Top Banner
36

Maquinas 123

Jul 24, 2016

Download

Documents

Grupo Cultivar

Outubro de 2013
Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Page 1: Maquinas 123
Page 2: Maquinas 123
Page 3: Maquinas 123

Rodando por aí

De olho no óleo

Monitor de Inclinação para tratores

Desafios da colheita de canola

Colheita de mudas de cana-de-açúcar

Como monitorar e evitar perdas na colheita

Avaliação da distribuição de sementes

Ficha Técnica - Valtra BC 4500 R

Empresas - Tuper amplia negócios

Como vestir adequadamente o EPI

Compactação em lavouras de cana

Empresas - 50 anos da Agrale

Monitorando as perdas 17Saiba como monitorar as perdas nos diferentes sistemas da colhedora e quais as regulagens que ajudama minimizar o prejuízo

04

06

08

10

14

17

20

22

25

26

28

32

Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados po-dem solicitá-las à redação pelo e-mail: [email protected]

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

NOSSOS TELEFONES: (53)

• EditorGilvan Quevedo

• RedaçãoCharles EcherCarolina Simões Silveira

• RevisãoAline Partzsch de Almeida

• Design Gráfico e DiagramaçãoCristiano Ceia

• ComercialPedro BatistinSedeli FeijóJosé Luis Alves

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.www.revistacultivar.com.br

DireçãoNewton Peter

[email protected]

CNPJ : 02783227/0001-86Insc. Est. 093/0309480

PlantadorasAvaliação mostra que a distribuição longitudinal de sementes ainda é um problema que precisa ser resolvido

CompactaçãoSaiba quais são as principais causas da

compactação nas lavouras de cana e como é possível mantê-la em níveis aceitáveis

28

• REDAÇÃO3028.2060

Assinatura anual (11 edições*): R$ 173,90(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 17,00Assinatura Internacional:

US$ 130,00€ 110,00

Cultivar Máquinas • Edição Nº 123 • Ano XI - Outubro 2012 • ISSN - 1676-0158

• Coordenação CirculaçãoSimone Lopes

• AssinaturasNatália RodriguesFrancine MartinsClarissa Cardoso

• ExpediçãoEdson Krause

• Impressão: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

Destaques

Nossa capa

Índice

20

Matéria de capa

Cap

a: C

harl

es E

cher

CCCultivar

• GERAL3028.2000

• ASSINATURAS3028.2070

• MARKETING3028.2065

Page 4: Maquinas 123

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br04

rOdANdO pOr AÍ

Errata 1Na matéria sobre lançamentos da Expointer 2012 cometemos um equívoco ao identificar a foto da plataforma de milho Produtiva IS 1450 como Pro-duttiva Black da GTS do Brasil, publicada na página 46 da edição 121.

Movidos a bateriaA Stihl lançou em outubro nova linha de produtos a bateria composta por cortador de grama, roçadeira, podador, soprador e motosserra. São cinco produtos e uma única bateria com tecnologia de íon de lítio, recarregável. “Essa é a terceira geração de produtos da empresa no mer-cado brasileiro, após as linhas de produtos a combustão e elétricos. São ferramentas mais silenciosas, que não atrapalham a rotina de escolas e hospitais”, afirma Rafael Zanoni, gerente de Marketing da Stihl.

Nova concessionáriaA Pippi Máquinas, concessionária Massey Ferguson no Rio Grande do Sul, inaugurou uma nova filial na cidade de Santo Augusto. A revenda, que já possui unidades em Giruá e Três Passos, no Rio Grande do Sul, e Xanxerê e Abelardo Luz, em Santa Catarina, abriu as portas da sua quinta unidade

AvançoA Agritex, concessionária Case IH, inaugurou sua terceira loja no estado do Mato Grosso, desta vez em Gaúcha do Norte. Com investimento de R$ 2,5 milhões e área construída de dois mil metros quadrados, a revenda está

comercial na região Sul do País. “Escolhemos a cidade de Santo Augusto pelo potencial da região na agricultura de soja, milho, trigo e feijão, e por estar melhor posicionada geograficamente na nossa região de atuação”, explica o gerente da Pippi Máquinas, Mário Jorge de Souza.

VisitaA fábrica da Agritech, em Indaiatuba, recebeu a visita de 45 produtores da região de São Sebastião do Paraíso (MG) e 35 da região de Franca (SP), na primeira semana de outubro. A visita foi organizada pela con-cessionária Sami Máquinas, que possui revenda nestas duas localidades, com o objetivo de apresentar aos clientes da marca todo o processo de fabricação e montagem dos produtos que utilizam.

pronta para atender os agricultores da região. Dirceu Jacó Duranti, ge-rente regional Case IH Mato Grosso, ressalta que hoje o estado é o maior produtor de grãos do Brasil e tam-bém um dos principais mercados da marca. “Nós estamos trabalhando na constante expansão da rede de concessionários, chegando a 14 lojas, e vamos continuar trabalhando para estar cada vez mais perto dos clientes com peças e serviços”, garante.

InternacionalEm parceria com a Mainter a Montana participou da Expocruz 2012 rea-lizada na cidade de Santa Cruz de la Sierra, capital econômica da Bolívia. Considerado o maior evento multissetorial da América Latina, proporciona oportunidades de negócios com países da América Latina e Europa. A empresa também realizou Dia de Campo na cidade de Managua, capital da Nicarágua, em parceria com a Revenda Formunica. Foram realizados treinamentos, apresentados produtos da Montana aos 20 agricultores de várias cidades da região que participaram do evento.

Agricultura familiarCom a previsão do MDA de que o programa Mais Alimentos atinja no próximo ano-safra contrata-ções na ordem de R$ 3,5 bilhões, as empresas de máquinas agrícolas comemoram. Para Luiz Feijó, diretor comercial da New Holland, a expansão de aquisições através do Mais Alimentos reflete a boa esquematização do programa. “As vendas tiveram um boom no início, em 2008, quando a carência por novos equipamentos ainda era muito grande e, agora, entram na normalidade. Apesar disso, exis-te uma grande parcela de propriedades agrícolas que têm condições de adquirir um equipamento novo, mas ainda não o fizeram”, ressalta.

SorteioA Shell e a Valtra lançaram a promoção “Peças Genuínas Valtra – Peça que dá Trator”, que sorteará um trator do modelo A750. Para participar, é necessário adquirir dois baldes de qualquer lubrificante da marca Shell ou comprar R$ 400,00 em peças genuínas Valtra. Com isso, ele receberá um cupom com um código para se inscrever via SMS e concorrer ao prêmio. O sorteio final será realizado no dia 12 de janeiro de 2013. Para conferir o regulamento completo da promoção basta acessar o site oficial www.valtra.com.br/promocao-pecas.

Errata 2A foto da página 44 da edição 121 é do pulverizador autopropeli-do da Jacto Uniport 2500 Star e não da Uniport 3030, conforme publicado.

Luiz Feijó

Page 5: Maquinas 123
Page 6: Maquinas 123

dezembro 2011 / Janeiro 2012 • www.revistacultivar.com.br14 Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br06

ólEO

Exame de sangueA manutenção proativa ou preditiva é um braço da manutenção preventiva que

visa diagnosticar antecipadamente, através da análise do óleo lubrificante, pequenos sinais de alerta de problemas menores que, numa reação em cadeia,

podem conduzir a danos mecânicos de grandes proporções

A manutenção preventiva de máqui-nas e veículos de uso agrícola visa antever o aparecimento de surpresas

que possam ocorrer durante a realização de um serviço, o que pode ocorrer a qualquer momento no transcorrer do dia ou mesmo na madrugada.

Ela deve abranger todos os componentes

mecânicos, hidráulicos, elétricos e eletrônicos, incluindo motores, sistema elétrico, sistemas de locomoção, de transmissão de energia, de alimentação. É importante o monitoramento desses sistemas que são essenciais para o fun-cionamento adequado de máquinas e veículos de uso na agricultura, uma vez que paradas não programadas resultam em interrupções que vão

influenciar no cumprimento de tarefas dentro dos prazos programados. No caso do setor sucroenergético, uma temeridade constante é o de estancar o fornecimento de matéria-prima necessária ao funcionamento da usina ou desti-laria. E, interrupções de moagem resultam em obstáculos onerosos para o setor industrial.

Mais recentemente está sendo adotada a “manutenção preditiva ou proativa”, que vem a ser um braço ou variante da “preventiva” e significa um conjunto de ações de tratam do monitoramento da condição operacional da máquina ou veículo em atividade produtiva. Objetiva indicar os sinais de alerta de falha eminente, ou seja, de pequenas falhas que podem resultar em uma reação em cadeia que geralmente conduz a dano mecânico de grandes proporções. Essas duas modalidades de manutenção mecânica devem ser realizadas em conjunto.

As peças móveis de uma máquina em funcionamento e com manutenção adequada desgastam-se a uma taxa constante. As partí-culas resultantes do desgaste são minúsculas e em sua maior parte permanece em suspensão na massa de óleo e homogeneamente distri-buída por todo o volume. A concentração de elementos metálicos presente nas amostras de óleo, que pode ser determinada por um aparelho denominado espectrofotômetro de absorção atômica, indica as condições em que se encontra o órgão ou sistema de onde a amostra de óleo foi retirada.

As partículas sólidas geradas por desgaste metálico no interior de órgãos de sistemas me-cânicos e hidráulicos tem alto poder abrasivo e significa o tipo de falha mais observada em oficinas de manutenção mecânica, respon-sável pela maioria das intervenções devidas a contaminação.

A taxa de desgaste nem sempre é constante. Dependem variações das condições de opera-ção, da acuidade na manutenção mecânica, especialmente na montagem de peças e do meio ambiente. Quando a concentração de partículas metálicas desviarem-se dos níveis padrões esta-belecidos para cada tipo de metal, pode-se assu-mir que há algo de anormal no funcionamento do órgão ou sistema avaliado, indicando que vai ocorrer uma anomalia ou mesmo quebrar

Foto

s C

harl

es E

cher

Page 7: Maquinas 123

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br 07

dentro de um futuro próximo.A realização de trabalhos na área de

manutenção mecânica proativa de órgãos de máquinas agrícolas visa antever a ocorrência de funcionamento inadequado ou avarias em função do desgaste interno de componentes mecânicos. No caso de motores, sistemas de transmissão de energia e sistemas hidráulicos, a manutenção mecânica proativa é efetuada por meio de análises de óleos lubrificantes contidos em seus compartimentos.

Um diagnóstico preciso das condições de funcionamento adequado do conjunto dos diversos órgãos e sistemas de uma máquina ou veículo pesado de uso agrícola pode e deve ser efetuado pelo simples exame das condições do óleo lubrificante contido no compartimento do órgão ou sistema em que esteja contido.

Por exemplo, material estranho presente na massa de óleo, tratado comumente como “sujeira”, pode alterar o funcionamento regular e ajustado de motores, sistemas hidráulicos e de órgãos de sistemas de transmissão de energia mecânica. Tais materiais podem ser (e normalmente são) produzidos internamente por desgaste de peças metálicas integrantes da composição dos mesmos órgãos e sistemas, sejam anéis, camisas, pistões, mancais, engre-nagens, válvulas e eixos de manivelas de mo-tores; ou bielas, cilindros e bombas de sistemas hidráulicos; ou discos de embreagem, mancais e engrenagens de sistemas de transmissão.

Análises efetuadas em amostras de óleos lubrificantes usados constituem indicadores das condições em que se encontram o agente de lubrificação, podendo assim permitir deter-minar o tempo de serviço e o período de troca. Contaminantes presentes no óleo lubrificante, além de partículas metálicas de desgaste, podem ser ainda de diversas outras origens, como por contaminação por outros tipos de partículas sólidas, como poeira e fuligem, por água, ar, produtos químicos, além de outros materiais estranhos ao meio.

Por exemplo, para indicar algumas dessas ocorrências, um valor elevado detectado no teor de ferro na massa de óleo contido no cárter de motor em um veículo ou máquina em operação, em amostra de óleo que esteja sendo submetida à análise, pode indicar alguma anormalidade em peças como buchas, mancais, camisas, anéis de

A taxa de desgaste pode variar de acordo com as condições de operação, da acuidade na manutenção mecânica, especialmente na montagem de peças e do ambiente onde a máquina está operando

segmento ou pistões do interior dos cilindros, engrenagem do comando de válvulas, eixo de cames e eixo balancim.

Presença excessiva de partículas metáli-cas de desgaste de cromo e alumínio também indica anormalidade no funcionamento de camisas, anéis e pistões, peças que traba-lham no interior dos cilindros e também dos mancais, inclusive do turbo-compressor.

A ocorrência de teores em níveis de-masiados desses três elementos metálicos possa, também, ter como causa a entrada de poeira no interior dos órgãos ou sistemas analisados.

