Até a próxima!

1ª EtapaJulho: dia 16 - Holambra (SP) - Local: Parque de Exposições da Expoflora

2ª EtapaAgosto: dia 12 - em Castrolanda - Castro (PR) durante a feira Agroleite

3ª EtapaNovembro dia 12 - Holambra II - Paranapanema (SP) durante a feira

Holambra Feest

Agenda

14º Circuito Nacional de Trekker TrekCalendário para 2.006

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o

lindros) e “Super“ (três cilindros), sendo maistarde incorporado o “Master“(quatro cilindros).Os dois anos seguintes seriam de intensas me-lhorias técnicas e diversificação de modelos.

Em 1961 a empresa assumiu a linha detratores da MAN, e era a segunda maiormontadora alemã.

A queda das vendas e a entrada maciça decompetidores estrangeiros na Alemanha leva-ram Porsche a encerrar a fabricação em 1962,após a produção de cerca de 120 mil tratorescom faturamento de 50 milhões de marcos.

As instalações foram vendidas à Daimler-Benz, e naquele local atualmente encontra-sea MTU, uma empresa do grupo, que fabricagrupos geradores e moto-bombas.

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