Além dos elementos de desgaste me-tálico, outros tipos de falhas são causados por outros tipos de contaminantes, como água, atrito estático, corrosão, erosão e engripamento. Esses elementos estranhos ao óleo lubrificante podem ser constituídos de partículas sólidas, líquidas, ar, produtos químicos e outros materiais alheios aos siste-mas. Contudo, como causadores de falhas, o desgaste abrasivo determinado por partícu-las sólidas, geralmente metálicas, constitui o tipo de falha mais comum, frequente nas oficinas de manutenção.

Estudos nessa área foram desenvolvidos

pelos engenheiros Marcos Roberto Bórmio e Gilmar Ferreira Alves em cursos de pós-graduação na Universidade Estadual Pau-lista (Unesp), campi de Bauru e Botucatu, em parceira com técnicos de laboratório de lubrificantes da Usina da Barra, de Barra Bonita, Estado de São Paulo, atualmente integrante do Grupo Agroindustrial Co-san. Efetuando uma bateria de análises de lubrificantes usados em motores e em elementos de transmissão de tratores agrícolas, concluíram que os testes reve-laram 18% de anormalidades em motores e 63% em sistemas de transmissão. Para elementos metálicos, em alguns testes, os pesquisadores detectaram índices extremos de 50% de contaminação por ferro, ou 41% por alumínio, ou 67% por cobre ou ainda, 93% por alumínio. Em razão de tais valores observados na realização de análises, todos acima de limites admitidos pelas normas brasileiras e norteamericanas, concluem que o óleo lubrificante em uso em motores ou elementos de transmissão, nesses casos, se encontrava em estado incompatível devido à manutenção inadequada recebida pela máquina. Em outra pesquisa, concluíram que ocorreu confiabilidade na realização expedita de análises de lubrificantes usados utilizando de maletas portáteis capazes de efetuar algumas dessas análises em condi-ções de campo.

O objetivo central do monitoramento do estado atual do óleo contido no interior de compartimentos dos sistemas citados, rea-lizado por meio de análises físico-químicas, é contribuir para o bom desempenho de todos os mecanismos da máquina e/ou veículo em foco.

As análises das amostras coletadas em máquinas na lavoura canavieira foram realizadas em laboratório

Jair Rosas da Silva eAntônio Carlos Loureiro Lino, IAC/Centro de Eng. e Automação

Os pesquisadores do IAC, Jair da Silva e Antônio Loureiro Lino, falam sobre a qualidade do óleo lubrificante

.M

Jair

Ros

as d

a Si

lva

Div

ulga

ção

Page 8: Maquinas 123

trAtOrES

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br08

Para não capotarPesquisadores avaliam dispositivo eletrônico para monitorar a inclinação lateral de tratores agrícolas, como forma de evitar capotamentos laterais em áreas acidentadas

A mecanização agrícola surgiu para satisfazer a necessidade de aumento da produção, melhor aproveita-

mento das áreas e dinamismo no manejo e transporte. Neste contexto, merece destaque o trator, que é a fonte de potência mais utilizada na agricultura, estimando-se que atualmente o Brasil possua uma frota de 500 mil unidades no campo. Considerando os últimos 12 anos,

Aspecto geral do sensor e instrumentação desenvolvida, instalada no trator

foram vendidos aproximadamente 275 mil equipamentos para o mercado interno, com uma média de 23 mil máquinas anuais.

O advento da mecanização rural trouxe, incontestavelmente, grande evolução e o trator assume destacada importância. Porém, aspectos negativos podem ser citados, entre os quais ressalta-se o aumento do número de acidentes que os trabalhadores, a partir de então, ficaram

expostos, agravado pelo baixo índice de escola-ridade média dos operadores.

Uma das causas de inúmeros acidentes fatais para operadores de tratores é o capota-mento, que pode ocorrer de duas maneiras: o lateral, quando tomba para os lados, e o longi-tudinal, quando tomba para trás em torno do seu eixo traseiro. Dados da pesquisa afirmaram que 82% destes acidentes são devidos ao tom-bamento lateral e 18% devido ao longitudinal. Estatísticas demonstram que, de 800 acidentes mortais com tratoristas, 60% são causados pelo tombamento, quando o trator não dispõe de dispositivos de segurança como a estrutura de proteção contra capotamento (EPC) e cinto de segurança. Além disso, de cada quatro acidentes envolvendo tratores agrícolas, um causa invali-dez permanente no operador.

A Norma regulamentadora 31, denomina-da de NR 31, informa que todas as máquinas, equipamentos e implementos devem atender a requisitos, entre eles de ser utilizado dentro dos limites operacionais e restrições indicadas pelos fabricantes. Por outro lado, o nível, a quantidade e a qualidade das informações dos materiais técnicos, são ruins, pois como não se tem a obrigatoriedade de ensaios oficiais no Brasil, a informação é de exclusiva responsabi-lidade dos fabricantes. Muitos dados não são apresentados como, por exemplo, a posição do centro de gravidade e por consequência a declividade operacional limite que o trator pode trabalhar de forma segura.

O centro de gravidade é um importante aspecto a ser considerado na estabilidade de tratores e pode ser tratado como um ponto de equilíbrio: quanto mais baixo este centro, mais estável é o equipamento e quanto mais alto, mais instável. Estudando as informações

Valt

ra

Foto

s M

auro

Fer

reir

a

Page 9: Maquinas 123

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br 09

técnicas de tratores agrícolas no Brasil, Fran-cetto et al (2010) informaram que de nove marcas e 141 modelos pesquisados nenhum apresentou as cotas do centro de gravidade do equipamento.

MONITORAMENTO DA DECLIVIDADE LATERALCom o objetivo de se tentar minimizar os

riscos de acidentes com tratores agrícolas foi desenvolvido um dispositivo eletrônico para monitorar a inclinação lateral, avisando ao ope-rador quando atingir uma condição insegura.

O sistema implementado para monitoração foi composto por hardware (sensor de inclina-ção, microcontrolador, display LCD, sinalização luminosa, sinalização sonora e módulo de gravação) conforme a Figura 1.

Os sensores de inclinação são dispositivos eletrônicos que geram grandezas analógicas, tensão ou corrente elétrica, ou ainda digitais, em função do grau de declive ou aclive a que forem submetidos, existindo modelos que possuem resposta para um e/ou dois eixos. Para o seu funcionamento geram um horizonte artificial, gerando as grandezas com base nesta referência. A tecnologia atual utiliza, mais comumente, a variação de capacitância que se processa quando um conjunto de eixos fixos a uma massa muda de posição em relação a outro conjunto de eixos imóveis. A sua aplicação é vasta desde sistemas de navegação aérea, sistema de segurança au-tomotiva, instrumentos de medição aplicados em agrimensura e topografia.

Para apresentar o valor de inclinação, bem como o sentido da mesma, foi utilizado no sistema um display LCD alfanumérico com 16 caracteres e duas linhas. Para indicação luminosa da inclinação foram utilizados oito diodos emissores de luz de três cores distintas (verde, laranja e vermelha) dispostos horizon-talmente tanto para lado direito como para o esquerdo. Para o sinal sonoro foi instalada uma microssirene piezoelétrica automotiva.

Para a memória Secure Digital (SD)

foi utilizado o módulo ACE SDCard para aplicações com o cartão SD sendo utilizado mediante a conexão dos pinos de alimentação e comunicação com o microcontrolador. Toda a instrumentação foi fixada no vidro da cabine da plataforma de operação do trator através de uma ventosa simples.

Após o desenvolvimento, foram realizados os testes estáticos e a calibração do equipamento em função da declividade, utilizando uma mesa de seno e um inclinômetro para a aferição da instrumentação. Assim, o sensor fixo ao incli-nômetro foi imposto a declividades e verificados o ângulo do display LCD e as luzes indicadoras da inclinação.

Os testes dinâmicos em condição de campo foram realizados na Universidade Federal de Pelotas, Campus Universitário do Capão do Leão, onde a parcela de teste foi de 30,0m de comprimento e 3,0m de largura, de modo que o trator transitasse sempre na mesma posição sobre a área com o trator inclinado à direita e à esquerda. Utilizou-se um trator marca Valtra, modelo BM 110, com cabine, potência máxima no motor de 85,0kW (norma ISO TR 14.396) a 2.300rpm, pneus dianteiros e traseiros 14.9-24 R1 e 23.1-26 R1, respectivamente, sem lastro líquido e lastros metálicos de dez unidades de 37,5kg no suporte dianteiro e três unidades de

70,0kg em cada aro traseiro. Os pneus foram calibrados de acordo com a recomendação do fabricante em 180kPa para o dianteiro e 165kPa para o traseiro. Os dados da inclinação original do terreno foram obtidos através de um inclinô-metro marca Chicago, colocando suportes sobre o terreno na trilha da passagem dos pneus. O sensor foi colocado em uma estrutura do chassi do trator próximo à cabine de operação.

A pior condição de declividade utilizada no teste foi de 13 graus estáticos e verificou-se que o sistema proposto apresentou resultados adequados para fins de indicação da inclinação do trator e evitar o seu tombamento lateral.

O bom desempenho do sensor e da instru-mentação gerada com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) sugere que o monitoramento da inclinação do trator durante a sua opera-ção possa fazer com que ocorra um menor número de acidentes por tombamento lateral de tratores.

Foram realizados testes estáticos e calibração do equipamento em função da declividade,utilizando uma mesa de seno e um inclinômetro para a aferição da instrumentação

Figura 1 – Esquema do sistema desenvolvido

Mauro Fernando Ferreira,Adroaldo de Oliveira,Fabrício Ardais Medeiros,Anderson Favero Porte eHenrique Wild Stangarlin,UFPel

.M

Page 10: Maquinas 123

COlhEdOrAS

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br10

Colheita complicada

A cultura da canola tem na operação da colheita um dos seus principais gargalos, devido a suas características, estrutura de planta e maturação e, por isso, requer alguns cuidados específicos para manter as perdas dentro dos limites aceitáveis

Devido às suas qualidades, a cultura da canola (Brassica napus L. var. oleifera) vem despertando o inte-

resse do agronegócio brasileiro. A canola é uma espécie anual, via de regra cultivada em regiões de clima temperado, no período de outono-primavera, sendo a sua área no Rio Grande do Sul estimada em 30 mil hectares e no Brasil em torno de 60 mil hectares. Os seus grãos são utilizados na produção de óleo para consumo humano ou para produção de biodiesel e o seu farelo na formulação de rações.

Para as cultivares em uso no Brasil a colheita está entre os principais gargalos tecnológicos. A maturação ocorre da base para o ápice das plantas, de maneira desuniforme. Por isso, a sua colheita direta resulta em significativas perdas, uma vez que se a operação for realizada no momento em que as primeiras síliquas estão maduras, as demais ainda estão imaturas, com os grãos abaixo do máximo peso seco e sujeitos ao esmagamento. Colheitas tardias resultam em aumento de perdas por debulha na pré-colheita e na colheita.

Dados da Embrapa Trigo informam que o melhor momento para a colheita de canola é quando 40% a 60% dos grãos da haste principal

estão com cor marrom ou preta. Isso implica em dificuldade prática, pois neste momento a umidade dos grãos está em torno de 35% e para a comercialização devem conter 10% de umidade ou no máximo de 1% a 3% de grãos verdes. A mudança de cor (Figura 1) dos grãos de canola aumenta em 10% a cada dois a três

dias, sendo a velocidade maior em condições mais secas e quentes.

A colheita da canola pode ser realizada segundo três sistemas, conforme abordaremos a seguir: colheita direta, colheita direta com dessecação química prévia e colheita através de corte/enleiramento e recolhimento/debulha.

Operação de colheita de leira de canola madura, onde é possível observar caules verdes e plantas daninhas que são colhidos juntamente com a cultura

A cultura da canola tem na operação da colheita um dos seus principais gargalos, devido a suas características, estrutura de planta e maturação e, por isso, requer alguns cuidados específicos para manter as perdas dentro dos limites aceitáveis

Colheita complicada

Ezeq

uiel

Cas

tion

i

Page 11: Maquinas 123

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br 11

COLHEITA DIRETAA colheita direta apresenta menor custo, já

que se processa em uma só operação, com as máquinas para colheita de cereais de inverno ou de soja. Conforme dados publicados pela Embrapa, para a colheita direta, é necessário seguir alguns passos essenciais. Primeiramente deve-se iniciar a colheita com umidade dos grãos igual ou menor que 18%, limpá-los e

secá-los imediatamente, pois não podem ser armazenados com umidade superior a 9%.

A altura de corte deve ser ajustada o mais alto possível, sem deixar síliquas nas partes remanescentes das plantas e manter o molinete tão alto quanto possível e com velocidade pouco superior ao deslocamento da máquina.

A colhedora deve ser regulada com a má-xima atenção, várias vezes durante o dia, pois as condições de umidade das plantas variam e alteram as perdas, e todas as regulagens e o manejo da colhedora devem priorizar a redução de perdas e a vedação de possíveis pontos de fuga dos grãos.

Em alguns países são utilizadas plataformas especiais para o corte direto de canola. Nestas plataformas a barra de corte fica em posição mais avançada do que a utilizada para a colheita de trigo e os divisores laterais são constituídos por navalhas alternativas em posição vertical.

No Brasil, o mercado de máquinas para a colheita de grãos oferece uma plataforma denominada “Draper” em que o sem-fim de alimentação é substituído por um par de esteiras transversais e uma longitudinal. Este

modelo proporciona maior uniformidade de alimentação das colhedoras e aumentos de 15% a 20% na capacidade de colheita das máquinas. Na colheita de canola obtém-se considerável redução de perdas, devido à geometria, às suas regulagens e à redução do atrito entre as plantas e as partes móveis desta plataforma.

Na safra de 2009, o engenheiro agrônomo Lucas Cestonaro estimou perdas na colheita direta de canola, na lavoura da Empresa Se-mentes com Vigor, em Vacaria (RS). Foram comparadas duas plataformas em colhedoras com mecanismos internos tipo rotor de fluxo axial, onde foi observado que a colhedora com plataforma convencional perdeu 120kg/ha na plataforma e 160kg/ha nos mecanismos inter-nos (total de 280kg/ha). Já a máquina equipada com a plataforma de esteiras perdeu 80kg/ha na plataforma e 40kg/ha nos mecanismos internos (total de 120kg/ha).

COLHEITA COM DESSECAÇÃO QUÍMICA Para realizar a colheita com dessecação pré-

via, deve-se tomar alguns cuidados. O primeiro ponto é se o herbicida dessecante é registrado

Plataforma Draper em que o sem-fim de alimentação é substituído por um par de esteiras transversais e uma longitudinal proporciona maior uniformidade de alimentação das colhedoras e aumentos de 15% a 20% na capacidade de colheita

Figura 1 - Mudança de cor das síliquas e dos grãos de canola, indicando o avanço da maturação. Disponível em: http://www.ag.ndsu.edu/pubs/plantsci/crops/a1171-4.jpg

Fotos Lucas Cestonaro

Page 12: Maquinas 123

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br12

Colheita 9 dias após a dessecação*1095271

Períodos de avaliação Dessecação-colheita

Perdas na plataforma de cortePerda nos mecanismos internos

Total das perdas

Tabela 1 - Perdas de grãos (kg/ha) na colheita de canola em função de dois intervalos de tempo entre a dessecação e a colheita

Colheita 13 dias após a dessecação**3550

121206

* Entre a dessecação e a colheita a precipitação pluvial acumulada foi de 103mm e o teor de umidade dos grãos colhidos foi de 19,9%** Entre a dessecação e a colheita a precipitação pluvial acumulada foi de 122mm e o teor de umidade dos grãos colhidos foi de 20,1%

para este tipo de uso. A dessecação da cultura pode ser realizada por meio de pulverização por via aérea ou terrestre, o que eleva os custos devido à operação, ao herbicida e aos danos causados pelo amassamento das plantas, no caso da aplicação terrestre.

Além de promover maturação mais unifor-me da cultura, a dessecação química é utilizada para controlar plantas daninhas que poderão dificultar a colheita. Ela acelera a maturação das plantas, tornando-as mais suscetíveis a perdas por debulha caso ocorram ventos excessivos e precipitações pluviais em demasia.

O momento para a aplicação do herbicida dessecante é quando 60% a 75% dos grãos mudaram de cor (de verde para marrom – Figura 1) e o intervalo de segurança entre a pulverização e a colheita deve ser no mínimo de sete dias. Ocorrendo excesso de chuvas e/ou ventos fortes, as perdas poderão ser aumentadas em comparação com a colheita sem dessecação.

A colheita deve ser iniciada tão logo a umidade dos grãos esteja adequada, evitando que esta operação seja realizada além de 14 dias após a pulverização do herbicida. A cultura está pronta para a colheita, quando a maioria das síliquas está seca e sua agitação produz um som de “guizo”.

No ano de 2009 a engenheira agrônoma Andréia Kraemer estimou perdas em lavoura da Empresa JJ Barbiero, em Nonoai (RS), onde foi realizada dessecação química com glufosinato de amônio (Tabela 1).

Trabalho com dessecação de canola em pré-colheita, conduzido na Universidade de Passo Fundo em 2010, mostrou que a utilização do adesionante Grip® reduziu significativamente as perdas de pré-colheita (entre a dessecação e a colheita) e na plataforma de corte, quando comparado à dessecação sem Grip. O uso deste produto proporcionou aumentos entre 161kg/ha e 215kg/ha na quantidade de grãos colhidos, quando comparado à dessecação sem adição do adesionante.

COLHEITA COM CORTE/ENLEIRAMENTO A colheita de canola através do sistema

de corte/enleiramento reduz os riscos de perdas e a ocorrência de grãos esverdeados e contribui para a qualidade dos grãos exigida para obter melhores classificações e preços. Para isso, é necessário inspecionar o campo a cada dois ou três dias, até que seja percep-tível a mudança de cor nas primeiras síliquas na parte inferior da haste principal (20 a 30 dias após o final da floração).

Além da redução de perdas de grãos nas síliquas da parte baixa das plantas e da elimi-nação de plantas daninhas junto à massa de palha, as vantagens do corte/enleiramento incluem a maturação uniforme dos grãos, de sete a dez dias antes da colheita direta, com menor exposição das plantas a chuvas fortes, granizo e vento.

É indicado realizar o corte/enleiramento quando a umidade dos grãos atinge 30% a 35%, ou seja, quando 40% a 60% destes

mudaram de cor, de verde para vermelho, marrom ou preto ou observar a Figura 2.

No Rio Grande do Sul, a Indústria Produfort, localizada na cidade de Colorado, está desenvolvendo plataformas para viabi-lizar as operações de corte/enleiramento e recolhimento/debulha de canola.

A altura de corte deve ser tal que a na-valha da plataforma de corte/enleiramento atue logo abaixo da inserção dos ramos late-rais na haste principal. A cultura enleirada deve estar pronta para a colheita, quando o teor de umidade dos grãos se aproxima de 8% ou menos, o que normalmente se verifica entre cinco e 14 dias após o corte/enleiramento.

A etapa de recolhimento/debulha, que constitui a colheita propriamente dita, pode ser realizada através de colhedoras automotrizes equipadas com plataformas para cereais de inverno ou para soja. Neste

Detalhe da lavoura de canola em plena florada e madura, pronta para a colheita

Figura 2 - Indicadores do momento adequado para realizar o corte/enleiramento de canola. Traduzido de: http://www.ag.ndsu.edu/pubs/plantsci/crops/a1171w.htm

Figura 3 - Perdas na colheita de canola em função da colheita direta e da colheita com corte/enleiramento, aos sete e aos 13 dias após a operação de corte/enleiramento

Fonte: Ezequiel Castioni

Foto

s Lu

cas

Ces

tona

ro

Page 13: Maquinas 123

SAIBA MAIS SOBrE MECANIZAÇÃO NA CUltUrA dA CANOlA

Mais informações sobre re-gulagens das colhedoras para a colheita de canola

podem ser encontradas na publicação da Embrapa Trigo da série Documentos On Line 89 – Enleiramento e colheita de canola, disponível no site: http://www.

cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do89.htm.

A Publicação da Embrapa Trigo Sistemas de Produção 3 - Cultivo de Canola também apresenta diversas in-formações sobre a cultura, com versão on-line no site:

Plataforma para corte direto de canola equipada com barra de corte vertical em cada uma das extremidades

caso, o inconveniente é de que plantas da-ninhas e caules de canola que continuam verdes são cortados e causam aumento da umidade dos grãos.

Na safra 2009, o engenheiro agrônomo Ezequiel Castioni avaliou perdas na colheita de canola através do sistema corte/enlei-ramento e recolhimento com plataforma de colheita de soja em comparação com a colheita direta.

Observa-se que na colheita direta as per-das totalizaram 181,25kg/ha enquanto que aos sete e aos 13 dias após o corte/enleira-mento estas foram respectivamente de 53,23 e de 54,6kg/ha, evidenciando a vantagem na redução das perdas pelo sistema de corte/enleiramento. Os dois aspectos que mais chamaram atenção foram as elevadas perdas nos saca-palhas e nas peneiras quando a canola foi colhida diretamente.

A solução que parece mais promissora é o recolhimento das leiras por meio de uma plataforma recolhedora semelhante à utilizada na colheita de feijão enleirado. A principal vantagem da colheita com plata-forma recolhedora é não recolher plantas

Plataforma recolhedora de canola enleirada, em fase de desenvolvimento

daninhas e caules verdes de canola, o que proporciona grãos mais secos e limpos.

Finalizando, a escolha da melhor opção para a colheita de canola depende das condições de cada propriedade rural, da disponibilidade de equipamentos, dos custos envolvidos e dos riscos devido a condições climáticas adversas no período da colheita.

Plataforma para corte/enleiramento de canola produzida pela empresa Produfort, em Colorado (RS)

Walter Boller,UPFEzequiel Castioni eFábio Júnior Benin,BSBios

.M

Divulgação Ezequiel Castioni Ezequiel Castioni

Page 14: Maquinas 123

COlhEdOrAS

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br14

Mudas escolhidasControle estatístico de processo aplicado à qualidade de mudas de cana-de-açúcar é uma ferramenta importante para obtenção

de mudas com padrão de qualidade ideal para o plantio

Fotos Murilo Aparecido Voltarelli

O plantio é sempre um investi-mento crucial na cultura da cana-de-açúcar, pois é a base do

seu desenvolvimento e o que fornece condi-ções para a maior longevidade do canavial. A colheita mecanizada de mudas é uma etapa importante para que o plantio mecanizado de cana-de-açúcar tenha resultados satisfatórios,

pois quanto menores os danos causados às gemas, maior será a uniformidade e a qua-lidade do canavial. Esses danos podem ser causados pela qualidade do corte da muda, atrito no transbordo quando a colhedora lança os rebolos em seu interior, atrito entre os próprios rebolos no deslocamento do transbordo da área de colheita de mudas até

a área de plantio e, por fim, o atrito existente quando o transbordo descarrega as mudas dentro da plantadora.

Para a colheita mecanizada de mudas de cana-de-açúcar é comum a utilização um kit especial (emborrachado), diferentemente do que se usa nas colhedoras utilizadas para o corte da cana voltada para fins industriais. Este kit é instalado no sistema de corte e alimentação da colhedora, cuja função é pro-teger as gemas dos prováveis atritos causados no momento do corte e alimentação. Além disso, as facas utilizadas no corte basal para a colheita de mudas são trocadas com menor tempo de uso, a fim de evitar que o desgaste das mesmas comprometa o corte das mudas, danificando-se as gemas e posteriormente a rebrota das mudas, influenciando negativa-mente a brotação.

Por outro lado as características biomé-tricas dos rebolos, tais como comprimento, diâmetro, massa, número de gemas (viáveis e inviáveis) também são importantes para o plantio, podendo afetar a brotação das gemas, diminuindo sua vida útil. Os fatores que agem neste aspecto são a regulagem da

Até mesmo o transporte das mudas com transbordo, da área colhidaaté o local do plantio, pode interferir na qualidade do estande final

Mudas escolhidasControle estatístico de processo aplicado à qualidade de mudas de cana-de-açúcar é uma ferramenta importante para obtenção

de mudas com padrão de qualidade ideal para o plantio

Page 15: Maquinas 123

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br 15

máquina e os fatores ambientais. O primeiro diz respeito à regulagem da rotação da estei-ra que transporta a muda até o facão picador e a própria rotação (maior ou menor) desse facão, podendo influenciar o tamanho dos rebolos que são cortados; o segundo diz res-peito às condições climáticas que a cultura está sujeita (ataque por patógenos, geadas, pragas, culturais, teor de água no solo, dentre outros), afetando o desenvolvimento do canavial que será destinado à produção de mudas.

Neste contexto, pressupondo-se que exista grande variabilidade nas caracterís-ticas biométricas de mudas de cana-de-açúcar podendo afetar a brotação após o plantio, foi desenvolvido um trabalho pelo Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola (Lamma) da Unesp Jaboticabal com o objetivo de avaliar a qualidade da operação de colheita mecanizada de mudas de cana-de-açúcar, por meio do controle estatístico de processo.

CONDUÇÃO DO EXPERIMENTOO experimento foi conduzido no mu-

nicípio de Monte Alto (SP), no período diurno da operação de colheita, utilizando uma colhedora Case IH modelo A8800 com rodados de esteira e bitola de 1,88 metro. O operador possuía três anos de experiência trabalhando com colhedora de cana-de-açúcar. A velocidade de deslocamento da máquina foi de 6km/h e o conjunto de facas de corte basal possuía um período de uso de aproximadamente seis horas. A variedade selecionada para o corte das mudas foi a RB83-5054 adaptada a ambientes de pro-dução com média fertilidade.

As avaliações foram realizadas a partir da coleta de 30 rebolos dentro do transbordo, na parte superior, na área de plantio, consideran-

do cada rebolo como uma unidade amostral. O comprimento foi avaliado utilizando régua milimetrada, a massa dos rebolos foi obtida por meio de balança com precisão de 0,01g; o diâmetro foi determinado pela utilização de paquímetro digital e o número total de gemas por rebolo foi determinado por meio de contagem direta. O número de gemas to-tais e viáveis (GV) foi determinado por meio da contagem direta das gemas consideradas intactas, as gemas inviáveis (GI) foram calcu-ladas por meio da diferença entre o número de gemas totais (GT) e (GV).

Os resultados foram avaliados por meio do controle estatístico de processo, utilizando-se as cartas de valores individuais e de amplitude móvel, que possuem linhas centrais (média geral e amplitude média, respectivamente) bem como os limites su-perior e inferior de controle (LSC e LIC),

As avaliações foram realizadas a partir da coleta de 30 rebolos dentro do transbordo, na parte superior, já na área de plantio

calculados com base no desvio-padrão das variáveis. Estas cartas foram utilizadas a fim de identificar a não aleatoriedade decorrente do processo, bem como avaliar a qualidade da operação, utilizando-se como indica-dores de qualidade as variáveis descritas anteriormente.

QUALIDADE DA OPERAÇÃOA análise descritiva para comprimento

(cm), massa (g) e diâmetro dos rebolos (mm) (Tabela 1) mostra que houve distri-buição normal dos dados. Por outro lado, o número total de gemas (NTG) apresentou distribuição assimétrica dos dados verifica-da pelo teste de normalidade, podendo ser comprovado pelo coeficiente de assimetria e curtose negativo, indicando afastamento dos dados em relação média. Por outro lado, a variável número de gemas inviáveis (NGI)

Mecanismo de corte basal de cana-de-açúcar (conjunto dediscos e facas), utilizado para colheita de mudas para o plantio

Contagem do número de gemas totais, viáveis e inviáveis dos rebolos escolhidos para amostragem

Page 16: Maquinas 123

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br16

Tabela 1 - Estatística descritiva para as variáveis comprimento (cm), massa (g), diâmetro (mm), número total de gemas (NTG), número de gemas viáveis (NGV) e número de gemas inviáveis (NGI) de mudas de cana-de-açúcar

χ39,96271,1328,863,102,860,23

VariávelComprimento

MassaDiâmetro

NTGNGVNGI

A14,00171,009,002,002,001,00

σ2,9848,682,520,660,730,43

Md40,00278,5029,003,003,000,00

Cs0,00

- 0,040,02

- 0,110,211,33

Ck0,43

- 0,91- 0,57- 0,57- 1,02- 0,26

CV7,4817,968,7621,3525,48

184,36

ADNNNAAA

χ - Média; A – Amplitude; σ – Desvio padrão; Md – mediana; Cs - Coeficiente de assimetria; Ck Coeficiente de curtose; CV (%)– Coeficiente de variação; AD – Teste de normalidade de Anderson-Darling (N: distribuição normal; A: distribuição Assimétrica).

Figura 1 - Carta de controle do comprimento, massa, diâmetro e número total de gemas dos rebolos. (a) Carta de valores individuais. (b) Carta de amplitude móvel. LSC: limite superior de controle. LIC: Limite inferior de controle. X: média

Figura 2 - Carta de controle para o número de gemas viáveis, inviáveis e porcentagem de gemas viáveis (NGV, NGI e %GV), respectivamente. (a) Carta de valores individuais. (b) Carta de amplitude móvel. LSC: limite superior de controle. LIC: Limite inferior de controle. X: média.

foi considera assimétrica com coeficientes de assimetria positivos e curtose negativo, podendo ser explicado pela maior amplitude, desvios padrão e coeficientes de variação apresentados pelo conjunto de dados. Já o número de gemas viáveis (NGV) apresentou médio coeficiente de variação, mas ainda assim foi considerado assimétrico.

Para as variáveis comprimento, massa, diâmetro e número total de gemas dos rebolos (Figura 1) as mesmas permanecem estáveis dentro de seus limites de controle (superior e inferior), indicando a presença de causas aleatórias decorrentes do processo, ou seja, estas variáveis possuem certa homogeneida-de. Esta estabilidade alcançada é essencial para a colheita mecanizada de mudas, pois é um indicativo que a operação está bem dimensionada em relação aos fatores que podem intervir na colheita, sendo eles: má-quina, mão de obra, matéria-prima, método e meio ambiente.

Apesar de haver certa variabilidade destas variáveis podendo ser observada pelos limites superior e inferior de controle das cartas de valores individuais e também pela amplitude móvel (variação do processo), a operação está sendo realizada com qualidade, pois não houve nenhum ponto fora dos limites de controle.

Para o número de gemas viáveis e invi-áveis o processo permanece estável (Figura 2) dentro dos limites de controle, indicando que há presença apenas de causas aleatórias no processo, o que vem a ser interessante,

pois isso pode ter reflexos positivos no plantio favorecendo a brotação das gemas, o que pode evitar potenciais falhas, uma vez que existe um número de gemas inviáveis baixo. Apesar de estas variáveis estarem sob controle esta-tístico, indicando que a operação de colheita não possui fatores externos atuando no pro-cesso, a variabilidade apresentada é elevada

(cartas de valores individuais e de variação do processo), fato este que, se não for observado cuidadosamente, pode vir a tornar a operação a ser instável, caracterizada por pontos fora dos limites de controle, podendo prejudicar todo o ciclo da cultura e consequentemente diminuir a qualidade da operação.

Os resultados obtidos permitem constatar que o controle estatístico de processo é um método eficiente na avaliação da qualidade biométrica de mudas de cana-de-açúcar pro-venientes da colheita mecanizada, sendo que as mesmas possuem elevada qualidade (duas a três gemas viáveis por rebolo) estando apta ao plantio mecanizado.

Murilo Aparecido Voltarelli, Rouverson Pereira da Silva,Vicente Filho Alves Silva,Ariel Muncio Compagnon eLucas José Brame,Lamma – FCAV/Unesp Jaboticabal

Detalhe de gema inviável (esquerda) e gema viável (direita)

.M

Mur

ilo A

pare

cido

Vol

tare

lli

Page 17: Maquinas 123

COlhEdOrAS

Perda monitorada

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br 17

As perdas durante a colheita são inevitáveis. No entanto, é necessário monitorá-las para mantê-las dentro dos níveis aceitáveis

Para determinar as perdas na plataforma, deve-se parar a colhedora, recuá-la alguns metros e selecionar a área

O controle das perdas na colheita é necessário em função de que nesta fase do processo produtivo, a maior

parte dos custos de produção já foi empregada na cultura, portanto, qualquer perda neste mo-mento acarreta em diminuição da lucratividade do produtor.

Basicamente, as perdas dependem dos seguintes fatores: clima, cultura (variedade, população de plantas, plantas daninhas, relação palha/grão, umidade de colheita) e máquina (estado de conservação, velocidade de des-locamento, regulagem dos mecanismos que executam as operações básicas, entre outros). Esses fatores de perdas agem em três momen-tos: antes (pré-colheita), durante (colhedora) e após a colheita (transporte).

As perdas de pré-colheita ocorrem devido à deiscência de grãos, aos danos mecânicos pela condução da cultura e às condições climáticas adversas. Na colhedora, as perdas ocorrem na plataforma e/ou nos mecanismos internos.

PERDAS NA PLATAFORMAA maior parte das perdas ocorre na plata-

forma e, na maioria dos casos são devidas ao manuseio inadequado desse componente. De forma resumida, na plataforma de corte essas perdas decorrem por grãos deixados abaixo da plataforma de corte (altura de corte), grãos derrubados pela vibração da barra ou trilhados pelo molinete e por plantas arrastadas pelo movimento do molinete.

Para plataformas despigadoras de milho as perdas decorrem por conta do recolhimento, pela incapacidade dos mecanismos recolherem e destacarem todas as espigas e por debulha das espigas pelas facas destacadoras.

Em geral, essas perdas situam-se entre 0,40% e 1,07%, sendo que as perdas totais

Cha

rles

Ech

erM

arce

lo S

ilvei

ra d

e Fa

rias

Page 18: Maquinas 123

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br18

(plataforma mais mecanismos internos) devem ser inferiores a 2% (Oliveira et al 1995).

PERDAS NA TRILHASegundo Moraes et al 1996, as perdas no

sistema de trilha são constituídas por grãos não trilhados que não são recuperados pelo saca-palhas ou sistemas de peneiras. As perdas na trilha decrescem quando a ação trilhadora é aumentada e devem ser inferiores a 1%.

PERDAS NA SEPARAÇÃOAs perdas na separação nada mais são que

grãos juntos com a palha que não sofreram o total processo de separação pelo saca-palhas ou pelo rotor e acabam por ser lançados para fora da colhedora por estes componentes. Deve-se principalmente à sobrecarga de ambos em de-corrência de uma elevada taxa de alimentação. As perdas de separação devem ser inferiores a 1% (Moraes et al, 1996).

PERDAS NA LIMPEZAPerdas ocorridas no sistema de limpeza

refletem a quantidade de grãos que passam

sobre a peneira superior e são jogados para fora da máquina. Tais perdas são influenciadas pela quantidade de material sobre as peneiras, pela abertura destas e pelo fluxo de ar do ventilador. Este último fator tem maior influência sobre a colheita de grãos leves. As perdas devem ser inferiores a 1%.

AVALIAÇÃO DE PERDASA avaliação das perdas na colheita meca-

nizada de grãos pode ser realizada de distintas formas, dentre elas: Norma ABNT NBR 9740:1987 (Colhedora autopropelida de grãos - Determinação das características técnicas e de desempenho – Método de ensaio); métodos ex-peditos (Embrapa - Extensão) e método básico (utilizado a campo).

MéTODOS EXPEDITOS Os métodos expeditos (Embrapa – Exten-

são) foram criados com a finalidade de obter-se uma rápida verificação das perdas em nível de campo. Um deles avalia o número de grãos e o outro o volume de grãos contidos em uma amostra de área conhecida.

Operação de colheita com a velocidade de deslocamento da máquina e de rotação do molinete adequada às características da cultura, favorece a ausência de plantas aderidas ao molinete

O método de números de grãos consiste em, após a passagem da colhedora, realizar a con-tagem dos grãos contidos na área amostrada, e posterior comparação com uma tabela. Essa ta-bela contém a perda mínima e máxima de uma determinada cultura em função do número de grãos coletados em armações preestabelecidas de 1m² de área (para arroz), 2,0m² (soja, milho) e 30m2 (milho em espiga).

O copo de plástico é medidor calibrado de tamanho específico que, ao correlacionar volu-me com massa, permite a determinação direta dos valores de perdas de grãos e produtividade da lavoura, em sc/ha. As determinações são realizadas com base em áreas preestabelecidas semelhante ao método mencionado acima. Em geral, consideram-se como aceitáveis as perdas de até 1,0sc/ha para soja e 1,5sc/ha para arroz e milho. Alguns trabalhos da Embrapa citam como perda aceitável na cultura da soja o valor de 0,75sc/ha. No caso de valores superiores, deve-se ajustar a velocidade de trabalho e as regulagens dos mecanismos da colhedora. Uma desvantagem desse método é que utiliza um peso médio de 100 grãos, não considerando o peso real de 100 grãos (que varia de acordo com a cultivar).

MéTODO BÁSICOO método básico é utilizado para fazer um

levantamento mais detalhado das perdas, pois possibilita a estratificação das mesmas e, com isso, propicia uma regulagem mais específica dos mecanismos da colhedora. Consta basica-mente de quatro passos:

O primeiro passo é a determinação das per-das de pré-colheita. Atualmente, a metodologia mais empregada é a sugerida por Mesquita et al (1998), que consiste em definir a área para a armação de 1m² para arroz e de 2m² para mi-lho e soja. Utiliza-se uma armação constituída de dois barbantes e duas hastes de madeira. O comprimento do barbante deve ocupar a mesma largura da plataforma da colhedora e as hastes variam de tamanho de forma a propor-

Detalhe das vagens de soja não colhidas devido à má regulagem da altura da barra de corte

Foto

s M

arce

lo S

ilvei

ra d

e Fa

rias

José

Fer

nand

o Sc

hlos

ser

Page 19: Maquinas 123

anteriormente.Se, por exemplo, foram coletados 8g em

2m², desconta-se da pré-colheita, então temos: 8g – 2g = 6g de perdas da plataforma a cada 2m² de área amostrada, logo, tem-se 3g/m² => 3 g/m² x 10.000m²/ha = 30.000g/ha ÷ 1.000g/kg = 30kg/ha devidos exclusivamente à plataforma.

PERDAS NA UNIDADE DE TRILHA, SEPARAÇÃO E LIMPEZAA amostragem é realizada após a passagem

de toda colhedora na cultura, com a mesma metodologia empregada anteriormente. Porém, neste caso, deve-se descontar as perdas de pré-colheita e da plataforma. Se, por exemplo, coletaram-se 12g, tem-se: 12g – 6g (unidade de corte e recolhimento) – 2g (pré-colheita) = 4g de perdas a cada 2m², logo se tem 2g/m² => 2g/m² x 10.000m²/ha = 20.000g/ha ÷ 1.000g/kg = 20kg/ha.

Conforme citado neste artigo, existem diversos métodos de determinação de perdas na colheita. Indiferente do método utilizado, salienta-se a importância de determinar o quanto e onde se está perdendo, visando, assim, ações (regulagens, manutenção e operação correta) que possibilitem reduzir estas perdas, aumentando a lucratividade da lavoura. .M

Copo medidor utilizado para quantificação de perdas em colheita de grãos

cionar as áreas descritas acima. Assim, a largura da amostra (comprimento das hastes) é obtida através da largura da plataforma da colhedora, da área amostral e o comprimento das ripas (medida y). Se por exemplo, sendo a área de 2m² (soja e milho) para avaliação e largura da plataforma de 3,6 metros, temos, portanto, 2,0m² ÷ 3,6 = 0,56m ou 56cm de largura.

É claro que com o aumento do tamanho das atuais plataformas, se fazem necessárias maiores áreas de amostragem. Câmara et al (2007)

verificaram que há influência da área de amos-tragem sobre a contabilização das perdas. Os autores verificaram um coeficiente de variação de 88,26% quando utilizada uma área de 2m² e 32,85% quando utilizado 3m², nos valores de perdas amostrados na cultura da soja.

A determinação de perdas por esse método pode ser exemplificada da seguinte forma: se fo-rem coletados 2g em 2m², tem-se uma perda de 1g/m². Como 1ha possui 10.000m², 1g x 10.000 = 10.000g/ha ÷ 1.000g/kg = 10kg/ha

PERDAS NA UNIDADE DE CORTE E RECOLHIMENTO As perdas relativas aos sistemas de corte e

recolhimento são determinadas onde passou apenas a plataforma de corte da colhedora. Para isso, em determinado momento, deve-se parar a colhedora, levantar a plataforma e dar marcha à ré. Após, faz-se a avaliação das perdas onde a plataforma havia passado, com a mesma armação e largura utilizada

Atualmente, algumas máquinas saem de fábrica equipadas com sensores de perdas

dEtErMINAÇÃO dA pErdA tOtAl

Produtividade líquida de colheita (PLC) (kg/ha) = quantidade de produto colhido por hectare (kg/ha)

Produtividade líquida de colheita (PLC) = 3.000 kg/ha

Perdas da Máquina = perdas na pla-taforma + perdas no sistema de trilha, separação e limpeza

Perdas da máquina = 30 + 20 = 50 kg/ha

Sabendo o valor total de perdas de-vido à colhedora (50kg/ha) e, as perdas parciais nos componentes da colhedora,

podemos calcular os percentuais de perdas nos componente da seguinte forma:

30/50 x 100 = 60% devido à pla-taforma

20/50 x 100 = 40% devido ao siste-ma de trilha separação e limpeza

Para o cálculo do percentual de perda em função da produtividade, procede-se da seguinte forma:

Produtividade bruta de colheita

(PBC)(kg/ha)= 3000 kg/ha + 50 kg/ha = 3050 kg/ha

Perda total da máquina (%) = Perda da máquina (kg/ha) x 100 Produtividade bruta de colheita (kg/ha)

Perda total da máquina (%) = 50 x 100 = 1,63% 3050

Quantificação das perdas em arroz é mais complicado e podem ser utilizados diferentes métodos de coleta

As perdas dos mecanismos de trilha e separação devem ser avaliadas após a passagem da colhedora

Ulisses Giacomini Frantz,Marcelo Silveira de Farias,Fabrício Azevedo Rodrigues,José Fernando Schlosser eDaniel Uhry,Nema – UFSM

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br 19

José Fernando SchlosserUlisses Giacomini Frantz

José

Fer

nand

o Sc

hlos

ser

Page 20: Maquinas 123

Fora do lugar

Pesquisadores avaliam a distribuição longitudinal das plantas de soja, em área georreferenciada e concluem que a operação de plantio

ainda deve evoluir muito para garantir um estande perfeito

SEMEAdOrAS

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br20

A produtividade de grãos das culturas semeadas em linha é influenciada por diversos fato-

res, sendo a uniformidade de distribuição de sementes um dos mais importantes. Na cultura da soja, o potencial máximo de produção é atingido desde que se tenham as melhores condições de solo, clima e mínimo de competição entre plantas.

O processo de semeadura apresenta especial importância para a obtenção de colheita lucrativa, se malconduzido pode comprometer o desenvolvimento da lavoura. O sucesso em semear está na distribuição correta em número, espaço e profundidade, da quantidade de sementes recomendada, além de velocidade de trabalho que garanta maior capacidade operacional do conjunto trator-semeadora. O acondicionamento correto das sementes no sulco, que pro-porcione contato íntimo da semente com o solo úmido, é importante para um processo de germinação uniforme. O solo onde as sementes são depositadas deve estar sufi-cientemente estruturado, minimizando a formação de crostas e facilitando o desen-volvimento da cultivar.

O desempenho das semeadoras-aduba-doras é avaliado pela qualidade e quantidade de trabalho que executam. A quantidade refere-se à área semeada por unidade de tempo e os fatores que mais interferem são a largura de trabalho e a velocidade de deslo-camento. Por outro lado, a qualidade requer

a obtenção de uma população de plantas de acordo com a densidade preestabelecida para a cultivar, respeitando o número de sementes por metro linear e o espaçamento entre plantas.

Os avanços tecnológicos que acompa-nham a agricultura de precisão adotam como princípio a heterogeneidade das áreas de cultivo, ofertando a proposta de manejar o campo levando em consideração a varia-bilidade espacial do sistema de produção. As características de fertilidade do solo são manejáveis através de zonas que apresentam aspectos similares, resultando em melhor produtividade e/ou menores custos. Áreas bem manejadas facilitam maximizar a pro-dutividade, contudo, a irregularidade na distribuição de plantas, desde o momento da semeadura e durante a condução da cultura, afeta a produtividade final.

Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás realizaram um estudo para avaliar

a distribuição de plantas na operação de semeadura direta na palha, em uma área no município de Goianápolis (GO). Para isto foi montado um grid com os pontos espaçados em 70 metros, o que resultou em dois pontos por hectare, em uma área de 25 hectares.

Para a avaliação da regularidade de distribuição longitudinal e a porcentagem de espaçamentos entre plantas, foi feita adaptação da metodologia indicada pela ABNT para a avaliação de semeadora-adubadora. Desta forma, a porcentagem de espaçamentos aceitáveis, falhos e duplos foi obtida, considerando espaçamento duplo, quando a distância entre plantas era menor que 0,5 vez o espaçamento médio esperado; aceitável quando figurava de 0,5 a 1,5 vez o espaçamento médio esperado; e falho quando maiores que 1,5 vez o espaçamento médio esperado. Para isso foram contadas as plantas de soja em três linhas de semeadura

O desempenho das semeadoras-adubadoras é avaliado pela qualidade e quantidade de trabalho que executam

Pesquisadores avaliam a distribuição longitudinal das plantas de soja, em área georreferenciada e concluem que a operação de plantio

ainda deve evoluir muito para garantir um estande perfeito

Agrale

Cha

rles

Ech

er

Page 21: Maquinas 123

paralelas, no comprimento de um metro em cada, bem como medidas as distâncias entre cada planta.

Os valores obtidos pela da contagem direta em campo foram tabulados no progra-ma computacional Excel para o cálculo do coeficiente de variação (CV) e porcentagem de espaçamentos aceitáveis.

Ainda foi realizada a análise por controle estatístico de processo por meio de carta de controle. Para definir a linha média e os limites superior e inferior de controle, foram empregados os mesmos valores da análise de porcentagem de espaçamentos aceitáveis. O número de plantas por metro linear foi igualmente analisado por de cartas de controle.

A distribuição de plantas na linha apre-sentou apenas 61,07% com espaçamentos entre plantas dentro da faixa considerada satisfatória, que lhe confere desempenho regular. Com relação à distribuição de sementes, as semeadoras podem ser clas-sificadas como de ótimo desempenho se distribuir de 90% a 100% das sementes na faixa de espaçamentos aceitáveis, bom desempenho de 75% a 90%, regular de 50% a 75%, e insatisfatório abaixo de 50%. No presente estudo foi avaliado o estande final de plantas, portanto, algumas falhas entre plantas poderiam ser atribuídas a outros fatores que não a eficiência da semeadora. Contudo, na distribuição longitudinal das plantas, 20,50% dos espaçamentos estavam dentro do intervalo que os classificava como duplos, que são totalmente oriundos do processo de semeadura.

Ao ser analisado por controle estatístico de processo, verificamos um processo fora de controle, onde os espaçamentos entre as plantas poderiam favorecer resultados negativos na produtividade, conforme apre-sentado na Figura 1.

Na avaliação do desempenho de uma semeadora-adubadora, deve prevalecer o atendimento das necessidades agronômicas da cultura, onde é necessário um número

Figura 1 - Carta de controle para a distribuição longitudinal dos espaçamentos. LSC: limite superior de controle; LM: linha média; LIC: limite inferior de controle

Figura 2 - Carta de controle da distribuição da população de plantas por metro linear, LSC: limite superior de controle; LM: linha média; LIC: limite inferior de controle

Estudos indicam que a falta de uniformidade na distribuição das plantas pode determinar perdasde produtividade da ordem de 15% para o milho, 35% para o girassol e 10% para a soja

preciso de plantas por metro linear com distribuição equidistante. O coeficiente de variação verificado foi 9,24%, podendo ser classificada como bom desempenho para semeadoras com sistema de dosagem do tipo discos horizontais perfurados. Contudo, ao ser analisada a população de plantas pela de carta de controle (Figura 2) o diagnóstico torna-se diferente, com praticamente a me-tade da população fora da faixa considerada como ideal.

O conceito de processo sob controle estatístico é extremamente importante, pois é através deste que se evidencia a presença de padrões não aleatórios. Dentre os inú-meros padrões não aleatórios que podem ser encontrados nos gráficos é destacada a existência de pontos além dos limites supe-rior ou inferior de controle.

A semeadura é adequada quando a diferença entre a quantidade de plantas possíveis de serem obtidas e as emergidas é mínima, o espaçamento entre elas é uniforme e o tempo necessário para emer-gência de toda a população de plântulas seja mínimo. Estudos realizados por outros pesquisadores brasileiros indicam que a falta

de uniformidade na distribuição das plantas pode determinar perdas de produtividade da ordem de 15% para o milho, 35% para o girassol e 10% para a soja.

De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que com uso de meto-dologia adaptada, que em função tanto do coeficiente de variação da população (9,24%), como da porcentagem de espaça-mento classificado como aceitável (61,07%), a distribuição de plantas foi considerada satisfatória. Porém, análise do processo de semeadura realizada pelas cartas de controle indica que o processo encontra-se fora de controle, devendo ser reavaliado, para que a homogeneização da área por meio de práticas de agricultura de precisão não sofra distorções oriundas de um processo de semeadura malconduzido. Maior qualidade na semeadura pode ser obtida pela seleção de equipamentos, velocidade de trabalho, sementes, discos dosadores, além das con-dições do solo favoráveis.Vandoir Holtz,Neyber Cristiano Neiva Filho eElton Fialho dos Reis,Universidade Estadual de Goiás

.M

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br 21

Sem

eato

Page 22: Maquinas 123

FIChA téCNICA

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br22

BC 4500 RA colhedora BC 4500 R da Valtra foi projetada para

colher em lavouras de arroz irrigado, mantendo a mesma

tecnologia dos demais modelos da série BC

A BC 4500 R da Valtra é uma colhei-tadeira classe IV, projetada para co-lher em lavouras de arroz irrigado.

Ela vem equipada com motor AGCO Sisu Power de 620 DS de 200cv e rotação nominal de 2.200rpm. Sua versão standard é 4x4, mas como opcional pode ser montada com eixo 4x2. Possui tanque de combustível para 450 litros de diesel, sistema de transmissão de acionamento hidrostático e três velocidades

de deslocamento na caixa de câmbio.

PLATAFORMA DE CORTEA plataforma de corte da BC 4500 R

é da Valtra série 600R, exclusivamente de-senvolvida para o arroz, sendo oferecida nos tamanhos de 16 pés (4,8m), 18 pés (5,5m) e 20 pés (6,1m). Através de um fluxo uniforme

do material colhido e a maior velocidade de alimentação, permite que a colheitadeira usufrua de toda a capacidade de trilha com muito menos perdas. O caracol é resistente à abrasão e disposto em uma geometria favorável em relação ao fundo da plataforma, que, junto com a mesa extremamente curta, garante uma alimentação uniforme e suave à colheitadeira, mesmo em lavouras com grandes volumes de palha. O molinete pode ser ajustado para subir ou descer, avançar ou recuar e aumentar ou diminuir a rotação de dentro da cabine do ope-rador através de acionamentos hidráulicos.

CANAL ALIMENTADORO canal alimentador utiliza uma esteira

A plataforma de corte, a Valtra série 600R, foi exclusivamente desenvolvida para o arroz e está disponível nos tamanhos de 16 pés (4,8m), 18 pés (5,5m) e 20 pés (6,1m)

O côncavo possui duas linhas de barras dentadas podendo ser montado como opção de uma terceira

Page 23: Maquinas 123

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br 23

Fotos Valtra

composta por três correntes e duas filas de travessas bipartidas desencontradas e tambor dianteiro flutuante, maximizando o fluxo de material e assegurando uma alimentação constante e uniforme ao cilindro de trilha. O fundo do canal, além de ser removível, conta ainda com material resistente à abrasão, o que para a cultura de arroz é extremamente necessário.

Todas as versões R da BC 4500 possuem o controle de flutuação lateral da plataforma, com isto fica mais fácil ao agricultor transpor taipas, por exemplo.

SISTEMA DE TRILHAO sistema de trilha convencional de dentes

mantém a versatilidade da máquina e permite o seu uso na mais ampla gama de cultivares arrozeiras. O cilindro de trilha dentado tem 600mm de diâmetro e largura de 1.270mm, somado à área de 0,80m² e 117° de envolvi-mento do côncavo, o que garante maior capa-cidade de trilha e qualidade dos grãos.

O côncavo possui duas linhas de barras dentadas, podendo ser montado como opção uma terceira, caso seja necessário. A regulagem da rotação do cilindro de trilha é elétrica e feita na cabine do operador, variando conti-nuamente de 450 a 1.350rpm. Já o côncavo possui regulagens independentes entre a parte frontal e a traseira, assim o agricultor pode diminuir ou aumentar o ângulo de envolvi-mento e consequentemente a agressividade

BC 4500 R é uma colheitadeira classe IV, projetada para a cultura do arroz. Ela vem equipada com motor AGCO Sisu Power de 620 DS de 200cv e rotação nominal de 2.200rpm, com versão standard 4x4, mas como opcional pode ser montada com eixo 4x2

do conjunto sem precisar do uso de chaves ou parada de máquina.

SISTEMA DE SEPARAÇÃOA área de separação da BC 4500 R é de

5,25m² e com cinco saca-palhas de fundo aberto. Esta área de separação, somada à alta inclinação do primeiro degrau do saca-palhas, permite reduzir a velocidade do avanço do material, aumentando o tempo de perma-nência sobre os mesmos, permitindo uma melhor separação dos grãos da palha. O saca-palhas conta ainda com levantadores longos exclusivamente desenvolvidos para aplicação no arroz. O bandejão de recolhimento, loca-lizado sob os saca-palhas e com movimento alternado e independente, proporciona uma distribuição uniforme dos grãos por toda sua extensão, melhorando, assim, o trabalho de separação do grão da palha no momento da limpeza.

SISTEMA DE LIMPEZAA eficiência do sistema de limpeza da

Colheitadeira Valtra BC 4500 R é caracteri-zada pela capacidade de separação da palha do grão. O movimento oscilante da bandeja principal permite uma entrega uniforme e igual do material às peneiras, proporcionando um melhor aproveitamento dos 3,84m² da sua área total.

O conjunto de limpeza da BC 4500 R é bipartido, ou seja, o trabalho de cada ven-

tilador é individual, pressurizado indepen-dentemente cada lado da caixa de peneiras. Com isto não há a mistura de fluxo de ar, fuga de pressão ou formação de vórtices que prejudicam a separação dos grãos do palhiço. Estes ventiladores, do tipo axial, têm velo-cidade fixa de 1.760rpm cada e estão dis-postos verticalmente na entrada da caixa de peneiras. A regulagem do fluxo de ar é feita através de abertura e fechamento da entrada de ar, via comando elétrico, com indicação de abertura no monitor HiVision.

As peneiras, por serem bipartidas, facili-tam a sua retirada e a sua instalação, trazendo uma maior agilidade nas operações de limpeza e/ou de manutenção.

SISTEMA DE RETRILHAA retrilha da Colheitadeira BC 4500 R

é do tipo independente, composta por dois rotores com elementos de trilha localizados nas laterais da máquina. Estes elementos de trilha podem ser montados conforme a agressividade de trilha desejada, liso menos agressivo ou dentado, mais agressivo. Este sistema assegura a completa separação dos grãos e uma maior capacidade de trilha efe-tiva, pois não existe retorno de material não trilhado ao cilindro para ser reprocessado. Todo o sistema de retrilha possui materiais resistentes à abrasão, por exemplo, os sem-fins possuem tratamento superficial para uma maior dureza.

O canal alimentador utiliza uma esteira composta por 3correntes e 2 filas de travessas bipartidas desencontradas

A área de separação da BC 4500 R é de 5,25m² e com cinco saca-palhas de fundo aberto

O movimento oscilante da bandeja no sistema de limpeza permite distribuição uniforme nas peneiras

Page 24: Maquinas 123

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br24

O sistema de controle eletrônico da BC 4500 R é composto por três módulos que realizam o controle e o gerenciamento das funções da plataforma de corte, do canal alimentador, do cilindro de trilha, do ventilador, dos sensores e, quando disponível, do picador de palhas, da carga e da descarga

Os novos modelos da Axial-Flow terão cabine escolhida pelos produtores como a melhor entre as colhedoras

TRANSPORTE, ARMAZENAGEM E DESCARGAO tanque de grãos tem capacidade de

5.200 litros e a vazão do tubo de descarga de é de 60L/s, o que minimiza consideravelmente o tempo de máquina parada para descarga e consequentemente aumenta a produtividade e o desempenho da colheitadeira no campo. O tubo tipo torre, com altura aproximada de 4.500mm, permite a descarga de grãos em qualquer posição e facilita a operação estática ou em movimento.

Um sensor de tanque cheio alerta o operador da necessidade de descarga, com o objetivo de evitar a perda acidental de grãos. Os materiais empregados no elevador de grãos e nos sem-fins de transporte também possuem proteção contra a abrasão (chapas) e tratamento térmico (sem-fins), para con-ferir maior vida útil ao conjunto.

SISTEMA ELETRÔNICO E CABINEO sistema de controle eletrônico da Co-

lheitadeira Valtra BC 4500 R utiliza o que se tem de mais moderno hoje em termos de aplicação agrícola. Este sistema é composto por três módulos, localizados em pontos estratégicos da colheitadeira, que realizam o controle e o gerenciamento das funções da plataforma de corte, o canal alimentador, do cilindro de trilha, do ventilador, dos sensores e quando disponível, do picador de palhas, da carga e descarga, entre outros.

A cabine é central e oferece confor-to operacional durante a longa jornada diária de trabalho, que é proporcionado pela montagem da mesma sob coxins de borracha, do ar-condicionado e do muito bom isolamento termo-acústico. Contribui para isto, também, os controles e a alavan-ca multifunções integrados ao assento do operador e ampla área envidraçada sem pontos cegos para um controle durante a

Detalhe da construção do eixo traseiro na versão 4x4

operação de colheita.O sistema de iluminação é composto por

seis faróis de trabalho e dois de transporte com grande capacidade de iluminação, permitindo prosseguir com o trabalho noite adentro e total segurança. A alavanca multi-funções da colheitadeira BC 4500 traz uma série de controles integrados para facilitar a operação diária de colheita. A alavanca mul-tifunções é responsável pelo deslocamento da máquina e pelos controles da plataforma, além de também efetuar a abertura e o fe-chamento do tubo descarregador.

O monitor HiVision, que centraliza todas as informações funcionais da colhei-tadeira, é um terminal colorido, de fácil navegação, visualização e integração com o operador, que permite realizar todo o monitoramento e controle do motor, siste-ma hidráulico, rotação dos eixos, perda de grãos, além de armazenar dados históricos da máquina e da colheita.

Visão traseira da BC 4500 R, onde também é possível instalar o picador de palhas

O tanque de grãos tem capacidade de 5.200 litros e a vazão do tubo de descarga é de 60L/s

.M

Fotos Valtra

Page 25: Maquinas 123

EMprESAS

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br 25

Nova fábricaTuper inaugura sua oitava fábrica e investe forte nos segmentos de óleo e gás

A Tuper, empresa do segmento de tubos e perfis de aço para os setores de energia, construção, química e

petroquímica, passou a atuar também no seg-mento de óleo e gás. A empresa inaugurou sua fábrica em São Bento do Sul (SC) e esta nova planta representa a oitava unidade de negócios da Tuper, que contou com o investimento total de R$ 198 mi, 54% dos investimentos realiza-dos nos últimos dois anos pela empresa.

As novas instalações, que possuem 34.500m², terão capacidade para produzir 180 mil toneladas de aço por ano, com destaque para os tubos de aço carbono para aplicações estruturais e de condução, com diâmetros de até 133/8 polegadas e espessuras que variam de 3mm até 16mm, utilizados no transporte

de óleo, minerais, gases, combustíveis e outros. Também serão fabricados tubos casing, que são usados para revestimento de poços de petróleo e tubos estruturais para construção civil em geral, sucroenergética, indústria naval, rodoviária, telecomunicações e de grandes construções de infraestrutura.

Esta unidade é a segunda fábrica da Tuper em Santa Catarina, estando a outra localizada em Xanxeré. De acordo com o presidente e CEO da empresa, Frank Bollmann, a nova planta trará a empresa uma ampliação de mais de 260% em sua capacidade de produção, com a perspectiva de alcançar 480 mil toneladas de aço. Com essa nova planta, a empresa também con-tribuirá com o avanço de São Bento do Sul,

visto que a Tuper representa ¼ da economia da cidade, segundo o presidente.

Além da entrada no segmento de óleo e gás, a Tuper também é focada na área agrícola. Segundo o diretor de Unidades de Negócios, Tubos e Tuper Óleo e Gás, James Mauro Fuck, este mercado representa 8% para a empresa e tem como foco o desenvolvimento de silos, obras e também em implementos nas rodovias para transporte desses materiais.

Atualmente, a Tuper é uma empresa de ca-pital 100% nacional e que já exporta para mais de cinco países da América Latina, América do Norte e África e conforme destaca o diretor de Comércio Exterior da Tuper, Ismar Wajchen-berg, esta movimentação já representa hoje 3% do faturamento da empresa.

Além do segmento de óleo e gás, a empresa é focada no segmento agrícola, com desenvolvimento de silos

Para Frank Bollmann, presidente e CEO da Tuper, a nova planta trará à empresa ampliação de mais de 260% na sua capacidade produtiva

.M

Nova fábricaTuper inaugura sua oitava fábrica e investe forte nos segmentos de óleo e gás

Fotos Carolina Silveira

Page 26: Maquinas 123

pUlVErIZAdOr

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br26

Proteção necessáriaO uso de Equipamento de Proteção Individual é obrigatório em operações de

pulverização. Para garantir a proteção é importante ter alguns cuidados no momento de vestir, durante a aplicação e na hora de retirar o EPI

A aplicação de defensivos agrícolas é uma atividade multidisciplinar que engloba diversos ramos do

conhecimento. A correta seleção do pul-verizador e do agroquímico, aliada a uma boa regulagem e calibração, é de grande importância para se conseguir sucesso na aplicação. Além destes fatores, deve-se atentar à saúde do operador, reduzindo-se ao máximo os riscos de intoxicação, sendo imprescindível o uso do equipamento de proteção individual (EPI).

O uso de EPI é uma exigência da legis-lação brasileira e o não cumprimento tanto por parte do empregador como do emprega-do pode acarretar ações trabalhistas e pena-lidades. A legislação trabalhista prevê como obrigação do empregador: fornecer os EPIs adequados ao trabalho; instruir e treinar quanto ao uso dos EPIs; fiscalizar e exigir o uso dos EPIs e repor os danificados.

Em contrapartida, é obrigação do traba-lhador: usar e conservar os EPIs; comunicar ao empregador qualquer irregularidade que torne o EPI impróprio para o uso e cumprir as determinações do empregador sobre o

uso adequado.Basicamente, o EPI é composto por

luvas, respiradores, viseira facial, jaleco, calça, boné ou touca árabe e avental. Di-versas marcas de EPI estão disponíveis no mercado, no entanto, deve-se escolher um EPI devidamente testado e aprovado pelo órgão competente, ou seja, que possua o certificado de aprovação (CA). O certificado de aprovação é constituído por um número

que deverá estar legível na etiqueta do pro-duto atestando sua qualidade. Na escolha do EPI, deve-se atentar ao tamanho do mesmo e que seja compatível ao operador.

Além da correta seleção do EPI, este deve ser colocado sobre roupa comum e deverá ser vestido e retirado de forma correta.

O EPI deve ser colocado seguindo-se a ordem: calça e jaleco, botas, avental imper-meável, respirador, viseira facial, touca árabe e, finalmente, as luvas.

A calça do EPI deve estar para fora do cano das botas, a fim de impedir o escorrimento do defensivo para o interior do calçado

Vestimenta completa para aplicação de produtos fitossanitários

Jact

o

Foto

s Ro

bson

Shi

guea

ki S

asak

i

Page 27: Maquinas 123

Ordem para vestir o EPI1 – Calça e jaleco

2 – Botas3 – Avental impermeável

4 – Respirador 5 – Viseira facial 6 – Touca árabe

7 – Luvas

Ordem para retirar o EPI1 - Boné árabe2 - Viseira facial

3 - Avental impermeável4 - Jaleco5 - Botas6 - Calça7 - Luvas

8 - Respirador

No momento de se colocar o EPI, devem-se seguir os passos acima e atentar a alguns cuidados especiais.

Ao se colocar o jaleco este deve estar sobre a calça e devidamente ajustado. A calça do EPI deve estar para fora do cano das botas, a fim de impedir o escorrimento do agroquímico para o interior do calçado.

No momento de se colocar o avental impermeável, durante o preparo da calda este deve ser colocado na parte frontal do operador, já no momento da pulverização, ao se trabalhar com um equipamento costal, o avental deverá estar nas costas do operador.

Ao colocar o respirador atente para os elásticos, fixando-os corretamente ao rosto do operador, evitando-se assim um possível desconforto. A viseira facial deve ser colo-cada um pouco afastada do rosto para evitar que vapores da respiração a embacem. O boné árabe deve ser ajustado sobre a viseira facial, assegurando-se que toda a face esteja protegida.

Ao se colocar as luvas, atente para que o produto aplicado não escorra para dentro da manga do jaleco do operador. Devem ser usadas para dentro das mangas do jaleco

quando o alvo de aplicação está abaixo da linha do ombro (ex: culturas anuais) e de-vem ser usadas para fora quando o alvo está acima do ombro (ex: plantas arbóreas).

Também é importante lembrar que os componentes e passos descritos acima são generalizados, podendo sofrer variações de acordo com o trabalho. Em caso de dúvidas, o operador deve recorrer à pessoa responsá-vel. Uma vez realizada a operação de pulve-rização, o operador deve retirar o EPI. Este é o momento em que também pode ocorrer contaminação, uma vez que toda a superfície do EPI pode estar contaminada.

Desta forma, devem-se seguir os passos corretos de retirada do EPI: boné árabe, viseira facial, avental impermeável, jaleco, botas, calça, luvas, respirador. O EPI deve ser retirado de tal forma que o operador não entre em contato com a superfície contami-nada com o defensivo.

Posteriormente ao uso, os EPIs devem ser higienizados de acordo com as recomen-dações do fabricante. Na maioria das vezes não se recomenda o uso de alvejantes e nem deixar de molho o EPI. Recomenda-se que os EPIs sejam lavados com sabão neutro e em água corrente. Vale ressaltar que, no mo-

No preparo da calda o avental deve ser colocado na parte frontal; já no momento da pulverização com equipamento costal, o avental deverá estar nas costas do operador

Ao colocar o respirador os elásticos devem ser fixados corretamente ao rosto do operador evitando-se assim um possível desconforto

As luvas devem ser colocadas de acordo com a operação: para dentro do jaleco quando o alvo de aplicação está abaixo da linha do ombro e para fora quando o alvo está acima

mento da higienização, todo o material está contaminado, sendo assim imprescindível o uso de luvas neste momento.

Quando são confeccionados em tecido de algodão tratado, para tornarem-se hidror-repelentes, devem ser passados a ferro. Por final, deve-se atentar para a durabilidade das vestimentas, que é informada pelos fa-bricantes. No momento do descarte, os EPIs devem ser lavados e rasgados, evitando-se assim sua reutilização.

Robson Shigueaki Sasaki,Mauri Martins Teixeira,André Luis da Silva Quirino,Christiam Felipe Silva Maciel eHumberto Santiago,UFV

.M

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br 27

Page 28: Maquinas 123

trAtOrES

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br28

Tráfego pesado

A mecanização praticada atualmente para a produção da cana envolve um tráfego

pesado de máquinas e equipamentos, o que causa

compactação do solo, um fator limitante à obtenção de maior produtividade agrícola

A exploração dos solos potencializa a sua degradação de diversas formas, sendo uma delas a compactação,

causada por máquinas e implementos agrícolas. O tráfego de máquinas resulta em significativas alterações nas propriedades físicas do solo, sendo evidenciado o aumento da densidade e da resistência do solo à penetração.

A compactação do solo é o resultado do rearranjo das partículas do solo submetidas a forças, originando aumento na sua densidade pela diminuição do seu volume para uma massa de partículas constante.

A compactação do solo é um dos principais fatores de limitação ao crescimento radicular de plantas cultivadas em solos que variam de franco arenosos a franco argilosos. Nesta ampla faixa, encontra-se a maioria dos solos tropicais altamente intemperizados, enquadrando-se grande parte dos solos brasileiros.

A severidade da compactação depende da magnitude e da natureza da força compactante, do teor de água no solo no momento da aplica-ção da força, da textura, da densidade inicial do solo e da quantidade de matéria orgânica incor-porada no solo e em cobertura. A preferência em utilizar penetrômetros para determinar o nível de compactação do solo está na sua praticidade e rapidez na obtenção dos resultados

Um grupo de pesquisadores da Unesp realizou trabalho com o objetivo de avaliar a degradação física do solo em relação à sequência anual de produção da cultura de cana-de-açúcar (duas safras subsequentes) em diferentes tipos de solo (arenoso e argiloso) e em diferentes espaçamentos de plantio (1,10m e 1,40m), verificando se a compactação ocorre somente nos espaçamentos reservados ao tráfego ou atinge a linha de plantio. Para isso, foi avaliada resistência do solo à penetração nas entre linhas e linhas da cultura da cana-de-açúcar, nas faixas de profundidade: 0-10cm, 10-20cm, 20-30cm, 30-40cm e 40-50cm.

Para a obtenção da resistência à penetra-ção do solo foi utilizada a Unidade Móvel de Amostragem do Solo (Umas), desenvolvida pelo Nempa, Núcleo de Ensaios de Máquinas e Pneus Agroflorestais do Departamento de Engenheira Rural, da FCA/Unesp, Campus

Tráfego pesado

A mecanização praticada atualmente para a produção da cana envolve um tráfego

pesado de máquinas e equipamentos, o que causa

compactação do solo, um fator limitante à obtenção de maior produtividade agrícola

Coleta dos dados de resistência do solo à penetração e sistema de aquisição dos dados

Page 29: Maquinas 123

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br 29

de Botucatu (SP).A Unidade Móvel de Amostragem do Solo

é uma carreta fechada, do tipo trailer, de um eixo, que pode ser transportada em rodovias, rebocada por carros e caminhonetes, utilizando o engate universal, para o deslocamento entre a Universidade e as propriedades agrícolas e, quando da execução de trabalhos no campo, deve ser tracionada por um trator agrícola com engate na barra de tração e com sistema de acionamento hidráulico para movimentação dos órgãos de acionamento dos equipamentos instalados na carreta.

Foram instalados dois equipamentos na unidade móvel: um penetrômetro hidráulico-eletrônico, utilizado para determinar a resis-tência do solo à penetração, e um amostrador hidráulico-mecânico de amostras indeformadas do solo, confinadas em anéis padrões. A uni-dade móvel foi equipada com um sistema para localização geográfica (GPS Ag 132 – Trimble), com sinal de correção DGPS (Omnistar) possibilitando o georreferenciamento das amostras.

O primeiro equipamento foi acionado e movimentado por um pistão e válvulas hidráu-licos, equipado com um sistema eletrônico de aquisição de dados Micrologger 23X – Camp-bell Cientific, onde ficam registrados os valores de força, obtidos através de uma célula de carga com capacidade de 2.000kg, quando da penetração no solo do cone normalizado, Asae S313.2 (1999), e os dados correspondentes à sua profundidade de penetração, gerados por um potenciômetro. Com a transferência dos dados armazenados no Micrologger para um computador torna-se possível a geração de gráficos de resistência mecânica à penetração do solo e a geração de mapas de isocompactação do solo.

No segundo equipamento utilizou-se de motores e válvulas hidráulicas que acionam dois tubos concêntricos para a penetração no solo. O tubo externo, além do movimento de translação para cravar no solo, possui também o movimento de rotação e é equipado com uma rosca sem-fim de duas entradas. O tubo interno, onde estão instalados os anéis para amostragem indeformada do solo, apresenta somente o mo-

Unidade Móvel de Amostragem do Solo, utilizada para a obtenção da resistência à penetração do solo

vimento de translação e está sincronizado com o movimento do tubo externo. O mecanismo de transmissão dos movimentos do motor para os tubos é realizado por rodas dentadas e um sistema de corrente, sendo a inserção e a retirada do anel amostrador no tubo interno realizadas de forma manual, através de abertura de uma janela no tubo.

Foram coletadas quatro amostras de resis-tência à penetração nas entre linhas da cultura de cana-de-açúcar e três amostras na linha da cultura por ponto da grade amostral adotada de 30 x 50m, nas faixas de profundidade: 0-10cm, 10-20cm, 20-30cm, 30-40cm e 40-50cm.

COMPACTAÇÃO DO SOLO DOIS TIPOS DE SOLOSA amostragem da resistência à penetração e

a densidade do solo foram realizadas em áreas produtivas de cana-de-açúcar localizadas no in-terior do estado de São Paulo próximo à cidade de Lençóis Paulista, em dois diferentes tipos de solo que foram classificados como Latossolo Amarelo I, denominado de Área 1 (13,3ha), e Latossolo Vermelho Férrico, denominado de Área 2 (10ha).

As áreas 1 e 2 foram colhidas no primeiro ciclo da cultura no ano de 2010 de forma ma-nual, que tinham um espaçamento de 1,50m, eram compostas pelas variedades RB867515 e SP81-3250, respectivamente, e apresentavam

Micrologger CR23X que faz parte do sistema de aquisição de dados

uma produtividade próxima de 125t/ha. Na se-gunda safra da cultura, em 2011, as áreas foram colhidas de forma mecanizada e suas respectivas produtividades foram de aproximadamente 100 e 105t/ha, respectivamente.

Os dados de teor de água e densidade do solo foram coletados na linha de plantio da cul-tura de cana-de-açúcar, em duas profundidades (0–20cm e 20 a 40cm) com oito repetições cada, sendo que os valores médios estão descritos na Tabela 1.

As áreas 1 e 2 apresentaram acréscimo significativo nos valores de resistência do solo à penetração do primeiro em relação ao segundo ciclo da cultura de cana-de-açúcar somente nas entre linhas da cultura, nas camadas de 0cm a 10cm, 10cm a 20cm, 20cm a 30cm e 30cm a 40cm (área 1) e nas camadas de 0cm a 10cm e 10cm a 20cm (área 2), evidenciando que o tráfego de máquinas nos dois tipos de solo em

Detalhe do processo de amostragem do solo, com o amostrador hidráulico

O amostrador hidráulico facilita a retirada das parcelas de solo que serão analisadas posteriormente

Fotos Fabricio Masiero

Page 30: Maquinas 123

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br30

Figura 1 - Exemplo de curvas da distribuição granulométrica de três amostras de areia com diferentes granulometrias

Solos de lavouras canavieiras sofrem constante pressão por conta do pesado tráfego de máquinas, o que acentua ainda mais a compactação

Tabela 1 - Valores médios de densidade do solo e teor de água nos diferentes tipos de solo e subsequentes ciclos da cultura de cana-de-açúcar

Área / Profundidade

ÁREA 1 (0 a 20 cm)ÁREA 1 (20 a 40cm)ÁREA 2 (0 a 20 cm)ÁREA 2 (20 a 40cm)

1 Ciclo8,78,315,315,7

2 Ciclo5,66,415,717,5

Teor de água (%)1 Ciclo

1,61,751,521,63

2 Ciclo1,561,731,5

1,63

Teor de água (%)

Tabela 2 - Valores médios de índice de cone (MPa) nos di-ferentes tipos de solos, nos ciclos, linhas e entre linhas da cultura de cana-de-açúcar em relação à profundidade

Área

1

2

Ciclo da cultura

1 (2010)

2 (2011)

1 (2010)

2 (2011)

Local das amostrasEntre linha

LinhaEntre linha

LinhaEntre linha

LinhaEntre linha

Linha

Profundidade (cm)0 – 100,72 a0,69 a0,67 b0,38 a1,41 a1,22 a2,07 b1,10 a

10 - 201,89 a1,80 a2,87 b1,67 a2,55 b2,14 a3,11 b2,19 a

20 - 302,70 a2,54 a3,92 b2,71 a2,20 a1,96 a2,84 a2,76 a

30 - 402,83 a2,80 a3,61 b3,08 a1,84 a1,83 a2,88 a2,98 a

40 - 502,86 a2,90 a3,20 a3,05 a2,25 a2,08 a4,14 a4,30 a

* Letras diferentes na coluna, diferem entre si pelo Teste de Tukey a 10% de significância.

Tabela 3 - Valores médios de densidade do solo e teor de água nos diferentes espaçamentos e subsequentes ciclos da cultura de cana-de-açúcar

Área / Profundidade

ÁREA A (0 a 20 cm)ÁREA A (20 a 40 cm)ÁREA B (0 a 20 cm)ÁREA B (20 a 40 cm)

1 Ciclo9856

2 Ciclo6777

Teor de água (%)1 Ciclo1,681,731,581,74

2 Ciclo1,631,761,551,73

Densidade (g.cm3)

Tabela 4 - Valores médios de índice de cone (MPa) nas dife-rentes áreas, nos diferentes ciclos em relação à profundidade, linhas e entre linhas da cultura de cana-de-açúcar

Entre linhaLinha

Área B

Entre linhaLinha

0-101,35 a2,04 b1,4 a1,64 a

0-10 1,62 a2,08 b1,13 a1,1 a

10-20 2,72 a4,18 b2,85 a3,65 b

10-20 4,46 a4,02 a3,25 a2,91 a

20-30 3,62 a4,82 b3,55 a4,5 b

20-30 4,44 a4,48 a4,43 a5,15 b

30-40 3,84 a3,99 a3,79 a3,92 a

30-404,02 a4,38 a4,63 a5,26 b

40-50 3,46 a3,48 a3,46 a3,45 a

40-503,46 a3,68 a3,85 a3,98 a

* Letras diferentes na coluna, diferem entre si pelo Teste de Tukey a 10% de significância.

Ciclo da cultura1 (2010)2 (2011)1 (2010)2 (2011)

Ciclo da cultura

1 (2010)2 (2011)1 (2010)2 (2011)

Área A

Área B

Profundidade (cm)

Profundidade (cm)

um ciclo da cultura mecanizado foi significativo para o acréscimo da compactação apenas na entre linha da cultura (Tabela 2).

Conforme se observa na Figura 2, os valo-res de resistência do solo à penetração foram maiores no 2º ciclo da cultura, devido ao maior tráfego de máquinas somado na área. No solo de textura arenosa (área 1) o acréscimo (com-parativo do 1º com o 2º ciclo da cultura) na compactação do solo foi evidenciado na entre linha da cultura, área reservada ao tráfego de máquinas, com maior intensidade na camada de 20 a 30cm de profundidade, não afetando

a linha da cultura.No solo de textura argilosa (área 2) o

acréscimo da compactação do solo ocorreu em ambos pontos amostrados (entre linha e linha da cultura), evidenciado em todas as camadas da entre linha da cultura e em camadas mais profundas da linha de plantio (de 30 a 50cm), confirmado que neste tipo de solo a compac-tação resultante da área de tráfego “caminhou”

para a linha de plantio em profundidade.

EFEITOS DO TRÁFEGO DE MÁQUINAS EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS A amostragem da resistência à penetração e

densidade do solo foi realizada em áreas produ-tivas de cana-de-açúcar localizadas no interior do estado de São Paulo próximas à cidade de Lençóis Paulista, em um solo que foi classifi-cado como Latossolo Vermelho Férrico, sendo denominada área A com espaçamento de 1,10m entre linhas da cultura de cana-de-açúcar e área B com 1,40m de espaçamento, cada área possuía aproximadamente 10ha, sendo que a primeira colheita realizada de forma manual no ano de 2010 e a segunda colheita em 2011 rea-lizada de forma mecanizada. Os dados de teor de água e densidade do solo foram coletados na linha de plantio da cultura de cana-de-açúcar, com oito repetições cada, sendo que os valores médios estão descritos na Tabela 3.

Na área A, espaçamento de 1,10m entre li-nhas da cultura de cana-de-açúcar, os valores de resistência do solo à penetração apresentaram acréscimo do primeiro para o segundo ciclo da cultura na linha e entre linha da cultura e nas camadas de 10cm a 20cm e 20cm a 30cm e de 0cm a 10cm, 10cm a 20cm e 20cm a 30cm, respectivamente.

Fotos Fabricio Masiero

Page 31: Maquinas 123

Figura 2 - Resistência do solo à penetração (MPa) nas áreas, nas camadas, nos ciclos e nos diferentes locais amostrados. (Ciclo 1 EL = 1º ciclo na entre linha; Ciclo 1 L = 1º ciclo na linha; Ciclo 2 EL = 2º ciclo na entre linha; Ciclo 2 L = 2º ciclo na linha de plantio)

Fabrício C. Masiero,Kléber P. Lanças,Carlos R. G. Ramos,Gabriel A. Lyra,Indiamara Marasca eGustavo K. Montanha,FCA/Unesp/Botucatu

A área B apresentou menores valores de resistência à primeira penetração do solo nas entre linhas da cultura de forma geral, sendo somente a camada mais superficial (0cm a 10 cm) a mais afetada pelo tráfego, a linha da cultu-ra também apresentou acréscimo nos valores de resistência do solo à penetração nas camadas de

20cm a 30cm e 30cm a 40cm, evidenciando que o tráfego resultou em camadas compactadas também na linha de plantio nos dois tipos de espaçamento avaliados, porém na entre linha da cultura o espaçamento que apresentou maiores valores referentes à compactação do solo foi o de 1,10m. .M

Page 32: Maquinas 123

EMprESAS

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br32

MeioA Agrale comemora os seus 50 de tratores no Brasil, presença

unidades fabril e plana par participação nos diverso

Para a Agrale, o mês de outubro foi marcado pelas comemora-ções dos 50 anos da empresa,

que hoje, depois de meio século, possui quatro unidades fabris, 130 concessio-nárias no Brasil e está presente em mais de 15 países.

A empresa, que começou suas ati-vidades em 1962 na cidade de Porto Alegre, chega em 2012 com um fatura-mento que superará pela primeira vez

a casa de R$ 1 bilhão. Para os diretores, o que manteve a empresa viva e forte neste meio século de história foram a capacidade de diversificar sua linha de produtos, o espírito empreendedor, que valoriza parcerias, e o crescimento com investimentos próprios, sem

financiamentos e endivida-mentos.

HISTÓRIAA h i s tó r i a da

Agrale co-meçou em 1962, em 14 de de-zembro, q u a n d o foi funda-da em Porto Alegre (RS) a Indústria Gaú-

cha de Implementos Agrícolas S.A. – Agrisa, com o objetivo de produzir motocultivadores a diesel. Em 1965, o Grupo Francisco Stedile adquiriu o controle acionário da Agrisa, transferiu as atividades para Caxias do Sul (RS) e

alterou a denominação para Agrale S.A Tratores e Motores. “A vinda para Caxias do Sul, um centro empresarial ativo e com grande tra-dição em pioneirismo, fez com que a empresa crescesse rapidamente”, explica o atual diretor-presidente, Hugo Zattera. Em 1968, ocorreu o lançamento do primeiro trator de quatro rodas, o microtrator Agrale T 415, seguido dos modelos 416 e 420. O 420 deu origem ao modelo 4100 nas séries seguintes, sendo produzido até os dias de hoje com diversas alterações e que é líder

em sua classe. Ainda na área de tratores, em 1988 a Agrale firmou acordo com a empresa alemã Deutz, que também está presente na Argentina, e deu início à fabricação de tratores pesados deno-minados Agrale Deutz, no Brasil, e de caminhões Deutz Agrale, na Argentina. A família de tratores cresceu ainda mais quando, em 1997, foi lançada a linha

de tratores médios – atual linha 5000 -, em parceria com a fabricante europeia de tratores e motores Zetor, e em 2006 a empresa foi pioneira no lançamento de trator a admitir o uso de biodiesel no Brasil. Hoje a empresa possui tratores para pequenos, médios e grandes produ-tores, com as linhas 4000, 5000 e 6000, oferecendo uma gama de potência que vai dos 15cv até os 168cv.

A história, que começou com a produ-ção de tratores, tomou um novo rumo a partir da década de 1990, quando o setor agrícola enfrentou uma grande crise, o que obrigou a empresa a se reestruturar e iniciar um novo ciclo. A partir daí a Agra-le decidiu investir em nichos de mercado e a primeira ação foi produzir chassis para micro-ônibus, num momento em que os chassis para ônibus eram os mesmos dos caminhões, só que adaptados. “Foi um sucesso, porque passamos a oferecer um chassi especialmente projetado, com tudo no lugar certo, sem necessidade de rebaixar suspensão ou adaptar o posto do motorista, por exemplo”, explica Zattera. Hoje, a Agrale é líder de mercado no seg-mento de chassis para micro-ônibus, mas

Page 33: Maquinas 123

Fotos Agrale

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br 33

também evoluiu para chassis na linha de ônibus médios de 15 toneladas e há três anos apresentou ao mercado o ônibus híbrido, diesel/elétrico “Agrale Híbridus”, que proporciona uma economia de até 30% em consumo de combustível e, em consequência, na redução da emissão de poluentes.

No segmento de caminhões, o início das operações ocorreu em 1982, quando a Agrale colocou no mercado o TX 1100, precursor da atual família de veículos Agrale que até o momento ultrapassa 90 mil unidades vendidas. Em 1998 ocorreu o início de montagem dos caminhões médios e pesados “International” no Brasil, fruto de um acordo de montagem com a empresa norte-americana Navis-tar, destinados ao mercado brasileiro e à exportação, parceria que continua até hoje. Em 2007, a empresa lançou o ca-minhão 13.000, marcando a entrada no segmento de médios, com chassi de 15 toneladas. Em 2011 foram antecipados os lançamentos de 2012, com a entrada de caminhões com motorização Euro V, que também passaram a equipar os chassis de ônibus e utilitários Agrale Marruá. Ainda

para este ano, a empresa espera lançar o chassi para caminhões de 17 toneladas.

Um capítulo à parte nesta evolução da empresa são os utilitários Agrale Marruá 4x4, que foram especialmente projetados para uso das Forças Armadas e de segu-rança. Estes veículos foram planejados para enfrentar diversos tipos de terrenos e estão disponíveis nas versões de ½ tonelada e ¾ tonelada, em versões de ambulância, reconhe-cimento, transporte de tropas, guerra eletrônica e comando e controle de operações. “Por este motivo, possuem características

únicas, entre as quais a robustez do trem de força, o amplo curso da suspensão e a resistência do conjunto, que juntos garantem o desempenho desejado nas operações

militares, expli-ca o diretor de Ven-das, Flavio Alberto

Crosa.Além do

uso militar, o utilitário M a r r u á tam-

b é m possui

versões para uso na área civil, em serviços como mineração, reflo-restamento, manutenção de redes, saneamento, segurança pública e combate a incêndios. Estes uti-litários também são derivados do projeto militar, o que lhes confere características de robustez e força e durabilidade. Este ano, a Agrale apresentou na Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvol-vimento Sustentável – Rio + 20, o modelo Marruá Elétrico, um projeto desenvolvido em conjunto com a Itaipu Binacional e a Stola do Brasil.

A Agrale chega aos seus 50 anos com quatro unidades fabris, construídas e modernizadas ao longo da história. A primeira ampliação ocorreu em 1975, quando a empresa inaugu-rou a própria fábrica em Caxias do Sul, denominada Fábrica 1, onde atualmente funciona o centro administrativo, unidade montadora de tratores e produtora de compo-nentes que também são utilizados nas demais unidades. Em 1985 foi inaugurada a Fábrica 2 para mon-tagem de veículos, onde atualmente existem as linhas de montagem de

século anos com 130 concessionárias em mais de 15 países, quatroa ampliar ainda mais suas segmentos de atuação

Page 34: Maquinas 123

Outubro 2012 • www.revistacultivar.com.br34

caminhões leves e médios, chassis para micro-ônibus, midibus, dos utilitários Marruá e linha de caminhões Interna-tional, além de funcionar também como centro de treinamentos.

A Fábrica 3, também em Caxias do Sul, foi inaugurada em 1990 para fabricação de cabines e componentes. Em 2008 a Agrale iniciou o processo de internacionalização da empresa e inaugu-rou uma fábrica em Mercedes, província de Buenos Aires, na Argentina, para

Como parte das comemorações dos 50 anos da empresa, jornalistas e clientes especiais participaramde visita às fábricas de Caxias do Sul, onde foram apresentados os projetos para os próximos anos

Diretores atuais: Flávio Alberto Crosa, Pedro Soares do Nascimento Junior, Ércio Lutkemeyer, Rogério Vacari, Edson Ares Sixto Martins e Hugo Domingos Zattera

montagem de veículos Agrale e centro de distribuição de peças e reposição.

Para Hugo Zattera, o sucesso da em-presa nestes 50 anos está profundamente ligado à capacidade de perceber nichos e consolidar parcerias estratégicas. “Somos sobreviventes de um país com sistema turbulento nestes 50 anos, o que sem-pre aumentou o desafio de manter uma empresa lucrativa”, garante. Também o fato de apostarmos em várias frentes em diferentes setores foi fundamental para

que a empresa mantivesse o equilíbrio financeiro em momentos de crise, explica Zattera.

A Agrale continua evoluindo e pre-tende inaugurar uma ampliação de seis mil metros quadrados na Fábrica 2 e 1,5 mil metros quadrados na Fábrica 3, que juntas somam um investimento de R$ 10 milhões. Atualmente, são empregados mais de dois mil funcionários, número que deverá ser ampliado nos próximos meses.

O veículo projetado especialmente para uso das Forças Armadas, Agrale Marruá, é um exemplo da aposta da empresa em nichos de mercado

.M

Page 35: Maquinas 123
Page 36: Maquinas 123